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A R E T H A

Eu termino o último cacho de meu cabelo e suspiro satisfeita com minha imagem.

Escolhi uma calça jeans wide de lavagem clara e uma t-shirt branca simples. Fiz uma maquiagem leve e clara, com gloss e o azul de meus olhos levemente destacados por um marrom. Pego meu celular e vejo uma mensagem de Rafael mandando avisar quando estivermos indo, para liberar a entrada na portaria.

Saio de meu quarto depois de calçar um tênis branco e perfume, logo descendo para esperar meus pais. Vejo no hall, Alice olhando para o lado de fora pela parede de vidro. Suspiro e me aproximo.

Toco o braço de Alice e encosto minha cabeça em seu ombro.

--- Não Aretha, não. --- Ela desvia e eu franzo o cenho, ela me encara e suspira. --- Desculpa.

--- Não precisa ficar na defensiva comigo.

--- Você é a melhor amiga dele Aretha. Não é como se eu fosse desabafar minha indignação com você.

Eu a encaro indignada.

--- Você tá falando sério? Antes de ser melhor amiga dele, eu sou sua irmã, sua gêmea! Que porra Alice.

Ela bufa e passa as mãos no cabelo liso e solto, eu vejo a agonia de minha irmã.

--- Eu tô vendo que você tá chateada, não precisa esconder isso de mim.

--- Eu não tô chateada Aretha. Eu tô puta! --- Ela desabafa andando de um lado pro outro.

Assinto dando espaço pra ela falar.

--- Eu tô me sentindo uma completa imbecil em achar que Luan Valdez poderia querer mais que só uns pegas comigo. Ele nunca vai me ver mais que só a sua irmã e parte da turma, ele tem medo do que pode acontecer se nos...

Ela suspira cansada e me sinto péssima. Tenho vontade de defender Luan como meu amigo, mas é indefensável.

--- Esse acordo de vocês, apesar de parecer com o que eu tive com o Rafa, são em circunstâncias bem diferentes.

Minha irmã me olha e eu suspiro caminhando até ela.

--- Eu e o Rafa não estávamos a fim de um relacionamento, implicamos um com o outro e demorou até gostarmos um do outro. Já você, sempre gostou dele, e ele sabe disso; sabe que você quer namorar, que se ele pedisse, você aceitaria na hora. O acordo até parece bom, mas é uma receita pro desastre.

--- Obrigada pela ajuda. --- Ela diz com uma ironia amarga.

Eu tô sentindo que sai de meu problema com Rafael, para encarar Luan e Alice agora.

--- E o que acontece agora? --- Pergunto sutil.

--- Agora que acabou a palhaçada. --- Ela diz firme e respira fundo. --- Eu não sei como pude me deixar levar por essa fantasia ridícula, tava bom demais para ser verdade. Mas acabou, Luan e eu voltaremos a ser como éramos, e eu vou ficar bem.

Minha irmã faz todo esse monólogo firme e me encara, eu ergo a sobrancelha e ela suspira.

--- Eu vou ficar bem. --- Afirma e passa por mim passando a mão no cabelo.

Ação que costuma fazer quando quer se sentir bem, mesmo não estando.

Eu decido deixar isso pra outra hora e volto para a entrada, no mesmo momento, meu pai desce abotoando a camisa de punho e minha mãe carregando uma bolsa.

--- Vocês estão bem. --- Alice zoa. --- Para quem vai ter um jantar constrangedor na casa do cunhado.

Meu pai faz uma careta e volta o olhar pra mim.

Gêmeas MarrentasOnde histórias criam vida. Descubra agora