Gêmeas Marrentas

7

A R E T H A

--- Aretha, Aretha. --- Sinto alguém chacoalhar.

Murmuro e levanto a cabeça, o que faz meus olhos arderem. Alguma coisa tá ressoando pelo quarto mas não consigo processar ainda.

Só enxergo Rafael deitado com a cabeça em minha barriga, ele me empurra de novo.

--- Seu celular tá tocando Aretha, atende por favor! --- Ele reclama.

Me situo e procuro meu celular, o achando na cômoda ao lado da cama.

"--- Alô." --- Digo nem tendo olhado quem é.

"--- Aretha, cadê você?"

"--- Alice? Oi, que foi?"

Me sento e coço meus olhos encarando a vista do quarto de Rafael. Ele com certeza esqueceu de fechar as persianas.

"--- Maninha, nós chegamos em casa às 08 da manhã, claro que não íamos ligar pra você vir pra casa. Mas caralho, já são duas da tarde, onde você tá?! Papai e mamãe vai começar a perguntar por você."

Merda! Duas da tarde?

"--- Ahm..." --- O que eu disse pra mamãe mesmo? "--- Tô na Larissa."

"--- Você hesitou, tá mentindo pra mim?"

"--- Não, eu acabei de acordar Alice."

"--- Onde você dormiu irmãzinha?"

Mordo meus lábios olhando para o loiro esparramado de bruços sobre a cama, suas costas largas estão lindas mesmo debaixo da blusa branca.

"--- No Rafael." --- Decido não mentir.

"--- Porra." --- Ela sopra e eu rio. "--- Vocês...?"

"--- Não!"

"--- Bom, acho melhor você se apressar, antes que algum de seus amigos brote aqui atrás de você."

"--- Quando tempo eu tenho até ficar suspeito?"

"--- Chega até às três e meia."

"--- Valeu maninha, me cobre aí."

"--- Chega logo. Tchau."

Desligo e jogo o celular sobre a cômoda novamente. Por sorte Rafael já saiu de cima de mim, não sei que horas ele costuma acordar, então melhor eu não mexer com ele.

Saio da cama e aprecio um pouco mais a vista espetacular. Não é um cenário paradisíaco de uma floresta ou uma montanha, é um típico enquadro urbano com prédios e avenidas movimentadas, mas ainda sim é linda.