35° Capítulo

6K 602 135
                                    

*Jungkook on*

—Onde ela está? — perguntei rápido assim que Ethan abriu a porta.

—No banho. — ele respondeu.

—Como ela está? — perguntei baixo.

—Mal... S/N está tentando não demostrar, está sendo forte, mas não é verdade, ela está destruída por dentro, sinto isso. — o mesmo respondeu.

—Levo ela para o hospital? — pedi.

—Não há necessidade, o desmaio foi por conta do trauma, ela não tem nada de errado fisicamente. - o garoto falou.

—Ok. — disse.

Me sentei no sofá, esperando S/N sair do banheiro, Ethan começou a vestir seu blazer e pegar a chave do carro.

—Onde você vai? — perguntei confuso.

—Embora... Diga a S/N que eu ligo para ela. — Ethan falou vindo até mim.

—Mas você a trouxe, deveria ficar. — falei rápido.

—Nós dois sabemos que não é comigo que ela quer estar agora. — o mesmo respondeu me encarando.

—Obrigado... Eu não sei o que teria feito se não estivesse lá. — disse estendendo minha mão.

—Cuide dela, não a force a falar, apenas fique ao lado dela. — ele respondeu apertando de leve minha mão.

—Obrigado. — disse mais uma vez.

Ethan assentiu, em seguida se despediu de Jae e foi embora, deixando nós dois em silêncio na sala. S/N ainda estava no banho, o apartamento está tão silencioso que podemos escutar o barulho do chuveiro.

Mamãe ligou para Jae, e a mesma teve que ir embora, mas prometeu que viria depois, ela estava tão preocupada com S/N quanto eu, mas nossa mãe precisava dela.

Tirei meus sapatos, o cinto, a gravata e o blazer, fiquei o mais confortável possível para esperar a garota. Minhas mãos começaram a arder, os cortes provocados pelos socos que dei em meu pai, começaram a doer.

Enquanto eu olhava meus dedos, senti meus olhos ficarem embaçados, as lágrimas começaram a descer sem dificuldade pelo meu rosto. Meu peito doía em saber que quase não pude impedir meu pai, que se não fosse Ethan, eu não teria ido até o banheiro.

A culpa começou a me corroer, era minha culpa o que estava acontecendo com S/N, e aquilo estava me sufocando. Alguns soluços saíam entre o choro, fechei meus olhos e apoiei minha cabeça em minhas mãos, tentando não fazer tanto barulho, para não assustar a garota.

—Jungkook? — escutei sua voz fraca.

Limpei meu rosto rápido e levantei minha cabeça, ela estava com um pijama, seus cabelos molhados e olhos vermelhos, iguais aos meus, pelo choro. Não imaginava o tanto que ela deve ter chorado dentro daquele banheiro. Eu queria correr em sua direção e abraça-la, mas me contive, S/N ainda poderia estar assustada.

—Eu posso ir embora se quiser. — disse ficando de pé.

Estava tentando o máximo controlar as lágrimas, olhei para baixo e reparei fundo. Escutei seus passos se aproximarem de mim e seus braços me agarrarem, tão forte que mal consegui respirar.

—Eu estou aqui. — susurrei a abraçando.

S/N chorou, suas lágrimas molharem minha camisa em questões de segundos. Não me controlei mais e acabei chorando novamente, junto dela, enquanto a apertava nos meus braços.

—Está segura agora... — disse.

—E-eu preciso de outro banho. — a garota falou baixo.

—O que acha de comer alguma coisa antes? — pedi.

S/N negou rapidamente com a cabeça.

—Eu sinto o cheiro do seu pai em meu corpo, sinto as mãos dele tocando minha cintura, sua boca em pescoço... — a mesma susurrou.

—Me desculpa... Me perdoa, por favor! — pedi um pouco desesperado.

—Me sinto suja... Estou com tanto nojo. — a garota disse entre soluços.

—Isso é tudo culpa minha. — falei fechando meus olhos.

_Não Jungkook... O que aconteceu não é sua culpa e nem minha, é toda do seu pai. — ela falou, um pouco mais firme.

—Mas se não fosse por mim, ele nunca teria te conhecido. — disse.

S/N nos separou, olhou em meus olhos e respirou fundo.

—Seu pai vai pagar pelo que fez, eu não me importo com o dinheiro da sua família, só quero que aquele monstro tenha o que merece. — S/N disse com um pouco de raiva.

—JungHee já chamou a polícia, meu pai vai ser preso, eu não irei deixar ele sair impune disso. — falei segurando seu rosto.

—Fica comigo? — a mesma pediu fraco.

—Claro meu amor... Eu não irei a lugar nenhum. — respondi a puxando para outro abraço.

Ficamos em silêncio por mais alguns minutos, S/N chorava, mas estava um pouco mais calma, eu não conseguia imaginar o que ela sentia naquele momento, mas eu daria todo apoio e suporte a mesma, só queria vê-la bem.

—Preciso de outro banho. — S/N falou quando me soltou.

—Vou fazer alguma coisa para você comer. — falei deixando um beijo delicado em sua testa.

—Eu não estou com fome... Apenas me espere na cama, pode ficar aqui até eu conseguir dormir? — a mesma pediu.

—Eu não vou sair daqui nem que você me expulse. — brinquei vendo um sorriso fraco nos lábios da garota.

—Fico mais tranquila com isso. — ela disse.

Fiquei encarando S/N ir até o banheiro, suspirei e caminhei para o quarto da mesma, arrumei a cama, liguei o ar-condicionado e um abajur. Depois, segui até a cozinha, preparei um chá e levei para o quarto. Esperei por mais alguns minutos e logo S/N entrou no quarto, com seus olhos vermelhos e nariz rosado.

Me levantei e a trouxe até a cadeira, fiz a garota se sentar e entreguei o chá. Enquanto ela tomava o líquido, em silêncio, peguei o secador e comecei a secar seus cabelos. Eu queria ajudá-la em tudo, o silêncio bastava, pois a única coisa que eu queria era estar perto dela e a proteger.

—Eu te amo... — S/N susurrou.

Já estávamos deitados em sua cama, a garota estava agarrada a minha camisa e sua cabeça em meu ombro, dei um beijo em sua testa e sorri, era bom ouvir aquilo, mesmo que o momento seja tão doloroso.

—Eu amo você, demais. — respondi.

—Pode cantar para mim? — ela pediu.

Lembrei da sua música favorita e comecei a cantarolar, S/N ficou em silêncio, o aperto da sua mão foi afrouxando. Continuei a cantar e enrolar seus fios em meus dedos até que ela estivesse dormindo profundamente.

Fiquei a encarando, me sentindo culpado. Seus olhos estavam um pouco inchados, sua mão agarrada ao meu corpo, notei que seus pulsos estavam vermelhos e que tinha algumas marcas vermelhas também em seu pescoço. A raiva por meu pai voltava a cada segundo.

—Me desculpa... — susurrei.

Fiz um carinho de leve em seu rosto, vendo S/N se mexer na cama e me agarrar ainda mais forte. Comecei a cantar de novo, bem baixinho, e em seguida, adormeci.

|| 𝚄𝙼 𝙽𝙰𝙼𝙾𝚁𝙾 𝚀𝚄𝙰𝚂𝙴 𝙿𝙴𝚁𝙵𝙴𝙸𝚃𝙾 || •JEON JUNGKOOK•Onde histórias criam vida. Descubra agora