2° Capítulo

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....

Assim que pisei na entrada do meu prédio, vejo senhora Nabi limpando a bancada, a mulher era porteira, junto com seu marido, os dois dividiam os horários e ela sempre ficava com o turno da noite.

Abaixo a cabeça, respiro fundo e começo a ir mais rápido em direção do elevador, na tentativa de ela não me ver, pois sabia que o que a mesma iria dizer, e hoje não estou com cabeça para lidar com os meus problemas.

—S/N, querida? — Nabi me chamou com a voz doce.

Pensei na possibilidade de fingir que não a ouvi e entrar no elevador, mas seria tão desrespeitoso e a senhora não merecia isso. Parei imediatamente e fechei meus olhos, os apertando junto com uma respiração funda, me virei e sorri para a mesma.

—Boa noite Senhora Nabi. — falei com um sorriso fechado.

—Como foi a aula hoje? — a velinha pediu.

—Nada fora do normal. — respondi me virando novamente para o elevador.

—Ele esteve aqui. — ela disse rápido, sem rodeio e com uma expressão chateada.

—De novo? — pedi voltando a atenção para a mesma.

—Sim, disse que você precisa pagar o que deve. — a mulher falou cochichando.

—Eu irei, mas ultimamente as coisas andam taí difíceis... Diga a ele para me dar mais um prazo, por favor? — pedi com uma cara de choro.

—Eu disse isso a ele, falei que seu trabalho não paga nem o que você come, expliquei que você vive pelos bicos como entregadora durante a noite, mas que ultimamente não está tendo pedidos. — Nabi respondeu suspirando.

—E o que ele disse? — pedi temendo a resposta.

—Que você tem um mês para pagar os dois alugueis atrasados e o que irá vencer semana que vem. — a mesma respondeu.

—E se eu não o fizer? — perguntei, mesmo sabendo o que ela iria responder.

—Que você vai ser despejada e que ele irá ficar com tudo que está dentro do apartamento. — a mais velha falou baixo.

—Droga! — falei fechando os olhos.

—Se eu tivesse dinheiro o suficiente, te emprestaria, te conheço a tanto tempo e sei que é uma garota boa e estudiosa, mas você sabe que meu marido trabalha em dois empregos para poder pagar as despesas médicas da Lili, assim, tenho que manter a casa com o meu salário. — senhora Nabi falou, eu sorri para ela.

—Sua filha em primeiro lugar, sempre. Eu agradeço muito a senhora, mas darei um jeito de pagar... — disse respirando fundo.

—Eu sei que irá... Bom, vou deixá-la subir, deve estar cansada. — a mesma falou dando um sorriso fechado.

—Estou mesmo, boa noite senhora Nabi. — falei já escutando sua resposta.

Entrei no elevador e desfiz o sorriso que tinha no rosto. Uma preocupação enorme cresceu no meu peito, eu não tinha dinheiro nem para se alimentar direito, quem dirá para pagar três alugueis de uma vez.

Depois da minha aula, eu trabalhava até a meia noite como entregadora de comida, junto com minha bicicleta, mas a dois meses fui despedida, o meu antigo chefe apenas disse que encontrou alguém com uma motocicleta e que as entregas iriam ser entregues mais rapidamente, então, consequentemente, ele não precisava mais de mim.

Procurei outros trabalhos de apenas quatro horas de expediente, mas era quase impossível encontrar um que batesse com os meus horários da faculdade, então, ainda não o encontrei, e meu trabalho na cafeteria, bom, eu o usava para comer e pagar contas fixas, como água e energia, me sobrava pouco, o qual eu usava na faculdade, para imprimir papéis ou algo do tipo.

....

Como de costume, fiquei acordada até tarde, tentando encontrar um novo emprego e estudando, tinha alguns trabalhos para serem entregues ainda essa semana. Acordei com o barulho do meu despertador e levei um susto quando vi que adormeci em cima dos meus livros, um lado do meu rosto estava completamente dormente e meu braço, dolorido.

Levantei da cadeira com uma preguiça inexplicável, tudo que queria, era apenas um dia de folga, um tempo de todos os problemas, mas sei que é impossível. Então, sigo até o banheiro e começo a me despir, entrando no chuveiro logo em seguida.

Depois que tomei um rápido café, que no caso era uma maçã, pego minha bicicleta e vou para a cafeteira, onde eu trabalho até ao meio dia. Assim que cheguei, vejo Choi me esperando com um sorriso largo.

—O que você aprontou? — pedi enquanto pegava meu avental.

—Nada... É só que eu consegui!!! — ela respondeu animada.

—O que exatamente? — pedi confusa.

—A nota máxima... Naquela prova que te falei, eu fui a única que acertei todas as questões! — a mesma falou dando pulinhos.

—Isso é tão incrível! Parabéns! — falei sorrindo.

—É sim... Vou conseguir encontrar outro emprego com essas notas e o melhor, vai ser na minha área. — a garota disse.

Choi e eu nos conhecemos no trabalho, e depois, descobrimos que estudávamos na mesma universidade, porém, em cursos diferentes. Enquanto eu estudava contabilidade, ela fazia biologia, a garota sempre foi apaixonada por animais e tudo que tem vida.

—Eu estou tão feliz por você! Mas confesso que vai ser tão chato trabalhar aqui sem você. — falei com um biquinho.

—Relaxa, aquela vaga na universidade vai ser sua. — Choi falou sorrindo.

—Espero, porque eu realmente preciso encontrar outro emprego. — falei dando de ombros.

—Ei! Vocês trabalham também ou ficam só de conversinha? — ouvi aquela voz irritante de novo.

—O que faz aqui Jungkook? — perguntei revirando os olhos.

—Esperando alguém me atender, aliás, eu quero um capuccino de chocolate. — o mesmo falou apontando para o tela da tv, onde estava o pedido que ele queria.

—Quando estiver pronto, levo até a sua mesa. — falei suspirando.

—Vou me sentar aqui mesmo. — ele falou se sentando na cadeira que ficava no balcão.

—Que eu saiba, a região rica fica do outro lado da cidade. — comentei o olhando.

—Tem razão... Mas gosto dessa cafeteria. — a garoto disse.

—O que você gosta é de me irritar. — falei o encarando.

—Eu não tenho muito tempo, então S/N, prepare o meu pedido. — Jungkook falou sério.

—Deixa que eu faço... Você sabe que Linck quer que seja somente você a servi-lo. — Choi falou apontando para a mesa onde o garoto estava.

—Quem é Linck? — Jungkook pediu olhando em volta.

—Não é da sua conta. — falei saindo de trás do balcão.

—Seu namorado? — ele pediu vindo atrás de mim.

—Não que isso te interesse, mas não, não é meu namorado. — falei revirando os olhos.

—Graças a Deus... Por um segundo pensei que existia um louco que namoraria você. — o mesmo falou suspirando aliviado.

—Cale a boca Jeon! — disse irritada.

—Seu capuccino de chocolate está pronto. — Choi gritou para o garoto.

—Te vejo na aula gracinha. — o mesmo falou piscando.

—Idiota. — susurrei de volta, vendo um sorriso satisfeito no rosto de Jungkook.

|| 𝚄𝙼 𝙽𝙰𝙼𝙾𝚁𝙾 𝚀𝚄𝙰𝚂𝙴 𝙿𝙴𝚁𝙵𝙴𝙸𝚃𝙾 || •JEON JUNGKOOK•Onde histórias criam vida. Descubra agora