#09 - Espelho, Espelho Meu..

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       Recomeço. Éassim que eu posso chamar o que estou vivendo agora. A sensação boa de gostarde alguém, de estar mudando a si mesmo por alguém que vale a pena. Aquela coisaboa de ter com quem falar qualquer coisa idiota e ter alguém parate ouvir, ou de se querer colo ter alguém para te dar carinho. A sensação de sesentir protegido contra tudo e todos, mesmo sabendo que você está errado. Essecara era o Guilherme. 

O relógio marcava três horas da manhã e estava na hora de Guilherme me deixar em casa. Não queria correr o risco de me prejudicar com meus tios, muito menos queria que algum deles me visse chegando com o famoso filho do prefeito. Arrumamos tudo e entramos no carro. Guilherme me deixou dirigir e pediu se poderia pôr sua cabeça no meu ombro. Eu assenti, me posicionei ao volante e ele se deitou. Conversamos sobre muita coisa naquela noite. Vida, planos, família. Contei pra ele todos os meus problemas, o que tinha me levado a morar ali e ele apenas ria da minha situação. A única coisa que eu omitia dele era o fato de já ter ficado com Dereck e de meu primeiro beijo ter sido com ele, mesmo que interrompido. Aquele não era o momento propício de contar ou discutir aquilo.

-Você tem que ir mesmo? – disse Guilherme com uma cara triste. Apenas movi a cabeça positivamente e desci do carro. - Foi uma das melhores noites da minha vida. Obrigado por hoje. - corado, ele terminava a frase indo em direção a porta do motorista. Me despedi sem beijos, apenas sorrindo por medo de alguém nos ver.

Escuro. Alguém havia acordado e apagado as luzes.

Ferrou.

Tentando fazer o mínimo possível de barulho, pé por pé caminhei para o quarto. Essa era a prova de fogo, entrar e deitar sem que Dereck me ouvisse, acordasse e fizesse algo parecido com o que fez na lanchonete. Na verdade, eu ainda não havia superado aquele dia e nem acho que seria capaz. Tem certas coisas que na vida que por mais que o tempo passe nunca iremos esquecer. É impossível deixar pra trás coisas que te marcam. Elas continuam ali como memórias vivas esperando um estopim para ressurgir.

-Onde você estava? - perguntou uma voz emanada do escuro.

Tô Ferrado. – pensei.

Tentei fingir que não ouvi e continuei em direção à cama, agora mais calmo já sabendo que ele estava acordado.

-Eu te fiz uma pergunta. – Dereck continuou, fazendo algum barulho com a roupa de cama.

-Eu saí para caminhar. – comecei, inventando a primeira mentira que surgiu na minha cabeça. -Estava me sentindo mal e quis pegar um ar fresco. - eu sabia que aquilo não ia colar.

Nicolas, você já soube mentir melhor. Cadê sua esperteza de cidade grande?

-Aí comecei a admirar a cidade e de repente me perdi no tempo. - terminei, já arrumado na cama para dormir e rezando pra que Dereck acreditasse na minha história sem questionar mais nada. Eu não conseguiria inventar novos acontecimentos.

-Hum. – ele respondia com atitude de poucos amigos. - Pensei que tinha saído com o filho do prefeito, Nicolas. – gelado de nervosismo neguei e tentar desconversar dizendo que estava cansado e queria dormir. Dereck não disse mais nada e apenas ficou em silêncio, o que tomou o quarto por longos minutos até pegássemos no sono.

-Ih, pelo jeito alguém conheceu uma menina. - meu tio começava, fazendo aquela típica cena inconveniente que toda família faz com a gente toda vez que se reúne. Era o café da manhã de sábado que estava servido. Talvez o meu sorriso fácil para qualquer coisa dita me denunciasse. - Parece que viu um passarinho verde. - Ele continuava, agora me dando um tapinha no ombro ao me rodear. Sem graça, dei um sorriso amarelo. Mesmo após o susto que Dereck tinha me dado na noite anterior eu ainda estava feliz pelo que estava acontecendo comigo e com o Guilherme. Meu primo me olhava decepcionado e eu retribuía o seu olhar querendo que ele entendesse que não havia compromisso algum entre nós, ainda mais depois de tudo que ele tinha aprontado comigo nos últimos dias.

O Filho do Prefeito: Origens (Livro 01)  - [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora