#12 - Desafios

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 Emburrado. Era assim que eu estava. O ciúme já tinha tomado conta de mim, tirando até mesmo a clareza dos meus pensamentos. Quem era aquele garoto?

-Agora você vai me explicar quem é esse tal de Eric. - disse, firme, olhando pra ele logo depois de entrarmos no carro. Eu estava possesso. Era ciúme, raiva e medo de perdê-lo. Todos os sentimentos convergiam e apertavam meu peito.

-Calma, amor. – mesmo possesso de raiva percebi que ele estava calmo como nunca. - ele é só o filho de um amigo do meu pai que vive lá em casa. Eu não tenho culpa disso.

-Do que você me chamou? - parei de olhar pra frente, fixando meus olhos nele. A essa altura eu já não tinha nem sequer processado as explicações sobre Eric. O "amor" que ele tinha dito, talvez sem querer, era muito mais importante do que qualquer outra explicação.

-De amor, uai. - ele disse sorrindo, logo ruborizando. Aquilo me cativou. - Você é meu namorado, não é? - assenti com a cabeça, sorrindo feito bobo por me sentir seguro outra vez. - Então, eu te amo e logicamente você é meu amor. - terminou, falando com o queixo um pouco erguido enquanto sorria, uma de suas características mais marcantes.

Era impossível ignorar o que Guilherme falava.

Amor.

Essa era a primeira vez que eu ouvia alguém se dirigir a mim com tanto carinho. De fato também era a primeira vez que eu amava e me sentia amado. Guilherme estava realmente me cativando cada minuto mais, quase me tornando dependente daquele sentimento. A este ponto eu já tinha até mesmo esquecido de cobrar as explicações ou de todas as teorias malucas que tinha formulado sobre o garoto de cabelos loiros, agora meu novo inimigo. Tudo que importava era aproveitar o pouco tempo que ainda me restava perto de Guilherme.

-Nunca ninguém me chamou de amor antes. - confessei com alguma vergonha estampada no rosto, enquanto pegava na mão direita do meu namorado. Certa felicidade tomava conta do seu olhar, talvez satisfação em sentir-se seguro. –Eu também te amo. – tudo que eu dizia era sincero. Não me preocupava em me expor pra ele. Guilherme me olhou e com brilho nos olhos me puxou para um beijo. Dessa vez calmo, despreocupado e capaz de acalmar meu coração.

-Posso te pedir uma coisa? – ele perguntava interrompendo nosso beijo. Agora seu tom era de seriedade outra vez. Assenti com a cabeça já imaginando do que se trataria. – Confia em mim e não surta. – seu jeito direto arrancava risadas fáceis de nós dois. Era óbvio que ele se referia à minha cena de ciúme na sorveteria e que me pedia confiança, por mais estranha que a cena parecesse.

-Desculpa. – minha voz praticamente não saía. Senti meu rosto queimar de vergonha por ter exagerado dentro da lanchonete. – Eu tenho medo de perder você. – confessei enquanto olhava para baixo. Vi a feição de Guilherme mudar e tornar-se mais calma.

-Vamos confiar um no outro. Eu não tenho porque te trair. – Guilherme terminava sua frase me enchendo de confiança como nunca antes. O abracei ali e engatamos outro beijo, desta vez entre sorrisos fáceis.

Já passavam das sete da noite quando Guilherme me deixou em casa. Aproveitei que não havia ninguém no andar de baixo e subi. Dereck estava lá, lendo mais um dos seus intermináveis livros. Ele me encarou exigindo respostas.

-Com quem você estava? – disse. Eu tentei ignorar mas ele perguntou uma segunda vez, em tom ainda mais alto.

-Eu estava com o Guilherme. - liguei e decidi tocar o foda-se. Não seria o Dereck quem iria me impedir de viver o que tivesse pra viver. Perante todos que nos viam na cidade éramos apenas amigos. - Você tem algum problema com isso Dereck? - continuei firme, demonstrando uma confiança que eu não tinha. No abismo do meu coração, perdoar Dereck pelo que ele tinha feito comigo naquela noite em que fomos a lanchonete era a última das minhas prioridades.

O Filho do Prefeito: Origens (Livro 01)  - [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora