#27 - Descoberta - Pt I

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Os melhores aprenderão com os erros do passado, enquanto o resto parece condenado a repeti-los. – Revenge.

O meu pai estava vindo, eu finalmente teria a chance de desmascarar a quem estava nos roubando e o HD não estava lá. Foram segundos que mais pareceram horas. Minha cabeça estava como naqueles filmes, onde a câmera gira ao seu redor enquanto se está em êxtase. Eu simplesmente não conseguia acreditar.

-Dereck, você mexeu nas minhas coisas? – perguntei ao meu primo em meio ao desespero que sentia. Um arrepio corria pela minha espinha ao imaginar que meu plano poderia ter sido descoberto. Meu primo me respondia sem me olhar.

-Não. – ele começava. – a última vez que mexi foi uns dois dias depois que você chegou. – ele riu, eu continuava nervoso.

-Estou falando sério. – resmungava.

-Eu também. Foi aí que eu descobri algumas coisas sobre você. Do que gostava, que estilo de rapaz você fazia. Essas coisas. – foram as últimas palavras que eu ouvi antes de deixar o quarto até mesmo sem respondê-lo.

-Jordana, você mexeu na minha mochila? – repeti a pergunta para a minha prima, que instantaneamente respondeu negativamente. Restavam apenas meus tios, justamente os últimos que eu gostaria.

-Tio. – eu começava, todo manso. – por acaso o senhor mexeu na minha mochila? – ele me olhava sério como se não acreditasse na minha pergunta.

-Não Nicolas, nunca toquei nela. – sua resposta parecia verdadeira. Na verdade, eu jamais consegui enxergar meu tio como alguém que traísse a confiança do meu pai. Durante todo o tempo em que passei na casa dele sempre fui bem tratado, vi cenas de carinho entre a família e só ouvi coisas boas sobre os meus pais. Como alguém assim poderia nos roubar?

-Tá. – respondi, deixando ele de lado. Voltei ao quarto e literalmente revirei tudo atrás do bendito equipamento. Nada. A angústia foi tomando conta de mim pouco a pouco e em segundos eu estava sentado chorando na cama. – Calma Nicolas, calma. – pensava, tentando manter-me firme.

O tempo foi passando e meu pai estava quase chegando. Troquei algumas mensagens com o Guilherme, ele contando sobre ter ido para casa e seu pai ter ido viajar. Eu, procurando algum consolo, contei sobre o objeto que eu havia ido buscar no escritório naquela noite em que pedira ajuda e que agora havia sumido. Decidi tomar um banho e me aprontar para que seja lá o que estivesse por vir.

-Arnaldo. – minha tia exaltava a voz ao ver meu pai chegar. Era quase um berro, como se quisesse que a quadra inteira ouvisse. Meus primos desciam do segundo andar para cumprimentar seu tio e eu respirava fundo. – Que bom que você veio. – ela terminava de dizer enquanto meu pai entrava em casa. Meu pai como sempre estava bem vestido. Hoje um pouco mais despojado do que o normal, mas mesmo assim estava muito bonito.

-E como eu não viria? – respondia meu pai, sorrindo ao abraça-la. Vendo o tamanho do carinho entre eles penso em como eu poderia ter perdido etapas tão importantes da minha vida em família simplesmente por imaturidade. Rapidamente consegui pensar em três ou quatro viagens que meus pais fizeram para rever familiares, as quais eu evitei ir em todas ou simplesmente não fui porque estava de porre. Pensava também em como seria desgastante contar toda a verdade pro meu pai e em como isso abalaria a relação de irmãos entre ele e meu tio. Uma pontinha de culpa tentava me torturar.

-Nicolas. Quanto tempo, filho. – meu pai caminha ao meu encontro tentando me abraçar. Essa era uma atitude raramente vista na minha própria casa. O encontrei e tomei parte daquele abraço. – Como você está? – ele perguntava. Não nego que minha vontade era não soltá-lo. Esquecer dos problemas e do meu dever moral em contar tudo que estava acontecendo.

O Filho do Prefeito: Origens (Livro 01)  - [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora