#25 - Copiar. Colar. Provar.

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É inegável que o clima entre eu e Guilherme estava pesado. Sentávamos próximos um ao outro no cursinho e agora, mesmo brigados, precisaríamos continuar assim para não chamar a atenção.

-Bom dia. - disse Guilherme, nas únicas palavras que iria me dirigir no decorrer de toda aquela manhã. O respondi retribuindo educação e mal nos olhamos durante toda a aula.

O tempo passou rápido e com ele chegou a famigerada hora de ir trabalhar. Durante todo o caminho o que não saía da minha cabeça era a dúvida de como lidar com tudo que estava em meus pensamentos. Será que meu pai acreditaria em mim, no filho que até alguns dias antes não merecia confiança alguma? Bem, se eu realmente queria ter alguma atenção meu genitor eu precisaria de provas, e eu sabia onde poderia obtê-las.

Decisão tomada. Estratégia pensada.

Chegando ao escritório tomei postura de um anjo dos mais elevados patamares. Dias atrás eu havia escutado meu tio e Fernanda conversarem e seria necessário despistar os dois, do contrário minha presença seria cada vez mais afastada. A tudo que me era solicitado a resposta era sim. Deixando de lado meus típicos resmungos, atendi a todas as necessidades de Fernanda e fingi querer contribuir com ela. Meu alvo? Os arquivos que eu havia salvo em uma pasta oculta no computador dias antes. Posso afirmar que a minha atuação era digna de um óscar, vez que até a víbora loira do escritório me elogiava.

Na hora do café da tarde todos se concentravam ao entorno da mesa na sede da fazenda. Peões, meu tio, os meninos do escritório. Todos famintos. E distraídos. Alegando precisar ir ao banheiro, fiquei na sala algum tempo mais. Tendo certeza de que estavam todos longe corri para o computador de Fernanda e coloquei em prática uma das minhas primeiras estratégias: a instalação de um software espião, ou keylogger, como alguns chamam por aí. A ideia era simples: capturar tudo que era escrito pela minha arqui-inimiga. Feito, programa instalado. Tudo que era digitado naquele computador diariamente gerava um relatório que iria para o meu e-mail. E o melhor é que ficava camuflado, assim eu poderia ficar tranquilo que ela não descobriria facilmente.

Tentando disfarçar a sensação de realização que tomava conta de mim, saí e rumei à mesa para continuar com meu plano. Agora faltava pouco.

Na ida para casa, recebi uma mensagem de Matheus me convidando para jantar na casa dele. Era seu aniversário, alguns amigos além de mim estariam lá. Respondi que sim, já pensando no que compraria para não aparecer de mãos abanando. Pedi para o meu tio me deixar em uma das lojas de variedades da cidade, onde acabei escolhendo uma árvore em miniatura com algumas lâmpadas, que também servia como um pequeno abajur. Simples e discreto, pensei pedindo para uma das atendentes embalar para presente.

Em casa, tomei banho e me vesti. Avisei aos meus tios onde estaria e rumei à casa do Matheus. Sua mãe, uma senhora simples e de coração aparentemente enorme me recebeu no portão. Me dando as boas vindas, me orientou a aguardar por ali mesmo. Matheus pouco demorou e saiu com um largo sorriso no rosto de dentro de casa.

-Você veio. - ele disse, vindo ao meu encontro e apertando uma de minhas mãos. - Que bom que está aqui. - finalizou, mostrando-me onde sentar.

-Eu te conheço a pouco tempo, então não sei exatamente do que você gosta. - disse, um tanto quanto envergonhado, entregando meu presente ao aniversariante. Famigerado, meu novo amigo logo tratou de abrir e arregalar os olhos.

-Caramba, eu vi um desses na internet. - disse, me abraçando involuntariamente. Aquele abraço, aliás, foi tão inesperado e não planejado que soou até estranho. Ambos sem graça, nos afastamos antes que a mãe dele pudesse ver. - Obrigado. – sorriu, piscando indiscretamente.

O Filho do Prefeito: Origens (Livro 01)  - [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora