#15 - Decisões

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Eric. Mais uma vez aquele garoto era uma pedra no meu sapato.

Tratei de apenas observá-los. Seu modo de andar, de falar um com outro. Tudo me parecia suspeito, se bem que naquelas condições até se ele falasse com o próprio pai eu acharia estranho.

Será que o Gui seria capaz de me trair com aquele garoto apenas por vingança?

Pensava sobre isso tentando acreditar que não. Caminhei junto deles por alguns quarteirões e vi que Eric o deixou na porta de casa. Guilherme entrou e meu arqui-inimigo rumou para o outro lado, provavelmente para sua casa. Acho que foi só então que respirei, enfim, um pouco mais aliviado. Decidi não ir atrás do Guilherme.

Ao chegar em casa Jordana me esperava. Eu não lembrava, mas tinha combinado de sair com ela a noite naquele dia. Desde que eu chegara na cidade minha prima tinha sido a única pessoa que ainda não tinha ganhado um pouco de atenção da minha parte e que tinha me ajudado em diversas situações. Era mais do que justo dedicar algum tempo a ela e seria bom para também aliviar um pouco a tensão do que ocorrera naquela tarde.

-Onde você estava? – ela me perguntava sem dar muita brecha para uma possível resposta. - Estava te esperando. Vai tomar um banho e se vestir que nós vamos sair com uns amigos meus. E seja rápido porque a gente já tá atrasado - exclamou, enquanto provavelmente respondia a alguma mensagem no whatsapp. Apenas assenti e subi para o quarto. Dereck não estava lá. No meu celular - que estava no silencioso desde que comecei a seguir Guilherme e Eric - haviam duas chamadas perdidas do meu namorado e dez mensagens no whatsapp. Optei por ignorá-lo, idem ao que eu sentia que ele tinha feito comigo e agilizei meu banho para que pudesse sair com minha prima.

Alguns poucos minutos depois e eu já estava pronto. Calça preta, camisa azul e calçado marrom claro.

Modéstia à parte eu estava lindo.

Desci as escadas e Jordana estava sentada no sofá me esperando. Ela trajava um vestido e sapatilha, coisa bem informal, talvez um pouco infantil. Certa vergonha tomou conta de mim por não analisar antes qual o nosso destino e talvez ser excessivo.

Enquanto andávamos eu pensava na vida enquanto tentava acompanhar os apressados passos da minha prima. Como as coisas tinham mudado e principalmente como eu tinha mudado. E como ainda existiam desafios a encarar. Um exemplo era a minha desconfiança sobre as finanças da fazenda. Quanto mais fundo eu ia na minha auditoria, maior era o rombo nos cobres da empresa. Dos vinte e cinco mil reais que percebi inicialmente, hoje já estávamos na casa dos setenta mil.

-Tá bonita. – uma voz masculina cumprimentava minha prima com um beijo no rosto, acordando-me do transe e indicando que chegamos. Só então percebi que estávamos na mesma fatídica lanchonete onde o Dereck havia me prensado contra o muro algum tempo atrás. O rapaz era jovem, tinha a pele morena queimada de sol e usava shorts jeans claro e uma camiseta gola V branca. Além dele, haviam também outras duas gêmeas idênticas. Fui apresentado a eles como sendo o primo da cidade grande e, sem jeito algum, peguei na mão de todos eles. Matheus, Giovana e Caroline.

Como Jordana e toda aquela turma era mais nova que eu certas conversas deles me pareciam infantis. Me peguei pensando no quanto eu gostava de conversar com Dereck e Guilherme e em como as nossas conversas fluíam. Eram maduras e não se tratavam apenas de banalidades. Só então tomei conta do óbvio, eu estava vivendo um completo dilema dentro de mim, sem saber a quem eu amava e a quem eu queria por perto. Mordendo um copo plástico vazio, tomei um susto após ser cutucado por Matheus.

-E aí cara, o que tu achas disso? - perguntou, referindo-se ao assunto em que eu havia prestado zero atenção.

-Pra ser sincero eu não estava prestando atenção. - respondi, um pouco envergonhado por confessar na frente de todos eles. O jovem moreno de corpo atlético apenas riu e indicou que aquilo era óbvio.

O Filho do Prefeito: Origens (Livro 01)  - [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora