#23 - Revelações

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Sempre que você se sentir triste, em tempos de dias sombrios e passando por uma fase ruim, por favor, venha e pegue minha mão [..]. - Broken Back.

-Sim. - a resposta de Dereck veio rápida, simples e arrasou as estruturas que eu ainda tinha. Dentro de mim haviam vários sentimentos misturados. Raiva, tristeza, ciúme. Era um mix inconfundível e inigualável de todas essas coisas. -Mas Nick. - ele recomeçava, depois da pausa que ambos demos após aquele fatídico sim. - Eu percebi quem ele era e terminei tudo. - ele terminava e eu estava cada vez mais sem saber como reagir.

-Isso faz quanto tempo? - indaguei, esperando que ele respondesse que tudo aquilo era apenas passado e que fazia muito tempo.

-Algumas semanas antes de você chegar. - a resposta dele demorou, como se ele procurasse o jeito certo de me dizer o quão recente era. Imediatamente comecei a pensar em inúmeras coisas, como por exemplo o fato de Guilherme ter mentido pra mim. Quando começamos a ficar tudo eram flores e amores. Segundo o que ele falava eu era seu primeiro homem, aquele que ele beijava pela primeira vez. Decepção era um dos sentimentos aflorados. Dereck percebeu como eu estava me sentindo e imediatamente continuou a falar. - Mas cara, fica tranquilo. Eu não gosto mais dele e entre nós não rolou nada sério. Foram só alguns beijos e uns amassos. Nada além disso.

Dereck continuava a falar coisas que fiz questão de bloquear da minha mente. Nada naquele momento parecia importar. Eu estava visivelmente chateado. Acho que por alguns segundos minha mente voou longe tentando processar a tudo que ouvira.

-Nick? - meu primo havia se aproximado tanto de mim que eu conseguia até sentir seu cheiro, e por deuses, eu não havia percebido sua aproximação. - Deixa eu te mostrar como você pode ser feliz. Eu sei que errei muito com você nesse tempo todo que estamos morando juntos, mas eu quero provar quem eu sou e como posso ser o homem que você merece. - Dereck se aproximou ainda mais e tentou um beijo, sem sucesso. Eu o recusei. Talvez não porque não o queria, mas porque realmente não podia. Apesar de qualquer mentira que o Guilherme tivesse contado desde o começo de nosso namoro, traição é algo que eu não queria cometer. Não naquele momento que estávamos vivendo e com tudo que estava acontecendo.

-Dereck. - eu começava, num tom de voz calmo e amigável. - Eu sei que por trás dessa armadura que você carrega todos os dias tem um cara bom e que sem dúvida alguma me faria feliz. Mas eu não posso, além de estar comprometido você é meu primo e eu não quero nenhum escândalo na família. Imagina só se descobrem. Expulsam nós dois de casa. - assim como podem perceber, tudo isso não passava de uma maneira de tentar conter as investidas do meu primo. Os argumentos, por mais reais que possam parecer para uma família comum, para mim naquele momento não passavam de grandes mentiras. Ainda posso dizer que na minha mente a investida do Dereck era quase um insulto. Acabar de dizer que ficou com meu namorado e que me ocultou isso durante todo tempo que moramos juntos parecia uma grande ofensa.

Dereck ficou quieto. Triste, se afastou de mim e foi procurar uma camisa para vestir. Nesse meio tempo, mesmo sem querer, eu o observei. Um corpo bonito, alguém intrigante. Quando finalmente peguei meu celular pude ver que haviam várias mensagens do Guilherme. Muitas me perguntando que horas estaria livre para vê-lo, outras me questionando o porquê da demora.

Sem muito demorar peguei meu celular, pus meu chinelo e rumei para a casa do Guilherme sem avisá-lo. Durante todo o percurso fiquei pensando no que falaria e em como faria. Quando enfim decidi a casa dele já estava à minha frente. Toquei o interfone e, para minha surpresa, ele mesmo que atendeu.

-Oi? - a voz doce do meu namorado ecoava pelo aparelho.

-Sou eu. Abre? - disse, seguido pelo som do portão se abrindo. Entrei e como de praxe rumei para o seu quarto. Seus pais não estavam em casa e Guilherme parecia estar muito a vontade vestido de tectel e camiseta.

-Por que não me avisou que estava vindo? - disse ele fechando a porta do quarto, logo vindo me beijar.

-Achei melhor não avisar. Ia demorar muito. - despistei, dando-lhe um selinho. Guilherme imediatamente percebeu que eu estava estranho e começou a me questionar.

-Aconteceu alguma coisa? - afirmou, afastando-se de mim e fazendo cara de quem nada entendeu. Ele ficava me observando como se esperasse minha resposta com certa apreensão.

-Sim,Gui. Aconteceu e a gente precisa conversar sobre isso. - respondi, seco, dandoo tom de seriedade que aquela conversa teria.    

O Filho do Prefeito: Origens (Livro 01)  - [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora