Minha tarde corria com tranquilidade. Depois do almoço meus tios foram descansar um pouco e Dereck subiu para o quarto. Fiquei com Jordana na sala conversando e vendo televisão. Vez ou outra pensava sobre o convite que Guilherme havia feito e no que ele poderia estar preparando para nos vermos a noite. Apesar de aceitar que existia atração e um sentimento diferente entre nós, eu ainda não conseguia processar com facilidade fato dele ser um homem. Outro homem.
Passei a tarde com a minha família. Aproveitei para descansar um pouco deitado no sofá, evitando Dereck e ficando um pouco com a Jordana, coisa que pouco tinha feito até então.
A noite caiu e o jantar estava servido. Pouco depois percebi que o relógio marcava oito horas. Uma mensagem de Guilherme havia chegado.
-Quer que eu passe aí?
Arriscado. Pensei nas inúmeras possibilidades de ser visto por alguém ou até mesmo pelo meu primo e isso acabar mal.
-Não. Me encontra na frente daquela lanchonete. –respondi, buscando algum lugar onde ambos conhecêssemos para nos encontrar. O primeiro que veio a minha cabeça foi onde nos encaramos dentro do banheiro.
-Ok. 9 horas estou lá.
Não o respondi. Subi para tomar um banho e procurar a melhor roupa para aquele encontro. Dereck já estava em sua cama, concentrado em mais um de seus livros.
-Vai sair? – perguntou, agora baixando o livro e passando a me observar.
-Vou. – comecei. Um sentimento de apreensão começava a me rondar. – Vou encontrar alguns colegas do curso lá na lanchonete. – continuei, tentando desconversar e afastar a possibilidade dele tentar me acompanhar.
Escolhi uma camisa gola polo verde e uma calça escura para sair. Tentava ser o mais discreto possível para não chamar a atenção dos meus tios e primos. Um sorriso aparecia facilmente nos meus lábios sempre que eu pensava na conversa que tive com Guilherme mais cedo.
Eram 20:45 quando saí de casa em direção à lanchonete. Andava nervoso, apressado com medo de Dereck estar me seguindo. Vez ou outra olhava para trás e para minha sorte não o via.
-Que bom que você já chegou. – Guilherme falava baixinho aproximando-se de mim. Já faziam alguns minutos que eu estava ao lado do muro da lanchonete esperando que ele chegasse. Acabei me distraindo olhando algum aplicativo do celular. Olhei para ele e assenti concordando. – Vamos. – disse ele virando-se de costas pra mim, esperando que o seguisse.
Entrei no carro com as mãos geladas. Puro nervosismo.
-Onde vamos? – perguntei. Olhei para Guilherme que dirigia com um ar de serenidade. Ele tinha um sorriso no rosto e estava particularmente bonito naquela noite. A camisa gola polo branca com detalhes em azul contrastavam com a calça escura e realçavam o vermelho de suas bochechas.
-Ao nosso lugar especial. – ele respondeu me olhando como se esperasse que eu lembrasse de onde nos beijamos pela primeira vez dias antes. Senti sua mão direita pousar em minha perna esquerda e sorri. Algo começava a despertar em mim.
Guilherme dirigiu por mais alguns minutos enquanto conversávamos sobre o nosso final de semana. Ele havia ficado em casa praticamente o tempo todo enquanto eu participava de uma caminhada matinal em pleno domingo no meio do campo.
Chegamos ao céu, o lugar onde nos beijamos pela primeira vez. Para minha surpresa hoje o lugar estava ainda mais bonito. O céu limpo ajudava a cidade a ficar ainda mais iluminada e aquela cena encantava.
-Esse lugar é lindo. – comecei, soltando um sorriso bobo por estar ali acompanhado do Guilherme. Sentia que toda a insegurança de mudar conceitos antes tão sólidos como o de ser heterossexual, havia acabado. Guilherme mexia com meus mais profundos sentimentos e me encantava por me tratar como antes nunca fui tratado.
-Ele fica ainda melhor quando você está aqui comigo. – ele disse. Senti meu rosto queimar. Era uma vergonha gostosa de sentir. A sensação era de que éramos adolescentes descobrindo o amor.
Apenas sorri, admirando como aquele garoto conseguia era romântico.
-Eu sei que é cedo demais pra isso, mas eu queria te pedir uma coisa. - ele disse, já descendo de onde estávamos sentados. Aproximou-se de mim, colocando uma de suas mãos na minha cintura. Com a outra levantava meu queixo, fazendo-me olhar em seus olhos. - Nicolas, quer namorar comigo? – estávamos tão próximos que eu mal conseguia respirar. A excitação era tamanha que no calor do momento eu o respondi com um beijo, daqueles quentes, apaixonados e com vontade. Era como se um foguete explodisse dentro de mim e me pusesse em chamas. Eu estava feliz, eu queria ser feliz com ele e só agora eu entendia isso. Era com o Guilherme que eu queria ficar. Testa com testa, ofegante ele sentia a minha felicidade e eu a dele. A satisfação de ser correspondido era visível em ambos. - Eu quero passar meus dias contigo. – Guilherme tentava falar mas eu sempre o interrompia com beijos. Precisávamos colocar pra fora tudo que sentíamos. - Eu ainda não entendo, não aceito e não quero isso pra mim mas o que eu quero é você, quero ficar contigo e que se dane o mundo. Nada além de nós dois importa. Eu só quero estar aqui contigo - terminou, nos levando a ter uma noite de amor inesquecível.
Estava entregue ao sentimento.
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O Filho do Prefeito: Origens (Livro 01) - [Romance Gay]
Fiksi RemajaDedicado a todos aqueles que sabem que não escolhemos a quem amar. Amor apenas se vive, apenas se sente, apenas se descobre. Acompanhe a história de Nicolas, e surpreenda-se com "O Filho do Prefeito". Chegamos ao Spotify! É só procurar por O Filho d...