#18 - Sutilmente

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Mesmo que o mundo acabe enfim, dentro de tudo que cabe em ti [...]

A conferência das finanças da empresa do meu pai estava me mostrando que o rombo era maior que o esperado. Haviam notas lançadas com valor dez vezes maior. E o pior, isso já se arrastava por muito tempo. Passei todo o intervalo do café da tarde analisando a documentação.

Ao fim da tarde, salvei todos os arquivos da conferência já realizada e escondi em uma pasta oculta no computador. Não era ultra seguro, mas era o melhor que eu poderia fazer em um computador com proteção contra downloads.

-Hey, estou com saudade. Vem me ver hoje? – Era um torpedo do Guilherme, que me fazia sorrir instantaneamente. Meu namorado tinha esse poder de me hipnotizar e transformar qualquer obstáculo em um mero problema fácil de ser resolvido. Procurei tio Augusto e o esperei para irmos para casa. Não demorou muito e lá estávamos. Respondi o torpedo de Guilherme e me dispus a tomar banho e me arrumar para vê-lo.

Cerca de uma hora depois avisei meu namorado que estava indo até a sua casa. Andei alguns minutos até que pude vê-lo no portão à minha espera, sorrindo como poucas vezes já tinha visto.

-Até que enfim, senhor ocupado. - brincou, dando-me a mão. Cumprimentávamo-nos de maneira discreta, afinal de contas ainda não estávamos maduros o suficiente para assumir uma relação aberta para todo mundo.

-Você sabe que pra você eu estou sempre disponível. – sorri maliciosamente. Guilherme entendeu o recado e me convidou para entrar em casa. Seus pais não estavam e sua única companhia era o Yorkshire de estimação de sua mãe.

Ao som de sutilmente, eu e Guilherme nos amamos. Eram apenas algumas horas sem nos ver, mas a saudade era equivalente a anos.

Paixão.

É isso que causa tanta saudade em tão curto espaço de tempo.

-Nick. - chamou meu namorado, que a esta altura estava com sua cabeça em meu peito. – Promete pra mim que independente da dificuldade que se opor ao nosso caminho você nunca vai me abandonar? – compreendendo a voz triste do meu namorado beijei sua cabeça.

-Prometo. – respondi, transmitindo todo o amor que sentia.

Guilherme era bom em várias coisas. Cama, cozinha, cama, cafuné, cama. Passados das nove horas da noite, meu namorado me convidou para jantar. O prato? Macarronada, um dos meus preferidos desde sempre. Sentamos à mesa e começamos a conversar sobre o dia, pessoas conhecidas, problemas, e entre eles o Eric era assunto recorrente.

-Nick, eu tenho algo pra te falar sobre o Eric. - ele começou, provavelmente receoso pela minha reação. Olhei fundo em seus olhos. – Ele está me pressionando cada vez mais. Quer me beijar e eu quase não tenho mais como me esquivar. – cabisbaixo meu namorado terminou aquela frase deixando-me receoso pelo que ainda estaria por vir.

-E como você o responde? – indaguei, esperando que ele me dissesse que aquilo não teria a mínima chance de acontecer. Esperei alguns segundos por sua resposta, e na ausência dela, continuei. – Você aceita? – Corado, ele tomou coragem e respondeu.

-Hoje eu aceitei. – parecia que uma faca tinha atravessado meu peito. Até a fome tinha sumido. – Ele veio e me deu uma prensa, disse que se eu não aceitasse ele faria... - Guilherme se calou quando me levantei da mesa. Eu me sentia mal, não gostava da ideia dele beijando outra boca que não fosse a minha. Aquilo me deixava mal de certa maneira e eu não sabia exatamente como lidar com tudo isso ainda. A maturidade que eu pensava ter para enfrentar os problemas de um relacionamento simplesmente não existia.

O Filho do Prefeito: Origens (Livro 01)  - [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora