Querido psicólogo

Eu prometo.

Gisele
Durmo com Sophia ao meu lado segurando a minha mão,  consigo sentir a apreensão dela por minha resposta, mas ainda não tenho uma resposta,  é claro que quero lutar, mas e se eu não souber a hora de parar? se as últimas lembranças das pessoas que eu amo forem de mim vegetando em um hospital,  durmo ponderando sobre tudo isso e ao acordar Sophia ja não está comigo, quem ocupa sua cadeira agora é minha mãe que mexe no celular distraidamente.
-Bom dia mãe
-Bom dia meu amor, como se sente? -Estou bem, quando chegou?
-Hoje cedo, Sophia foi para a agência, Lucas passou aqui para buscar ela e aproveitou para vim te ver mais não demorou, Lara também passou, pediu desculpas por não poder ficar, mas esses dias ela ta muito enjoada, esses últimos meses são os piores, Ricardo vem de noite, ele queria pedi uma folga, mas paulo nao deixou, nós dois ja tiramos folga esses dias para ficar com você.
-vou mandar uma mensagem para Lara não se preocupar, não faz bem para a criança, odeio está incomodando todos vocês assim
-Para com isso meu amor, você não ta incomodando, nós estamos fazendo isso porque te amamos.
Não tenho tempo de responder antes de Doutor Carlos entrar na sala.
-Bom dia, tudo bem com vocês?
Minha mãe acena com a cabeça.
-Gisele, sentiu algo durante a noite ou agora pela manhã?
Ele pergunta gentilmente.
-um pouco de dor de cabeça, mas nada muito importante.
-Tudo é importante nesse momento.
Aceno com a cabeça concordando
-Como sabe, você está no quarto estágio  de melanona mestatasico, Max e a oncologista logo irão vim, mas decidi vim antes porque gostaria de conversar um pouco em particular com você sobre o tratamento,  se importa?
Ele olha para minha mãe que com um sorriso fraco acente e sai, embora sem muito certeza.
-Segundo o nosso cronograma,  temos muitas cirurgias e procedimentos para você na proxima semana.
-Eu sei que é pessimo, mas ainda não tenho certeza sobre o tratamento.
-Sei disso por isso estou aqui, tenho algo que talvez te ajude a decidir.
Carlos olha para mim esperançoso, mas com um toque de nervosismo em seu semblante, porém continua.
-Segundo o nosso cronograma,  temos muitas cirurgias e procedimentos para você na proxima semana, como eu estava falando vimos evidências de metástases em seu fígado, por isso em uma dessas cirurgias terão que resseca-las, queremos colher alguns óvulos também para te dar oportunidade de ter filhos no futuro, o mais preocupante mesmo é a metástase no cérebro que foi o que te trouxe ao hospital, o motivo do seu desmaio e das suas frequentes dores ma cabeça, com sorte a lesão terá margens bem definidas e eu poderei remover tudo, chequei sua ressonância de ontem de noite e parece que o tunor não cresceu desde o dia do diagnóstico o que é bom, mas você terá um longo caminho,  só na próxima semana você passará por 3 cirurgias importantes,  além de 5 procedimentos ambulatório torcendo para que não aparecem mais metástases,  mas é muito provável que achemos e então teremos que operar de novo, a radioterapia teria que começar hoje ainda para conseguirmos operar antes de terça.
-Obrigado pelas informações, mas isso só faz com que eu me incline mais contra o tratamento, tudo isso é horrível.
-E quem disse que eu não tenho um plano?
Ele dá um sorriso charmoso e olha para o computador ao meu lado qie abre em uma ressonância do que parece o meu cérebro.
-Olha, sendo sincero, o que vou te falar agora pode parecer inadequada pois pode parecer que estarei negando atendimento se chegar ao ouvido dos meus superiores, mas, sinceramente, pensei muito no que você falou ontem e acho que você merece uma terceira opção.
Fico um tempo olhando para ele sem saber o que dizer, por sorte, não preciso dizer nada pois ele continua falando depois de um tempo.
-Você tem três opções agora, você pode enfrentar o câncer com tudo, fazer o tratamento que pode te ajudar a aumentar sua sobrevida, então a parti da proxima entrarmos com tudo nas cirurgias, você pode desisti, assinar um documento, ir para casa hoje e esperar a morte ou você pode escolher um meio termo, eu te proponho um tudo ou nada.
-Como assim?
-Você disse que se for para morrer quer morrer sendo você mesmo e não um vegetal em uma cama de hospital,  então eu te proponho que você pule a quimioterapia ou radioterapia, o tumor no cérebro é maior preocupação, então deixe que eu opere amanhã,  passe uma noite agradável com sua família e amigos e amanhã eu irei operar você e tentarei retirar toda a massa, se quando abrir eu ver que é impossível, você vai embora e curti na medida do possível seus últimos meses, mas se eu ver que é possível eu vou retirar toda a metástase, não vou mentir para você, fazendo isso, dependendo do quanto a massa está enrolada aos lobos, corre o risco de que você tenha um AVC, mas se por um acaso eu conseguir tirar tudo e você sobreviva , você só terá que passar pela imunoterapia, o que sera bem mais leve e então passar pela cirurgia para remover as outras metástases será mais simples,  se tudo der certo, em cerca de um mês você ta fora do hospital, se não der...
-Eu morro.
-Exatamente, mas morrerá sendo você, como você disse que queria.
-Eu aceito.
ele não consegue conter o sorriso.
-Ok, você terá que assinar um documento autorizando mas amanhã pela noite nós faremos a cirurgia e então saberemos o que vai ser.
-Mas me prometa que se quando você cortar, você ver que ta muito ruim, que é impossível tirar tudo sem me matar ou danificar, você vai parar e me deixar ir para casa aproveitar meus últimos meses?
-Eu prometo.
-Obrigada
Marcos sai e logo em seguida minha entra, curiosa, mas ela nunca perguntaria, ela sempre diz que nós precisamos de liberdade para só falar o que achar nescessario.
-Mais tarde, quando estiverem todos aqui eu conto o que conversamos, pode ser?
-Claro meu amor.
Mais tarde naquela manhã, o documento chega, assinei imediatamente torcendo pelo melhor.