Ricardo
Estou deitado na cama ao lado de Gisele que ainda dorme, é o primeiro dia de folga dela em meses, queríamos aproveitar a semana para viajar, mas acabamos decidindo poupar o pouco tempo que ela tinha antes de voltar a trabalhar entre momentos com a família, amigos e namorar um pouco também, claro.
decido levantar, pois tenho um paciente logo cedo hoje, levanto lentamente para não acordar ela, pois sei que ela tem andado muito cansada ultimamente, mas ao botar os pés no chão sinto seu olhar sobre mim.
-Bom dia flor do dia
Dou um beijo em sua testa e a vejo fechar os olhos sorrindo.
-ja vai tão cedo?
Ela me olha com uma expressão cansada.
-Tenho paciente, mas volto pra casa às nove e a gente pode curtir uma praia o resto do dia.
-Topo!
ela levanta animada, mas se apoia na cama rapidamente.
-O que aconteceu?
olho para ela preocupado e ela simplesmente da um sorriso bobo.
-Levantei rapido de mais, acho que ainda to dormindo em pé.
Ela sorri e todo seu rosto se ilumina, amo isso nela, como seu rosto é sempre um livro aberto sobre as suas emoções, sem joguinhos ou mistérios como a maioria das garotas, ela é simplesmente ela e isso é incrível.
Aproveito que ela ja acordou e passo um café para nós dois enquanto ela esquenta o resto da pizza de ontem.
-Serio? pizza?
Dou risada a encarando
-Que é? deu vontade.
Responde dando de ombros sorrindo.
tomamos um café agradável enquanto fazemos planos para uma viagem mês que vem para a casa de praia da família, ela vai folgar um mês e vou pedir uma folga também então, vamos poder ficar um bom tempo juntos.
-Seria bom ir com a galera, dariam otimas festas
falo animado.
-Mas ia ser estranho por causa de Sophia e Henrique, sabe, seu melhor amigo lá odiando minha irmã.
-Ele não odeia ela, talvez odeie reconhecer que mesmo sabendo que ela o machucou, ele ainda ama.
faço um carinho em suas mãos enquanto falo.
-Ai meu Deus! você tem toda razão! eles precisam voltar a se entender e nada melhor do que uma viagem pra praia pra se reconectarem com paixão ardente entre eles! você é um gênio, a gente precisa fazer eles se acertarem!
Gisele fala e tenho certeza que ja tem todo um plano bolado em sua mente de como juntar eles dois novamente.
-Eu não falei isso, você sabe que não falei isso né? por favor me diz que você sabe.
Falo claramente com medo que o plano dela faça que Henrique queira me matar.
- Claro que falou, bobinho, com metáforas, claro, mas é o papel do psicólogo, eu acho, enfim, a ideia é incrível.
Me dou por vencido sabendo que ela não vai desistir e que Deus nos acuda.
saio de caso direto para o consultório e logo a paciente chega.
Reclama de como o marido não a da atenção, o quanto eles tem brigada e fala que quer mudar isso, mas, não tenho tanta certeza, parece mesmo que ela quer mudar é de status civil, ela está completamente desprazerosa com o relacionamento atual e a conexão com o marido ja foi a mais tempo do que acho que ela seria capaz de admitir.
Ainda estão ouvindo ela se queixar, quando a secretária, da dois toques rapidos na porta
pedindo licença, saio um instante e vejo Gisele ao lado dela o que estranho, pois ela não é de vim aqui enquanto estou em atendimento.
-Oi? ta tudo bem?
Dou um selinho rápido nela.
-Tudo sim, só tô com uma enxaqueca dos infernos e na sua casa não tem mais nenhum remédio, então vim aqui na farmácia do lado, mas decidi passar aqui pra perguntar se não quer me encontrar depois na sorveteria, sua consulta deve ta acabando ja né?
Ela olha ao relogia para confirmar que falta pouco pra 8:50 que é quando acabo a consulta.
-ja falei sobre essa mania de ta se alto medicando, tem que ir em um medico e tomar uma vitamina.
- Sim senhor.
ela bate uma continência forçada e sorri.
-São só enxaquecas, tenho desde sempre, um remedinhos e ta tudo resolvido.
ela me da outro selinho apressado enquanto saí sem me dar tempo de responder, porém, antes de chegar na porta ela se vira novamente.
-Te encontro na sorveteria.
Ela sai me deixando la parado uns segundos ate lembrar que Dona Rosana está na sala me aguardando.
entro pedindo desculpas e demora um pouco mais de dez minutos ate a consulta acabar, pego algumas coisas e vou ate o shopping que fica alguns passos do meu consultório, só então me Lembro que Gisele não falou em qual sorveteria estaria, pego o celular e mando uma mensagem "ta onde? to aqui na entrada"
demora uns minutos e nada de uma resposta, mando outra mensagem "sabe que não sou telepata né? onde tu ta?"
nada ainda
decido ligar, mas como de costume ela não atendi, Gisele tem uma pessima mania de deixar sempre o celular no silencioso, então, não adianta o qual importante for, ela não vai te atender.
decido ir na praça de alimentação procurar, nessa área existem duas sorveterias que Gisele é apaixonada, Sei que está em uma das duas.
ao chegar na praça, estranho o movimento que esta acontecendo no momento, não consigo ver exatamente o que está acontecendo, mas tem muita gente ao redor de algo que não consigo identificar, tento encontrar Gisele entre as cabeças curiosas mas nada, então me aproximo, enquanto continuo tentando ligar para ela.
"você viu na hora? ela caiu do nada! morri de medo"
exclama alguem
"O que sera que vão fazer?"
pergunta o outro
"alguem ligou para uma ambulância"
uma terceira voz ecoa
"ela deve ter parentes, ja tentaram ligar para alguém "
uma mulher fala preocupado
"certo vou procurar o celular dela"
ouço agora uma voz masculina, enquanto irritado continuo tentando ligar para Gisele, não acredito que ela me fez vim ate aqui e sumiu, me afasto da multidão um pouco tentando deixar um recado para ela, está muito barulho e seja lá o que aconteceu ali, com tanta gente não vou conseguir ver.
deixo um recado dizendo que vou esperar no consultório e vou indo em direção da porta principal quando ela finalmente atende, estou pronto para uma bronca quando percebo que a voz do outro lado não é a de Gisele, é a de um homem que lembro de reconhecer de algum lugar, mas não sei de onde.
"oi, graças a Deus, não sabia o que fazer, o celular da moça tem senha, graças a Deus o senhor ligou, o senhor é parente da dona? o senhor precisa vim ao shopping, ela nao ta muito bem não, a gente chamou uma ambulância, mas ela ta sozinha"
fala a voz preocupada do outro lado da linha e só então reconheço é o homem que estava na multidão da praça de alimentação.
não sei exatamente qual foi minha reação, mas nos próximos segundo estou novamente na praça de alimentação, diferente da primeira atrevesso o mar de pessoas sem me importar com os resmungos quando empurro alguns, no meio do caminho até o meio do círculo que havia sido montado vejo um homem no celular tentando contatar a outra pessoa do lado "senhor, senhor" e só então Lembro que não desliguei a chamada, desligo e no mesmo instante ele olha pra frente sem entender, mas por algum motivo assim que me olha, de alguma forma, ele sabe, sabe que ali, sabe-se la onde ou como, está o amor da minha vida.
Ele nao fala nada, apenas aponta com o rosto para um canto onde tem ainda mais pessoas e eu sigo.
Ao chegar la o mundo para em meus pés, vejo Gisele jogada no chão desmaiada, a bolsa dela esta nas maos de uma senhora que a olha com atenção, mas ao seu lado tem uma pequena sacola com o nome farmacia e uma caixinha de remédio saindo para fora.
fico parado sem saber o que fazer, um ar parece ter sumido, simplesmente some.
"ela caiu tem uns 10 minutos, a ambulância está chegando"
o mesmo homem que me ligou fala, me entregando o celular dela.
corro até ela e choro, choro na frente de todos com Gisele no colo como uma criança e neste momento é exatamente como me sinto, como uma criança, como uma criança culpada.
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Querido psicólogo
RomansDepois de perceber o humor oscilante de sua filha, Olívia resolve levá-la a um psicólogo, mas, nem imagina o quanto isso mudará a vida de todos. Henrique, um homem bem sucedido no ápice da sua carreira se ver intrigado com os sentimentos causados pe...