você sabia?

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Gisele

Assim que Sophia sai, entro no escritório, onde, meus pais vêm algumas coisas do trabalho.

-Eu cansei dessa situação! - Vejo eles me olharem com estranhamento -Sophia precisa saber.

-Gisele, você sabe que não podemos - Meu pai fala com um olhar sereno

-Nós a perderíamos e o pior, ela se perderia. Ela começou a ter avanços no tratamento, não podemos regredir - Ela fala nervosa, como sempre fica, quando o assunto é mencionado.

-Chega de mentiras! Vocês acham mesmo que isso tá ajudando no tratamento? Sophia não avança no tratamento porque não conhece a fonte depressiva  - Falo nervosa.

-E quem te falou isso? Seu namoradinho psicólogo que nunca conversou com Sophia por mais de dez minutos? - Minha mãe grita nervosa.

-Meninas, mantenham a calma - meu pai intervém.

-Sim, foi ele que me falou, mas não precisa de muita coisa pra saber que ninguém que passou o que ela passou pode simplesmente esquecer. Para de mentir pra si mesma e pense na sua filha - Falo ainda mais nervosa.

-Essa é uma decisão não é sua! - Ela se levanta.

-Mas que atinge toda nossa família! Será que não percebe isso? Você sabe o que Sophia escreveu como seu maior medo? O medo do abandono! Você acha mesmo que foi o abandono daquelas pirralhas mimadas do ensino médio que a traumatizou? - Falo o óbvio -Ela precisa saber de uma vez a verdade! Isso está a matando. - Falo um pouco mais calma, lembrando o qual delicado tudo aquilo é para os meus pais.

-E como você quer que a gente fale uma coisa dessas pra ela? - Ela fala com algumas lágrimas nos olhos. - O que você quer que a gente diga exatamente?

-Que tal a verdade! O que vocês estão me escondendo.

A parti daquele momento tudo foi muito rápido Sophia entrou com aquela frase, vi  que minha mãe vai ao chão em lágrimas e o meu pai a olhar petrificado.
Sophia ansiava por respostas e eu não sabia exatamente o que ela tinha ouvido mas sabia que havia sido o suficiente e que a partir daquele momento uma muralha com a grande mentira havia acabado de cair e que nada mais seria o mesmo e por um instante sentir medo, porém, sabia que algo deveria ser feito e só quem poderia fazer isso naquele momento seria eu.

Sair do canto onde eu estava e passei por Sophia e com um sussurro falei: "sente-se, temos uma longa história para te contar".
Passei pelo bebedouro e peguei um copo de água e um pouco de café.
Entreguei o café ao meu pai e o despertei com a frase: "Eu não posso fazer isso sozinha. Recomponha-se e seja o homem forte que eu conheço".
E então fui pra parte mais frágil; Minha mãe que estava no chão, as pequenas lágrimas de pouco antes haviam se transformado em um grande choro com gritos e gemidos.
Dei a água a ela e a ajudei a se levantar quando ela se acalmou minimamente.
Minha mãe era uma mulher forte, provavelmente a mãe forte que alguém teria o prazer de conhecer e mesmo aquele sendo um baque gigantesco ela sabia que precisava fazer algo.
Todos nós sabíamos.
Só não sabíamos como.

Então foi eu que fiz.

-Alguns anos atrás existia um casal extremamente apaixonado - Vejo Sophia me olhando confusa. -Eles eram muito felizes e um dia decidiram que estava na hora de dividir essa felicidade.

-Mas não foi tão simples, ela era estéril e por mais que fizessem tratamentos, se passou 3 anos e nada resolvia - Meu pai completou quando eu não soube como continuar - A mulher sofria por não poder dar um filho ao marido e mesmo sabendo de todo amor e devoção que o marido tinha por ela, ela sentia que algo faltava.

Querido psicólogoOnde histórias criam vida. Descubra agora