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A mesma mulher loira me pergunta se eu preciso de ajuda para saber sobre as armas ou sobre atirar, mas eu nego. A mulher então sai da sala, fechando a porta e me deixando sozinha com meus pensamentos.

A primeira vez que vi uma arma foi com 15 anos, mas a primeira vez que usei uma arma, foi aos 18 anos. Então eu sabia sobre esse assunto.

Já estudava sobre armas a muito tempo. Mesmo as armas brancas sendo a minha paixão, também estudava sobre armas de tiros. E vir hoje aqui me fez relembrar algumas coisas que vivi.

Caminho em direção a mesa de madeira em tom claro que tinha em um canto da sala. Nela tinha algumas armas diferentes, como por exemplo, pistolas, metralhadoras, glock's e outras. Também tinham coldres, munições, pentes, fones para abafar o som e óculos de proteção.

Pego os óculos de proteção e coloco em meu rosto; depois pego os fones e faço o mesmo. Então, pego uma pistola. Tiro o pente e o carrego com munições. Coloco de volta no lugar e me dirijo a parte onde tem uma espécie de buraco na parede.

A sala era toda em tons de cinza escuro. Nela tinha a parede onde ficava a mesa, e a parede de frente, onde ela era aberta e poderíamos ver os alvos.

Paro bem em frente aos alvos e eu não enxergava mais um simples alvo de metal em formado de um ser humano. Era ele quem eu via.

Os círculos coloridos que eram desenhados no papel já não eram mais vistos assim por mim. Agora eles tinham a cor da pele clara que ele tem. Tinham a cor da camiseta que ele usou a última vez que eu o vi.

O formato que o metal tinha antes, já não era mais assim. Era ele. Não era mais um alvo, era o alvo.

Respiro fundo e balanço minha cabeça tentando tirar aquela visão dos infernos de minha cabeça.

Pego a arma com minha mão direita e a levanto, aponto para o alvo de metal a minha frente. Meu braço estava reto, meus pés posicionados e meu dedo indicador no gatilho.

Aperto o gatilho.

O som abafado da bala sendo disparado e acertando na cabeça do alvo. Na cabeça dele.

Eu teria coragem de fazer isso com ele? Me pergunto, mas a resposta não aparece.

Troco a arma de mão. Agora faço o mesmo com a mão esquerda. Pés posicionados, braço esticado, dedo no gatilho e foco. Não era mais ele o alvo. Agora o alvo era um simples pedaço de metal com um tiro na cabeça.

Aperto o gatilho.

A bala acerta a altura do coração dessa vez. Agora, seguro a arma com as duas mãos. Repito os mesmos procedimentos. Aperto o gatilho. Em cheio na cabeça.

Vou fazendo isso até acabar as munições.

Volto para a mesa e troco de arma. Agora sim eu iria descarregar tudo o que eu estava sentindo. Pego a metralhadora.

Volto para o lugar dos alvos, mas antes, aperto no botão em que faz aparecer mais nove alvos. Agora são dez alvos. Mas para dificultar mais, são dez alvos que se mexem. Uns se mexem de um lado para o outro, mas outros se mexem de cima para baixo, ou de baixo para cima.

Apoio a metralhadora no meu ombro direito. Arrumo meus pés, posiciono minhas mãos, coloco meu dedo no gatilho, aponto para o primeiro alvo e olho para a mira.

Aperto o gatilho e começo a disparar balas em todos os alvos. Tento sempre acertar na cabeça ou na altura do coração.

Depois de alguns curtos minutos de disparos frenéticos, a munição finalmente acaba. Tiro a arma de meu ombro e coloco ela de volta na mesa. Tiro meus fones e os óculos e coloco sobre a madeira de novo.

Opposites but equalsOnde histórias criam vida. Descubra agora