5.

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Me jogo em minha cama depois de mais um turno na cafeteria, pego o meu celular e entro no Instagram. Vejo um story da Liz, ao lado dela está o Peter e o que me parece, está forçando um sorriso. Reviro os olhos. Já estão assim? Postando foto juntos? Lembro da última vez em que nos falamos e sinto meus olhos marejados. Desde então, só trocamos olhares pela escola. Peter agora tem andado com Liz e seu grupinho, deixando até mesmo Ned de lado.

- Hey MJ! - Escuto uma voz adentrando ao meu quarto. - Te trouxe algo. - Levanto o meu olhar e é o Homem Aranha. Todos os dias desde a última vez, ele invade o meu quarto. Não posso reclamar, tenho gostado muito da companhia dele mesmo sem nem saber nada ao seu respeito, nem mesmo o seu nome.

- Você não tem uma cidade para salvar, sei lá? É realmente mais interessante invadir o quarto de uma garota solitária? - Pergunto enquanto me levanto da cama.

- Ah, me desculpe. Eu posso ir embora e levar isso comigo. - Ele abre uma caixa pequena que segura e me mostra os donuts dentro dela.

- Não, não, não! Me desculpe, senhor. Eu realmente não sabia do seu poder de convencimento. Peço perdão. - Sorrio e faço uma reverência à ele. Ele ri.

- E é assim que se conquista uma garota. - Ele diz e eu o olho sem dizer nada.

Quebro o silêncio pegando um donut e o mordo com toda a vontade. Fecho os olhos ao mastigar sentindo aquele sabor maravilhoso.

- Está sujo aqui. - O Homem Aranha se aproxima de mim e com um guardanapo limpa o canto da minha boca. Nos encaramos por eternos segundos.

- SOCORRO! SOCORRO! - Somos interrompidos por gritos próximos. Rapidamente o Homem Aranha me entrega a caixa de donuts e vai para a sacada do meu quarto.

- Ei! - Interrompo o salto dele, fazendo que ele se vire para mim. - Toma cuidado, tá bom? - Digo e sinto o meu coração apertar. Ele assente e salta da sacada se segurando em suas teias.

Não sei o seu nome, não sei sua idade, não sei onde mora, não sei nem a cor dos seus olhos. Mas sei que me importo com ele.

[...]

- Um amigo seu esteve aqui ontem. - Sr. Ramirez diz e eu o encaro parando de limpar as mesas.

- Amigo? Qual amigo? - Pergunto curiosa, como se eu tivesse muitos amigos.

- Um tal de Peter Parker. - Sr. Ramirez diz e eu continuo o encarando.

- É, e o que ele veio fazer aqui? - Questiono fingindo não ter importância.

- Ele perguntou se você estava e levou uma caixa de donuts. - Sr. Ramirez diz e eu reviro os olhos.

- Ah, tanto faz. - Dou de ombros.

- MJ, vou precisar sair para resolver algumas coisas. O Jacob virá para te ajudar. - Assinto. Droga! Tudo menos o Jacob. Jacob é filho do Sr. Ramirez e... bom. É um nojento.

- Fala galera! - Jacob entra na cafeteria e meu estômago revira. - Parece que estão precisando de mim, né? - Jacob fala sorrindo e abrindo os braços. Permaneço calada e limpando as mesas aproveitando que a cafeteria está vazia.

- Vá para o trabalho. Estou com pressa! - Sr. Ramirez entrega o avental para Jacob e sai.

- Agora somos só eu e você, MJ. - Jacob fala enquanto se aproxima de mim e me agarra por trás. - A linda e inteligente MJ. - Ele respira perto do meu pescoço.

- Já falei para me deixar em paz, Jacob! - Me viro e tento o empurrar.

- Bom, eu posso conversar com o meu pai e fazer você perder esse seu emprego de merda. - Ele diz e eu permaneço calada por precisar daquele emprego. Ele segura o meu corpo contra a mesa e tenta me beijar. Desvio e logo após somos interrompidos por alguns clientes que entram na cafeteria. Salva pelo gongo. Jacob se afasta e me lança um olhar que me deixa assustada mas mesmo assim coloco um sorriso no rosto para receber as pessoas. Jacob amarra o avental ao seu corpo e me ajuda a atender os clientes.

Uma presença familiar adentra a cafeteria. Liz Allan. Logo vejo que Jacob a atende, parecem amigos de longa data ao conversarem e rir. Vejo que Jacob anota algo no bloco de papel e arranca a pequena folha entregando para Liz, supondo eu, ser o seu número.

Depois de mais alguns clientes e mais algumas horas, o turno na cafeteria se encerra. Jacob já havia ido embora há alguns minutos e eu agradeço pela cafeteria ter permanecido cheia de clientes hoje evitando com que ele me perturbasse.

Tranco a porta da cafeteria e confiro se a mesma está realmente trancada. Caminho rapidamente por uma rua escura e sem nenhuma alma viva apertando os meus pés ao chão à caminho de casa. Alguém me puxa para um beco escuro, colando o meu corpo contra a parede e eu me prontifico à gritar por ajuda mas sou interrompida.

- Shhh, caladinha! - Reconheço a voz de Jacob que tampa a minha boca com uma mão e outra se enfia pela minha barriga e aperta a minha cintura. - Não adianta tentar fugir de mim, MJ. Eu sempre vou te achar. - Ele encaixa o rosto no meu pescoço, o cheirando. Tento o empurrar mas sem sucesso. - Você tem um cheiro tão... - Escuto um barulho próximo.

- Ei, cara! Solta ela! - Olho para cima e vejo o Homem Aranha no telhado.

- E se eu não soltar, você vai fazer o que? - Jacob diz ainda me segurando.

- Você não vai querer saber. - O Homem Aranha pula do telhado e se aproxima de nós.

- Ah, qual é cara?! Não está vendo que ela está gostando? Você está atrapalhando. - Balanço minha cabeça em negação e vejo uma lágrima rolar. Estou com medo.

- Eu avisei... - O Homem Aranha fala antes de lançar uma teia sobre Jacob jogando ele para longe e então iniciando uma surra. Confesso que gostei.

Vejo Jacob sair correndo com um olhar assustado.

- Você está bem? - O Homem Aranha se aproxima de mim e toca o meu braço.

- Estou... acho que estou. - Seco a lágrima que ainda estava parada ali no meu rosto.

- Tem certeza? - Mesmo que não consiga ver o seu rosto, ele parece preocupado.

- Sim, tenho. Eu preciso ir. - Pego a minha bolsa que estava no chão. - Obrigada. - Dou um sorriso fraco para ele.

- Eu te levo para a casa, vem. - Ele me estende a mão.

- Não precisa.

- Eu faço questão. Vamos! - Ele me estende a mão mais uma vez. Dou a mão para ele.

- Mas a gente precisa mesmo ir andando de mãos dadas? - Olho confusa para ele.

- Quem disse que vamos ir andando? - E de repente ele agarra a minha cintura e lança uma teia no prédio à frente e nossos corpos são lançados rapidamente de prédio à prédio.

- AAAAAAAAAAAAAA! - Grito fazendo ele rir.

- Não é tão ruim assim, né? - Ele diz ainda à caminho da minha casa.

- É péssimo! - Seguro forte em volta do seu pescoço e fico de olhos fechados.

- Desse jeito, você vai me fazer desmaiar. - Ele diz fingindo tossir.

- Ah, desculpa... - Abro os olhos e coloco menos força ao apertar ele.

Avisto o meu quarto à frente e logo menos já estamos na sacada. Ele me coloca com cuidado no chão e se pendura pelo teto de cabeça para baixo.

- Obrigada. - Sorrio para ele.

- Não precisa agradecer. - Ele continua me encarando de cabeça para baixo.

- Claro que preciso. Você é um verdadeiro herói. - Me aproximo dele e novamente estamos ali nos encarando.

Coloco a mão sobre o seu rosto coberto por aquela máscara.

- Queria poder ver o seu rosto. - Digo e o vejo puxar um pouco sua máscara até sua boca a deixando descoberta. Reparo que sua pele é branca e sua boca formam dois traços.

Ele permanece sem dizer nada. Me aproximo dele e sinto o calor do seu corpo. Aproximo a minha boca sobre a dele e nos beijamos. Um beijo quente mas calmo, e ainda mais incrível por ele estar ali me beijando de cabeça para baixo.

Eu beijei o Homem Aranha.

My Spider Man - Peter Parker (Tom Holland)Onde histórias criam vida. Descubra agora