29.

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Dentro de algumas horas, eu estaria longe de Nova York. Longe da cidade em que eu cresci, onde eu coleciono momentos felizes, mas também, momentos terrivelmente tristes. Longe de casa.

Adentro os corredores do hospital à procura do quarto indicado pela enfermeira. 308. Entro no quarto e consigo ver o Sr. Ramirez deitado sobre uma cama e com diversos aparelhos ligados à ele.
Meu coração que antes batia acelerado, toma os seus batimentos normais e consigo sentir como se estivesse despedaçando. Ver o Sr. Ramirez naquele estado me deixou extremamente abalada. Sinto os meus olhos se carregarem com lágrimas prontas para descerem pelo o meu rosto, mas respiro fundo à ponto de segura-las enquanto mantenho o meu corpo imóvel sobre a porta do quarto, observando a figura do Sr. Ramirez de olhos fechados, parecendo repousar.

- MJ? - O Sr. Ramirez praticamente sussurra e permanece de olhos fechados.

- Sr. Ramirez. - Falo, ainda na porta. - Como o senhor sabe que sou eu?

- A sua boa energia contagia. - Ele abre os olhos e eu percebo uma expressão cansada em seu rosto. - Eu a reconheceria em qualquer lugar. - O Sr. Ramirez sorri fraco.

- Eu senti a falta do senhor. - Sorrio.

- E eu senti falta do seu café duplo sem açúcar. - Ele brinca e me faz rir.

Sr. Ramirez começa a tossir e parece que não irá parar. Me aproximo da cama dele e o olho preocupada.

- Está tudo bem? - Pergunto assim que o Sr. Ramirez para de tossir e leva a mão ao peito.

- Está. - Ele parece cansado ao dizer.

- Aqui. - Alcanço um copo d'água ao lado da sua cama e o entrego. - Beba.

Ele bebe a água lentamente enquanto parece sentir dor a cada gole que ingere.

- Eu esperei por você, MJ. - O Sr. Ramirez diz e me olha enquanto me entrega o copo.

- O que o senhor quer dizer com isso? - Pego o copo e olho para o Sr. Ramirez.

- Estou indo embora. - Ele sorri de canto.

- Sr. Ramirez, o qu... - Não consigo terminar de falar mas já sinto os meus olhos sendo marejados de novo.

- Já passei por algumas cirurgias, porém o meu corpo está fraco demais. Perdi muito sangue com a explosão da cafeteria e tive que... - O Sr. Ramirez puxa o lençol que cobre o seu corpo e os nossos olhares vão até a suas pernas. Ou melhor, o que eram as suas pernas. Foram amputadas. Sinto o meu corpo se tremer e um sentimento de pena tomar conta de mim. - Os meus pulmões estão comprometidos demais para que eu consiga respirar sem esses aparelhos. - Ele completa.

- Sr. Ramirez... - A tentativa de segurar as lágrimas falha e elas rolam pelo o meu rosto.

- MJ, não... - O Sr. Ramirez tenta falar mas é tomado pela tosse novamente.

- Não precisa dizer nada, Sr. Ramirez. Eu só sinto muito. - Falo enquanto coloco o copo d'água em cima da escrivaninha ao lado da cama dele.

- Vai... me fala... - Ele tosse mais uma vez. - Sobre aquele seu amigo que foi aquela vez na cafeteria comprar donuts e perguntou de você. - Sr. Ramirez sorri.

- É o Peter. - Sorrio enquanto seco as lágrimas. - Bom... não estamos mais juntos. Quer dizer... - Faço uma pausa. - Eu estou indo para o MIT agora e nós... - Abaixo a cabeça.

- Mas você o ama. - Sr. Ramirez conclui.

- Sim. - Olho para o Sr. Ramirez e sorrio.

- Minha querida, se tem uma coisa que eu aprendi nessa vida, é que o amor tudo suporta e que as pessoas que se amam, não devem ficar separadas. Se você realmente o ama, não o deixe ir. - O Sr. Ramirez diz e eu fecho os meus olhos ao meu lembrar do Peter. Por alguns segundos, permaneço em silêncio enquanto coloco os pensamentos nos seus devidos lugares.

My Spider Man - Peter Parker (Tom Holland)Onde histórias criam vida. Descubra agora