Anos atrás...

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Os dias que acreditei serem os melhores da minha vida, não passaram de uma mentira.

Conheci o Breno no 2° ano do ensino médio. Ele tinha sido transferido um pouco depois das aulas começarem e sua família havia se mudado para uma casa próxima a minha.

Ele era lindo, alto, olhos verdes, o cabelo cor de areia. Parecia aqueles modelos de capa de revista que eu e minha amiga Carla babavamos.

Eu nem pensei que ele olharia para mim. Não me acho feia, sei que sou uma garota normal. Não sou magra, mas também não sou gorda. Carla fala que tenho as curvas no lugar certo. Meu cabelo é preto e tenho olhos azuis e pele branca de quem não pega sol, o que não é uma surpresa, já que passo os meus dias trancada no teatro da escola ou em casa grudada na TV assistindo minhas atrizes favoritas.

As garotas da escola só faltavam pular no colo dele. Inclusive a minha irmã, Geovana. Ela não é minha irmã de sangue. Meu pai se casou com a mãe dela a uns quatro anos e desde então dividimos o mesmo teto.

Ela nunca fez questão de que soubessem do nosso laço familiar. Aprendi isso na prática, quando no primeiro dia de aula após a mudança dela e da mãe para minha casa, meu pai nos deixou na porta da escola e assim que ele saiu ela me deu as costas e foi para o seu grupinho de meninas populares, que eu não fazia parte.

Eu e Carla riamos dela e das amigas todas bem-produzidas babando nos meninos durante o treino.

Minha escola tinha um excelente programa de futebol. Muitos dos alunos foram jogar em times profissionais depois que se formaram e o Breno foi um deles.

Ele era um excelente jogador, mas ele também era mais. E foi assim que eu o conheci, no grupo de teatro da escola. Ele amava atuar como eu. E acabamos ficando próximos. Ele passou a frequentar a minha casa e com o tempo começamos a namorar.

Geovana nunca aceitou isso bem e nem a mãe dela, que apoiava todas as ideias doidas da filha. Meu pai gostava do Breno e por isso, apesar de todas as fofocas da mulher, sempre apoiou nosso namoro.

O tempo passava e ficávamos cada vez mais próximos. Eu estava completamente apaixonada por ele.

Poucos meses antes de me formar o meu pai teve um ataque cardíaco, ficou semanas no hospital. Perdi minha festa de formatura para ficar com ele. O Breno quis ficar comigo, mas fiz ele ir à festa, não seria justo ambos ficarmos trancados num hospital.

Depois dessa noite, as coisas ficaram estranhas entre nós por alguns dias. Ele se afastou um pouco, mas com a recuperação do meu pai eu não pude dar muita atenção a isso. Carla também não soube me dizer se havia acontecido alguma coisa, apenas viu o Breno dançando com a Geovana.

Eu confiava no Breno, então não pensei muito nisso. O que foi um grande erro.

Bom, o tempo passou, ele jogava profissionalmente e eu estava estudando em uma faculdade de artes cênicas. Nos víamos sempre, as coisas estavam perfeitas. Até que em um dia, meu lindo namorado me chamou para jantar em um lugar diferente do que costumávamos ir e lá, me pediu em casamento com direito a flores e champanhe.

Um ano e meio depois disso, nos casamos. Foi uma cerimônia linda, com meu pai me levando ao altar, já completamente recuperado. Foi um dos dias mais felizes da minha vida. O Breno estava lindo de terno, me olhando do jeito que eu esperava ser olhada nessa hora.

Tiramos fotos com todos. Hoje eu consigo ver o olhar de inveja e raiva da minha irmã postiça nas fotos, mas naquele dia eu só conseguia ver o sorriso no rosto do meu lindo marido.

Ficamos uns meses longe, já que o contrato dele era com um time fora do Estado. Eu tranquei a faculdade e me dediquei a ser a melhor esposa que meu marido poderia querer. Vivíamos felizes. Minha família foi nos visitar umas duas vezes e em todas elas o Breno ficava estranho.

De volta para casaOnde histórias criam vida. Descubra agora