O fim e o recomeço

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Acordei horas depois no hospital com a Carla sentada perto de mim.

Ela me disse que quase tive um aborto, mas que eles conseguiram salvar os meus bebês. Eu chorava de alívio e alegria. Eu teria gêmeos!!! Como ainda estava no começo no dia da primeira consulta, a médica não fez a ultra, eu iria fazer dentro de alguns dias. Junto com meu marido.

A lembrança fez meu peito doer.

Expliquei tudo o que aconteceu a Carla. Desde a traição do meu marido ao ataque monstruoso da Geovana e da mãe. Ela ficou horrorizada, mas acreditou em tudo o que contei. Carla nunca tinha gostado da minha irmã postiça.

Ela me contou que assim que chegamos ao hospital ligou para o Breno que não atendeu e depois para a meu pai que estava muito irritado ao telefone. Ela não tinha entendido como ele não correu para o hospital me ver, apenas pedindo para mantê-lo informado. Elq me disse também que quase contou da minha gravidez quando horas depois ninguém havia aparecido para me ver, mas decidiu esperar eu acordar.

Eu fiquei dias internada e apenas a Carla e o marido vieram me visitar. No dia em que o médico me avisou que teria alta na manhã seguinte resolvi ligar para o meu pai do telefone da Carla já que a única vez que tentei do meu ele não atendeu e nem retornou. 

Foi a pior conversa que já tive com meu pai.

Ele acreditou totalmente no que a víbora da minha madrasta e a filha contaram, mas disse que viria me ver antes de ter alta. Ver meu pai e o olhar de decepção no rosto dele foi ainda pior que apenas ouvir, mas ainda assim, eu não estava preparada para o que ele iria me dizer quando eu perguntei se podia voltar para casa.

Ele respirou fundo e sem fazer cerimônia disse que não. Me explicou que a Geovana teve alta naquele dia mais cedo e que estava na casa. Eu perguntei se ele sabia da traição dela e do Breno e ele disse que sim, mas o que eu tinha feito era muito pior. Tentar matar uma criança inocente, o seu neto, e a própria irmã ele não poderia aceitar. Meu pai me contou como a minha irmã havia sido generosa e não quis me denunciar para a polícia, o que não me surpreendeu, já que a polícia facilmente descobriria que eu não toquei nela.

Ele falou que por conta de tudo, ele acabou tendo que aceitar o romance dos dois e que apenas pediu para que esperassem um pouco para morarem juntos e enquanto isso ela ficaria morando com ele e a mãe e eu não poderia ir para lá. A rejeição que senti do meu próprio pai doeu tão fundo que a promessa de não chorar que fiz para mim mesma, foi quebrada.

Eu perguntava como ele podia acreditar que eu, a filha dele, que ele criou desde bebê, havia feito aquilo tudo. Meu pai saiu do meu quarto de hospital após dizer que ele não queria acreditar, mas que era muito difícil depois de ver o estado da filha dele. Ouvir o homem que me criou chamando a mulher que me feriu tanto de filha e me ignorando foi a gota d'água. Passei mal naquele dia e a alta que estava para receber foi adiada.

Meu marido mandou um advogado me visitar informando que pagaria o meu plano de saúde somente até aquele mês e depois disso era para eu me virar sozinha, caso precisasse de mais cuidados.

Fui avisada também que o processo de divórcio já estava em andamento e que meu estimado marido deixaria para mim apenas o carro que ele havia me dado no meu aniversário e que se eu questionasse isso, ele me tomaria tudo e me entregaria para a polícia. 

Saí do hospital e graças a minha amiga, não fiquei na rua. O marido dela, Fernando, que é advogado me ajudou com a documentação do divórcio e não me cobrou nada. Passamos por uma audiência e essa foi a primeira vez que reencontrei o Breno depois do que aconteceu. Após assinarmos a documentação ele se aproximou de mim e disse que se arrependia muito de ter me magoado, mas que nunca me perdoaria por tê-lo quase feito perder o filho e que não queria me ver nunca mais. 

De volta para casaOnde histórias criam vida. Descubra agora