Finalmente o dia havia chegado e eu estava uma pilha de nervos. Passei a noite com o Tomás, mas nem ele conseguiu me acalmar totalmente. Deixamos os meninos na escola e fomos para o lugar onde tudo iria acontecer.
Chegamos em um dos galpões do estúdio que estava vago. Uma série havia sido gravada ali, mas desde que tinha terminado, cerca de duas semanas atrás, o lugar ainda estava vago. Quando chegamos já estava tudo praticamente pronto, havia câmeras em pontos estratégicos e ainda algumas escondidas. O cenário para minha cena com a Geovana e a mãe era muito parecido com a casa que morei com o Breno.
A ideia foi do diretor. Ele disse que isso seria um choque para elas logo de cara e as desestabilizaria logo de cara. Deixamos escapar a notícia que ele faria um teste para seu novo filme. A descrição da personagem foi feita com base na aparência da Geovana, assim não teria como ela perder. Para ajudar, pedi para a esposa do Thales comentar com as mulheres do time sobre esse teste e também sobre um papel coadjuvante, o de uma senhora da idade da Gisele.
A isca deu super certa. As duas se inscreveram ontem. Quando vi o nome de ambas na lista meu coração acelerou. Carla e o Fernando também viriam, eles chegariam mais perto da hora que os testes começariam e entrariam pela porta de trás para não chamar atenção. O diretor me levou para o camarim e eu me vesti igual ao dia que tudo aconteceu. Coloquei uma peruca, já que na época meu cabelo estava mais longo e sem as luzes que fiz para a série.
Eu havia chamado algumas pessoas para assistir aquilo tudo. O Leonardo e a Fernanda, o Thales e a esposa e ela chamou alguns casais que conheci na festa. O Thales me fez um grande favor e levou o Breno. Disse que a esposa faria o mesmo teste que a Geovana e que iria assistir como uma surpresa e chamou ele junto.
Todos chegaram e foram levados para uma sala especial. Ela dava vista para todo o cenário, mas por conta de um jogo de luz não conseguíamos ver quem estava lá dentro pelo vidro. Estava muito agitada e só piorou quando Tomás entrou no camarim avisando que a Carla havia chegado com meu convidado especial, o meu pai.
Tomás foi para a sala junto com a minha amiga e o marido. Eles três e o Leo teriam o trabalho de manter meu pai e o Breno lá dentro assistindo tudo. Até a Fernanda, que soube de tudo, me disse que também ajudaria se precisasse.
Pedi para providenciarem uma ambulância também. Apesar de querer jogar toda a verdade sobre o meu pai eu morria de medo dele passar mal, então quebrando toda regra de privacidade, pedi ao detetive o contato do médico do meu pai e o trouxe até ali também. Ele estava afastado pois meu pai desconfiaria logo de cara, mas estava ali, com a ambulância e uma pequena equipe de médicos e enfermeiros pronto para qualquer coisa. Eu só esperava que não fosse preciso.
Às 9h em ponto o portão foi aberto e a secretária da minha agente, que disse que não perderia aqui de jeito nenhum, chamou a Geovana e a mãe. A desculpa era que os papeis das duas se ligavam então o teste seria feito juntos. O lugar estava vazio. Só tinha o diretor, essa assistente e um câmera. Eu estava escondida em um canto, aproveitando a sombra do estúdio e vi a cara de espanto da Geovana quando ela viu o lugar.
- Bom dia, senhoras!
- Bom dia, diretor Vonnes. É uma honra poder participar desse teste. Disse a Gisele.
Geovana apenas disse bom dia, ela ainda parecia um pouco tonta pela semelhança do lugar.
- Vocês duas podem ir se acostumando com o cenário. Tentamos fazer parecer o máximo com uma casa de família classe média. O que vocês acham?
- Está perfeita. Falou Gisele puxando saco do diretor.
- Que bom que acharam. Nós já vamos começar. Aqui está a fala de vocês, estamos apenas esperando mais uma pessoa.
- Mais uma pessoa?
- Sim, é uma atriz em ascensão. Ela está escalada para ser a mocinha que vocês irão passar a perna. Daqui a pouco ela está chegando... ah, olha ela aí.
As duas se viraram e me viram. A cara de espanto delas foi impagável.
- Você? Falou Geovana.
Fingindo surpresa também falei.
- Não acredito! Que mundo pequeno! Se bem que o papel cai certinho para as duas.
O diretor chegou perto, ele fingiu surpresa e na minha opinião, se ele se cansasse de dirigir teria uma excelente carreira atuando.
- Vocês se conhecem?
- Conheço. Ela é a esposa do meu pai e essa aí é a filha dela.
- Ual! Isso daria o que falar, todas vocês no mesmo filme.
- E a arte estará imitando a vida, dessa vez.
- Não entendi!
Quando ia abrir a boca para falar, Gisele se adiantou.
- Nada! Ela não disse nada. Falou e me lançou um olhar de raiva.
- Bom, então vamos começar o teste?
- Claro, por favor! Disse Geovana ansiosa.
Nessa hora, como o combinado, a assistente entrou e falou que havia um problema com o áudio e chamou o câmera. Fingindo irritação, o diretor foi atrás.
Aproveitando o momento, Gisele se virou para mim. Seu rosto estava tomado de raiva.
- Você não vai estragar isso para nós.
- Ou?
Agora foi a vez da Geovana se aproximar e falar.
- Ou você vai se ver com a gente. Pensa que eu esqueci que você sabotou a minha filha naquele teste?
- Eu não fiz nada disso que está falando!
- Ah não? Quer dizer então que aquela pirralha feia era melhor que a minha neta?
Meu sangue ferveu ao ouvir ela falando da Luna.
- Eu disse para sua filha ficar longe da Luna e isso serve para você! Não ouse falar da Luna. Ela é uma menina doce e incrível. Eu não sei como sua neta é, mas sendo criada por duas cobras só pode se tornar uma.
- Não fale da minha filha, sua idiota!!
- Ou o que? Vai inventar que te bati novamente? Melhor, vai mentir dizendo que tentei te matar outra vez?
Gisele olhou envolta, vendo se alguém tinha voltado e como estávamos sozinhas ela continuou a falar, mas agora seu sorriso para mim era cruel, frio.
- Cuidado, garota!! Seu tombo agora seria muito maior. Não só o burro do Breno acreditaria ou o idiota do seu pai, mas imagina se os seus fãs ficassem sabendo? Você perderia aquele dois melequentos em um piscar de olhos!
Eu queria pular no pescoço dela, mas precisava me controlar. Ela finalmente estava falando.
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De volta para casa
RomansaTraída e humilhada pelas pessoas que ela mais amava e confiava, Bianca precisou fugir para sobreviver. Mas agora, para iniciar uma nova vida era preciso voltar ao lugar que chamou de lar e devolver tudo o que recebeu.