Oportunidades

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Acordei sozinha na cama. O dia já tinha clareado, mas ainda parecia ser bem cedo. Olhei no relógio do celular e marcava 6:30h. Escutei um barulho vindo da cozinha e me levantei no susto pensando no que os gêmeos estavam aprontando.  Quando entrei na cozinha, já quase tendo um ataque cardíaco, vi a cena mais fofa do mundo. Estavam o Théo e o Bernardo de chapéu de cozinheiro ajudando o Tomás, que também usava um, a preparar o café da manhã.

Eles ainda não tinham me visto então aproveitei para observar a interação entre eles. Os meus meninos olhavam para o Tomás como se fosse o herói deles. Eu nunca imaginaria que aquele homem que esbarrei no meu primeiro dia de trabalho poderia ser tão gentil e carinhoso como estou vendo agora. Ele estava ensinando os dois a fazer omelete. Está uma sujeira na cozinha, mas ele não parecia ligar. E quando o Théo, com a mão toda suja, resolve fazer carinho no cabelo dele, que se abaixou para pegar algo, fazendo ficar todo sujo ele apenas acha graça e suja a ponta do nariz do Théo, que caí na gargalhada e faz a mesma coisa com o irmão.

Meu coração fica apertado vendo os três juntos. Apesar do Leo e do Fernando estarem sempre a disposição dos meninos, eles nunca tiveram uma relação assim. Uma relação que eu tive com meu pai e que eu queria muito que meus filhos tivessem. Seco uma lágrima que escorre pelo meu rosto e fico só observando com um sorriso enorme no rosto. Um tempo depois, quando o Tomás foi pegar alguns ingredientes no armário ele me vê parada na porta.

- Ei... não sabia que já tinha acordado.

Ao falar isso, os meninos olharam na direção da porta e vêm correndo me abraçar, fazendo uma bagunça ainda maior quando sem querer, o Bernado bate no saco de farinha, que eles estavam usando para fazer panquecas, levantando uma nuvem branca pela cozinha.

- Bom dia, mamãe!

- Bom dia, mamãe!

Falaram os dois me abraçando. 

- Bom dia, meus amores. O que vocês estão fazendo aí?

- O Tomás tava ensinando a fazer panqueca.  Falou o Théo.

- É supesa, mamãe! Volta pra cama!!

- Era para ser uma surpresa para mim?

- Sim, mamãe. Volta pra cama!

Falou o Bê me empurrando para me tirar da cozinha. Olhei para o Tomás e ele falou que iam me levar café na cama.

- Tá bom! Tá bom! Vou voltar para o quarto enquanto vocês terminam.

- Vai, Mamãe! Vai!

Agora foi a vez do Théo me empurrar para fora de lá. Aproveitei que eles estavam com o Tomás preparando minha surpresa, tomei um banho rápido e troquei de roupa, já guardando as coisas dos meninos, pois não poderíamos ficar lá o dia todo. Eu tinha trabalho a tarde.

Uns 5 minutos depois que havia terminado de guardar tudo, a porta do quarto foi aberta aparecendo os três, o Tomás com uma bandeja enorme na mão e os meninos segurando guardanapo e umas frutas. O Tomás colocou a bandeja na cama, e pegou as coisas das mãos dos meninos.

- Gostou, mamãe?  Perguntou o Théo, já vindo me abraçar.

- Eu adorei, meu amorzinho!

Peguei ele no colo, dando um abraço apertado e enchendo ele de beijo. Depois foi a vez do Bernado, também o abracei e dei muitos beijinhos nas suas bochechas gordinhas de criança. Coloquei o Bê no chão e fui me sentar para comer, mas o Tomás me segurou.

- E eu? Também não vou ganhar um obrigado? 

Falou com aquele sorrisinho sedutor na cara, o sorrisinho que eu não estava nem um pouco com vontade de resistir.  O abracei e falei obrigada, mas quando ia me soltar ele segurou meu rosto com as duas mãos e me deu um beijo. Não foi nem um pouco parecido com o do estacionamento.  Esse era calmo, devagar.  Como se estivesse curtindo, querendo prolongar o momento. Ele só se afastou quando escutamos "eca" das crianças. 

De volta para casaOnde histórias criam vida. Descubra agora