Reviravolta

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O olhar assustado no rosto das duas me fez sorrir apesar de tudo. 

- O que você fez? 

- O que você acha, maninha? Te dei a chance de estrelar seu próprio filme. 

A surpresa no rosto da Gisele se transformou em raiva. Ela veio na minha direção com tanto ódio que se ela tivesse alguma arma na mão com toda certeza me mataria ali mesmo, mas como não tinha, ela usou as próprias unhas. 

Por pouco Gisele não arranhou meu rosto, foi só o tempo de dar um passo para trás, me desviando de suas mãos. Nessa hora, escutei a voz do meu pai. 

- Não ouse tocar na minha filha! 

Olhei para trás e o vi, vindo na minha direção com o médico bem ao lado dele. Quando chegou aonde estávamos segurou Gisele pelo braço. 

- Sua vigarista! Como pode me colocar contra minha própria filha? Eu te dei tudo, eu fui um pai para sua filha, mas você não estava satisfeita. Você vai pagar por tudo o que fez para a minha menina! Eu quero você fora da minha casa e não vai levar nada. 

- Você não pode fazer isso comigo! Meu amor, isso é tudo armação dessa mulher. Ela está mentindo! Eu amo você! 

Ela tentou abraçar meu pai, mas ele a afastou. 

- Não toque em mim nunca mais. Fora! Está me ouvindo? Eu quero você fora da minha casa! 

Vendo que não conseguiria mais enganar meu pai, ela mudou totalmente. Não se mostrava mais arrependida. Gisele finalmente mostrou as unhas e dessa vez não foi comigo. 

- Seu velho idiota. Acha mesmo que vou abrir mão de tudo que conquistei esses anos todos? Nós nos casamos com comunhão de bens, tudo o que comprou depois do casamento é meu também. 

Dessa vez, me meti. 

- Se você tentar pegar alguma coisa do meu pai, você vai ter de aproveitar elas na cadeia. 

O sorrido estampando no rosto dela começou a murchar. 

- O que? 

- Exatamente o que você ouviu. Tudo o que aconteceu aqui, toda a confissão de vocês mais a sua tentativa de me agredir está registrada. Se tentar alguma coisa, o vídeo vai direto para o delegado. Eu disse que vocês eram estrelas, tem seu próprio filme.  

- Breno, meu amor! Me tira daqui.  Essa mulher está doida! 

Olhei na direção do quarto, o Breno estava saindo dele e a Geovana correndo para lá. Ele a segurou antes que ela pudesse abraçá-lo.  

- Nós vamos para casa agora mesmo e você irá pegar suas coisas e sair de lá. Não me importo para onde você vai, mas a Ana ficará comigo. Você pode vê-la quando quiser, mas não irá criar a minha filha. Não quero que ela se transforme em você. 

- Você não pode tirar a minha filha. 

- Se você não aceitar as minhas condições e tentar brigar por ela, eu vou mostrar o vídeo de hoje para o juiz e eu duvido que ele deixará você ficar perto dela. 

Geovana se encolheu e ficou quieta. Breno largou o braço dela e caminhou na minha direção. 

- Os gêmeos são meus filhos? 

Concordei com a cabeça apenas. 

- Você... você pode me deixar conhecê-los? 

Eu já tinha pensado tantas vezes no que responderia caso algum dia ele me pedisse isso. No começo, a minha resposta era não. Eu não pensava nem duas vezes, mas depois eu já não tinha tanta raiva dele e a minha resposta era um talvez. Agora, olhando para ele eu não sabia o que responder.  Vendo a minha indecisão, ele voltou a falar. 

- Eu sei que não mereço, mas por favor, por favor me deixa conhecer os meus filhos. 

Ele se aproximou mais de mim e parou muito mais perto do que eu esperava. Eu conseguia sentir seu perfume, o mesmo que eu lembrava. 

- Eu estava muito errado. Eu errei muito com você e não tem ideia do quanto eu me arrependo disso, mesmo antes de saber a verdade. Mas não acho que aqui seja o melhor lugar para falarmos sobre isso. Só por favor, pensa sobre o meu pedido sobre os nossos filhos. 

Concordei com a cabeça. Antes, quando ele me olhava daquele jeito eu só queria me derreter nos braços dele, mas ali, eu só queria que ele se afastasse.  E quando ele fez isso, meu coração deu um salto, como acontecia todas as vezes que eu o via. Tomás estava parado na porta me olhando de longe.  Eu só queria correr para ele, mas quando dei um passo em sua direção meu pai me chamou, fazendo eu me virar na sua direção.

- Minha filha, me perdoa! Por favor, me perdoa! Eu errei tanto com você. 

E enquanto falava isso ele levou a mão ao peito e fez uma careta de dor. Apesar da raiva, pânico me alcançou. Eu corri para ele, mas o médico já estava lá.  Os enfermeiros que já estavam a postos, graças ao médico, rapidamente o colocaram na maca e o levou para a ambulância. 

Não me deixaram ir junto, pois não tinha lugar, então eu ia de carro para o hospital. Quando ia voltar para pegar minhas coisas, esbarrei com alguém que me segurou para eu não cair. 

- Precisamos parar de nos encontrarmos assim. 

Olhei para o Tomás e vi seu sorriso para mim. Depois de tudo o que tinha acontecido eu finalmente consegui soltar o ar que parecia estar preso desde que o dia começou. Eu passei meus braços envolta dele e o deixei me segurar. 

- Obrigada por estar aqui. 

- E onde mais eu estaria?  

Ele falou e me deu um beijo na testa, fazendo carinho nas minhas costas. 

- Você quer ir para o hospital acompanhar seu pai? 

Fiz que sim com a cabeça. 

-Então vamos. O Fernando vai resolver tudo aqui e pegar uma cópia das filmagens. 

Levantei minha cabeça e antes que ele pudesse dar um passo, segurei seu rosto e o trouxe para mim, o beijando, querendo mostrar o que sentia por ele, mesmo que naquele momento eu estivesse uma bagunça, os meus sentimentos por ele estavam firmes. 

Quando cheguei no hospital, o médico logo nos encontrou e tranquilizou. Meu pai estava bem, mas eles queriam fazer mais alguns exames. O médico disse que ele queria me ver, porém não recomendava que eu entrasse naquele momento para evitar fortes emoções, então o médico deu um calmante para ele e me pediu para voltar no outro dia. 

Tomás me levou para sua casa. Carla me ligou dizendo que tinha pego uma cópia da gravação e que pegaria os meninos e ficaria com eles se eu quisesse descansar.  Apesar de exausta eu queria meus filhos comigo então ela os traria ali.  

Tomei um banho enquanto o Tomás esperava os gêmeos. Quando chegaram eu já estava os esperando e abracei os dois. Eles não sabiam o que tinha acontecido, mas me abraçaram e me beijaram tanto que pude me acalmar. Coloquei os dois para tomar banho enquanto a comida que o Tomás pediu chegava e depois nos sentamos os quatro para comer, como uma família. Eu amei isso. 

Depois, Tomás os ajudou a fazer o dever de casa e quando terminaram vieram correndo para o quarto, onde eu estava. 

- Mamãe, mamãe!!! Podemos ver televisão?  Perguntou o Bernardo. 

- Vem aqui vocês dois! 

Meus pipoquinhas pularam na cama e me abraçaram fazendo a festa. Tomás chegou logo em seguida e também subiu na cama, fazendo cocegas nos dois. 

- Podemos ver um filme aqui mesmo, no quarto, tá bom?  Perguntou aos dois, mas antes me olhou para ver se estava tudo bem. 

- Obaaaa! Gritou o Théo, pulando no colo do Tomás. 

- Tv no quarto! Uhuul!  Pulou também o Bernardo. 

Quando pararam de pular, Tomás os deitou ao meu lado e foi colocar o filme. Depois, ele se deitou do meu outro lado, me envolvendo em seus braços. Apagamos a luz e apesar de muito cansada, não queria dormir e perder aquele momento. Finalmente, depois de tudo que tínhamos passado, eu tinha a minha família. 

De volta para casaOnde histórias criam vida. Descubra agora