Uma semana depois do encontro com minha antiga família, eu ainda não tinha tido nenhuma ideia para recuperar o meu pai. As gravações se intensificaram já que o prazo para lançamento do primeiro episódio estava muito perto.
Minha personagem só apareceria poucas vezes no primeiro episódio, mas eu praticamente vivia no set ou nas locações para gravar os outros. O Fernando e a Carla me ajudaram muito com os meninos nesses dias. Eles têm se revezado para buscá-los na escola e cuidarem deles até eu chegar em casa.
Sentia muita a falta deles e como hoje as gravações seriam rápidas pela manhã, contratei duas babás, indicada pela Carla, e levei os meninos comigo para o set. Os olhinhos deles brilharam quando contei que passaríamos o dia juntos no meu trabalho. Chegamos cedo e os dois já estavam com a corda toda. Torci para que os meus colegas se encantassem com eles, como sempre acontecia, e ninguém reclamasse da presença deles ali.
O primeiro a nos ver foi o Tomás, sua cara de surpresa ao me ver com duas crianças foi impagável. Imaginei o desespero de um solteirão como ele tendo que cuidar de uma criança, o que me fez rir sozinha. A minha relação com ele era meio estranha, ele me dava aqueles sorrisos matadores, e como qualquer mulher normal, me deixa com um frio na barriga, mas eu nunca o deixo perceber que mexe comigo.
Mas apesar dos sorrisos, ele nunca se aproximava muito, nas poucas vezes que isso acontecia o papo fluía, era interessante conversar com ele. Em algumas vezes ele apenas jogava seu charme ou me irritava me chamando de princesa.
Isso era ótimo, pois assim eu conseguia manter distância dele, mas ao mesmo tempo me deixava completamente insegura, já que ele mexia comigo de um jeito que não acontecia a muito tempo. Eu sei, pareço uma adolescente com o carinha bonitinho da escola. Mas desde o Breno, nenhum homem havia atraído meu interesse, nem estado tão perto assim.
Eu acho que foi tudo culpa daquele esbarrão. Lógico que já fiquei perto assim de caras lindos antes, mas eu estava sempre encenando, não era eu de verdade ali. Só que com ele, fui eu mesma, não a atriz. E eu senti muito bem todo o material, bom, quase todo o material né. Droga, estou divagando e olhando para ele que percebeu e deu aquele sorrisinho idiota.
Me virei para as babás, desviando do olhar dele e dei as instruções necessárias como até onde elas podiam ir, onde não, o que os meninos poderiam comer, essas coisas. E depois me aproximei dos outros colegas para apresentá-los. O Tomás não estava mais ali com os outros.
Dirigi-me para o camarim e comecei a me trocar. Hoje faríamos uma cena com todas as protagonistas juntas, eu a Alice e a Nanda, descobríamos quem era um dos ajudantes da pessoa que nos mandava recadinhos ameaçando nossas famílias e amigos e em seguida, junto com nossos respectivos pares românticos, criaríamos um plano para pegá-lo. O que não daria certo e terminaria com uma das protagonistas, no caso a personagem da Alice, sequestrada pelo vilão deixando todos desesperados.
Gravaria também uma cena um pouco mais íntima com o meu par romântico, o Rodrigo. Ele é bem divertido e nos damos muito bem, rolou uma química legal nas gravações o que agradou muito os diretores. Nessa cena, pedi para as babás levarem os meninos para passear fora do set. Não queria expor meus filhos a isso, eu sei que é apenas uma cena, mas eles ainda não têm idade para entender totalmente que aquilo não é de verdade. Ficamos horas gravando e no almoço aproveitei para escapar com meus filhos para comer.
Dispensei as babás e fui para um restaurante em um shopping próximo, eles tinham um parquinho para as crianças e assim que chegamos os meninos correram para lá. Pedi nossa refeição e fiquei olhando para os dois brincando até que senti um toque no meu braço e ao me virar vi o Tomás parado ao lado da minha mesa.
- Olá.
- Oi! Falei surpresa.
- Não sabia que vinha aqui, podíamos ter vindo juntos. Posso me sentar aqui? Disse apontando para a cadeira na minha frente.
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De volta para casa
RomanceTraída e humilhada pelas pessoas que ela mais amava e confiava, Bianca precisou fugir para sobreviver. Mas agora, para iniciar uma nova vida era preciso voltar ao lugar que chamou de lar e devolver tudo o que recebeu.