Assistindo um Filme de terror - Tomás

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Todos ali dentro estavam estranhando a situação. Mas foi quando a Bianca apareceu que todos se calaram. O pai dela na mesma hora se levantou, querendo sair da sala. Dei um passo na direção dele para impedir, mas a Carla chegou primeiro.

- Seu Gabriel você não pode sair daqui.

- Eu não vou permitir que...

- Não vai permitir o que? Que a sua filha abra seus olhos? Eu nunca entendi como um pai amoroso acredita numa mentira monstruosa que falam da própria filha. Eu admirava o senhor. Mas isso não importa, o que importa agora é que se alguma vez na vida você amou a Bianca como dizia, você vai sentar sua bunda nessa cadeira e escutar tudo calado.

Eu nunca tinha visto a Carla daquele jeito. Ela estava uma fera defendendo a amiga. Um pouco irritado, ele voltou ao seu lugar, apesar de não se sentar, mas ficou calado.

Eu disse que a Carla estava uma fera defendendo a amiga? Eu estava errado, porque uma fera mesmo ela ficou quando a Gisele começou a falar da Luna.  Fernando precisou segurá-la e eu achei que precisaria entrar em cena para segurar a Bianca nessa hora também. Mas as duas conseguiram se controlar e o que a Gisele disse depois fez todos, principalmente o Breno e o seu Gabriel ficarem chocados.

- Cuidado, garota!! Seu tombo agora seria muito maior. Não só o burro do Breno acreditaria ou o idiota do seu pai, mas imagina se os seus fãs ficassem sabendo? Você perderia aquele dois melequentos em um piscar de olhos!

- Você sabe dos gêmeos?  Bianca estava surpresa.

- Claro que eu sabia. Eu tinha esperança de que você os perderia quando te deixamos caída sangrando naquele jardim, mas sua amiguinha chegou rápido demais.

- Vocês duas são dois monstros! Como puderam fazer isso? Me acusaram de tentar matar o filho da Geovana, sendo que eu nem toquei nela, quando na verdade foi você que tentou matar os meus. Você me empurrou para cima dos vidros quando te pedi ajuda.

- Ah, Bianquinha! Deixa de drama, maninha! Foi tão fácil! Sabíamos que quando visse meu filminho com o Breno você ficaria desnorteada. 

Geovana começou a rir, igual uma maluca.

- Lembra, mamãe? Lembra da cara dela sem entender nada enquanto em me arranhava? Era tão engraçada.

- Cala a boca, Geovana! Nós combinamos nunca mais falar sobre isso.

- Aí meu Deus!

Escutei uma voz atrás de mim, me virei e vi o seu Gabriel branco como um papel.  Ele se sentou na cadeira que estava perto e colocou a mão sobre o peito.

- Seu Gabriel, você está bem?  Falei me aproximando. 

- Eu... eu... não meu filho, estou bem. Só me dá um pouco de água.  

Fernando pegou um copo com água e entregou para ele. Carla me fez um sinal avisando que mandaria mensagem ao médico para ele ficar ali dentro e eu concordei com a cabeça. Após beber a água, Gabriel voltou a prestar atenção ao que acontecia lá fora. 

Olhei envolta e vi o Breno. Ele também estava pálido e tão perto da janela de vidro que parecia querer atravessá-lo. A conversa lá fora continuou. Bianca havia perguntado como Gisele sabia dos gêmeos.

- Eu mandei te seguirem. Se você fosse a delegacia eu queria estar preparada. Então quando soube que você tinha ido embora nos dois primeiros anos eu paguei um detetive para ficar de olho em você e tomar as medidas necessárias caso você tentasse voltar. 

- Mamãe me contou quando você teve os bebês.  Ela disse que você estava sozinha no seu apartamento. O detetive escutou seus gritos e ligou para ela querendo saber se podia te ajudar. Tadinha da minha maninha. Como foi mesmo, mamãe? Ele disse que ela gritava pedindo ajuda e ninguém apareceu por uns bons minutos.  Geovana falava com tanto divertimento na voz que até em mim dava arrepios.     

- Quer saber de uma coisa, maninha? Quando eu tive a Ana, o Breno ficou ao meu lado todo o tempo. Ele, minha mãe e seu pai. Fui tão mimada!

Eu não sabia dessa parte. Bianca nunca havia me dito sobre as dificuldades que passou no parto, ela disse apenas que estava sozinha.  Eu estava com ódio daquelas mulheres tanto quanto eu estava do pai dela e do Breno. Se eles conhecessem de verdade a mulher incrível que ela é nunca teriam acreditado nessa história toda. 

- Vocês duas terão o que merecem.

- E quem vai nos dar? Você?  Falou Gisele gargalhando.   - Ah garota! Você cresceu e ainda não aprendeu nada, não é?  Basta chegarmos chorando em casa que seu pai vai acreditar no que dissermos.

- Melhor! Que tal eu chegar em casa chorando, dizendo que você me atacou outra vez pois eu descobri que os meninos são filhos do Breno? Acho que seria muito fácil para ele tirar os dois de você! 

- Não ouse tocar nos meus filhos! 

Bianca partiu para cima da Geovana, mas Gisele entrou na frente e a empurrou. 

- Vamos, querida! Você já sabe como isso termina. Quer repetir seu papel? Geovana! 

Para o espanto de todos, Geovana se jogou sobre uma mesa a quebrando e cortando o seu braço. 

- Eu disse para ficar fora do nosso caminho, sua garota insolente. 

O diretor entrou correndo no lugar, perguntando o que havia acontecido. 

- Essa maluca atacou a minha filha. Segurem ela!  Falou Gisele, chorando. 

Olhei pela sala e todos estavam chocados. Seu Gabriel estava com o rosto molhado de lágrima. O médico havia se aproximado e dado para ele um comprimido. Breno estava congelado no lugar, mas seu rosto estava vermelho.  Todos estavam congelados até que palmas me chamaram atenção, me fazendo olhar de volta para onde elas estavam. 

- Bravo, Bravo!!  Bianca falava com a voz de quem segurava o choro.  - Eu era uma menina quando vocês armaram esse golpe. Vocês tiraram o meu pai de mim, o meu marido, o homem que eu pensei que passaria o resto da minha vida e o pai dos meus filhos. 

Eu sei que ela estava desabafando, mas escutar ela falando daquele jeito do Breno me fez sentir uma fisgada no peito. Nunca tinha sentido aquilo antes. Ciúme me fez ver vermelho ao olhar para o Breno. Eu amava a Bianca, mas ela ainda não tinha dito como se sentia por mim. Pela primeira vez, me senti inseguro. 

- Vocês acabaram com meus planos e meus sonhos e agora que estou me refazendo, acham que podem mesmo fazer isso outra vez? 

E se virando para o diretor disse:

- Luzes, por favor. 

Todo o lugar clareou e assim ficou possível ver o quarto e quem estava dentro dele. O olhar chocado no rosto das duas me fez sorrir pela primeira vez desde que aquilo tudo começou. 

De volta para casaOnde histórias criam vida. Descubra agora