31. Peace

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*É um capítulo pequeno, mas um agrado, para que vocês voltem a confiar em mim e me perdoem por ser essa escritora tão incerta e ausente. As coisas na minha vida estão se ajeitando, e eu juro que estou tentando. Gostaria de pedir que comentem bastante. Vocês não tem ideia de como eu amo ler os comentários! E obrigada por terem ficado!*

Por Beatrice.

O alívio e a surpresa se misturam quando Luke estaciona o carro no estacionamento de Bondi Beach. A brisa leve que vem do mar me atinge quando eu desço do carro e poderia chorar de felicidade. Aquele era meu lugar preferido. Foi meu refúgio tantas vezes que sequer posso contar. Já tive tantos momentos bons aqui, de tanta risada e felicidade.

Me encosto no deck e abro um sorriso amplo, sentindo o cheiro bom de praia e o vento leve bater no rosto e jogar meus cabelos para trás. Era o meu lugar.

Olho para trás e vejo Luke encostado no capo do carro com as mãos nos bolsos da calça. Seu olhar já está em mim e sei que ainda está tenso, mesmo assim respeitou meu silencio durante o trajeto. Quero lhe agradecer por isso, e por ter me levado para o meu lugar preferido, mas as palavras simplesmente não saem. Para minha sorte, ele parece entender, pois abre um sorriso fraco e assente brevemente.

Levo isso como incentivo e caminho até a escada do deck, deixando minha sandália e descendo os degraus. Vejo de relance que Luke faz o mesmo e me segue. Sinto a paz me dominar quando meus pés encostam na areia fofinha e caminho por ela até me sentar. Observo as ondas quebrando, mesmo com pouca iluminação e deixo toda a tensão deixar meu corpo. Luke se senta ao meu lado, abraça os joelhos e faz o mesmo que eu. Muitas vezes já viemos a praia apenas para observar o mar, como estamos fazendo. Quando o clima era mais descontraído, vínhamos para de fato nos divertir, e eram os melhores momentos.

Quando eu descobri sobre as lutas, e me choquei com a violência que envolvia Luke nessa nova vida que ele levava, foi para Bondi Beach que eu fugi. Era meu lugar seguro.

- Acho que estou te devendo um momento de paz, né? -Luke quebra o silencio e eu viro o rosto para fitá-lo- Faz muito tempo que não vejo essa tranquilidade em você. -ele fala e eu abraço meus joelhos, deitando a cabeça sobre eles para observa-lo melhor-

- É uma nova trégua? -pergunto e ele faz uma careta-

- Não sei, Bee. -ele fala e ergue a mão, para tirar os cabelos do meu ombro e jogar para as costas- Não sei mais o que fazer.

Seus dedos se infiltram nos meus cabelos e ele toca minha nuca em um carinho que ao mesmo tempo que me conforta, também me arrepia. Lembro de suas mãos em mim mais cedo e sinto meu rosto esquentar. Seu olhar me fita com atenção e algo nele me mostra que ele também está pensando em nós no balcão da cozinha. O carinho em meus cabelos se torna mais firme e eu suspiro.

- Não precisa fazer nada. -eu murmuro depois de um tempo e desvio o olhar, quebrando aquela tensão que se formou entre nós- Não devemos complicar as coisas. -sussurro e não sei se ele me ouve, já que o barulho do mar parece se sobrepor ao nosso momento-

Meu corpo inteiro se arrepia quando sua mão fecha em punho nos cabelos da minha nuca de repente. Arfo quando ele puxa e minha cabeça é inclinada para trás. Eu o olho, mas seus olhos têm certo divertimento enquanto me fita. Ele passa a língua entre os lábios e me olha de uma forma que quase me deixa nervosa.

- Acha que as coisas estavam descomplicadas antes de nos agarrarmos na cozinha horas atrás? -ele pergunta com um tom sarcástico que me faria revirar os olhos se eu não estivesse tão concentrada nos seus dedos enrolados nos meus cabelos em um aperto firme-

- Não seja cínico. -peço, mas minha voz me trai, falhando vergonhosamente e saindo quase como um suspiro. Luke abre um sorriso fraco e eu desvio o olhar, tentando olhar o mar novamente-

Luke fica em silencio e aos poucos solta meu cabelo. Minha respiração volta ao normal e eu tento aquietar meu coração que bate apressado. De relance, vejo Luke se aproximar do meu corpo e se sentar logo atrás de mim.

- Está tremendo, abelhinha. -ele sussurra bem no meu ouvido e sinto suas mãos nos meus braços, subindo e descendo pela minha pele-

Outro arrepio me toma e quase sinto raiva. Por que ele quer mexer tanto comigo desse jeito?

- Você é meio doido, né? -solto e ouço sua risada. Não sei por que, mas sorrio também, encarando o mar-

- É só uma trégua. -ele sussurra e sinto seus lábios roçarem na curva do meu pescoço. Fecho meus olhos involuntariamente-

- Na nossa última trégua você fez um sanduiche para mim e assistimos Friends no sofá. -eu murmuro sorrindo debochada e viro meu rosto para fita-lo por cima do ombro-

- Porque era o que você precisava naquele dia. -ele murmura e fita meus lábios sem discrição nenhuma-

- E o que eu preciso hoje? -pergunto e ele ergue uma mão para acariciar o meu rosto-

- Hoje quem precisa sou eu, anjo. -ele sussurra enquanto sua outra mão se infiltra novamente nos meus cabelos e ele me impulsiona delicadamente para trás, me fazendo deitar no seu peito-

Ele se inclina para mim e eu deixo. Seus lábios primeiro roçam nos meus, apenas para sentir o toque e eu arfo contra sua boca, passando as mãos pelo seu pescoço, sentindo a pele quente e macia. Quando finalmente me beija, noto que a paz que eu sinto olhando o mar nem chega aos pés da paz que sinto quando Luke me beija com calma. Seus lábios me provam, me sentem, me clamam. Sua língua enrosca na minha com um carinho que é totalmente diferente dos beijos que trocamos antes. Sem a urgência, a raiva, a pressa e o álcool. É um beijo que combina com um nós do passado, mesmo que no passado isso não acontecia. Suas mãos me apertam, mas não tem a agressividade das outras vezes. É pura necessidade de me sentir. É emotivo, tranquilo e romântico. É paz.

Não vejo como invertemos as posições, mas sei que estou deitada na areia e Luke está por cima de mim. Não é algo desconfortável, muito pelo contrário. Seu corpo sobre o meu, entre minhas pernas, uma das suas mãos no meu rosto enquanto a outra está contra a areia, apoiando seu peso.

Ele morde meu lábio inferior, gemendo meu nome baixinho enquanto eu puxo seus cabelos com uma mão e a outra se infiltra dentro da camiseta que ele usa, tocando a pele do seu abdômen. Sua mão desce, aperta meu quadril e entra por dentro da minha blusa, me tocando da mesma forma que eu o toco, enquanto ele descola os lábios dos meus. Seus olhos encontram os meus e é tão intenso o olhar que trocamos que me forço a desviar. Não quero que ele veja o que faz comigo. Ele se inclina novamente, beija o canto da minha boca, a bochecha, o queixo e desce pela mandíbula até o pescoço. Apesar da delicadeza que o toma, Luke tem algo dele ao me tocar. A firmeza do toque, dos beijos, é algo quase bruto. Ele me arranha com os dentes em alguns pontos e eu controlo arfadas e gemidos nas vezes que seus beijos na minha pele se tornam mordidas.

- Luke... -chamo seu nome em um sussurro fraco, com os olhos fechados e o corpo tremulo. Sinto que ele se ergue um pouco e abro os olhos, apenas para o encontrar me fitando, com os lábios vermelhos e o olhar dilatado-

- O que está fazendo comigo, Bea? -ele pergunta baixinho e a incerteza da sua voz me deixa claro que ele sente o mesmo que eu-

Ergo meu rosto ao mesmo tempo que ele se inclina e nos beijamos novamente. No momento era o que precisávamos.


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Falling (L.H.)Onde histórias criam vida. Descubra agora