7. Sounds unfair

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Por Beatrice.

Sorrio assim que vejo Calum passar pela porta da cafeteria, ajeitando a mochila no ombro e desviando de algumas pessoas para caminhar até a mesa onde estou sentada. Ele cumprimenta algumas pessoas enquanto se dirige até mim, com toda sua simpatia de sempre. A cafeteria fica próximo da faculdade onde ele estuda, e onde eu vou estudar nos próximos dias. Como vim resolver toda a burocracia da minha matricula transferida, aproveitei para aceitar o convite dele de tomarmos um café.
Assim que se senta na cadeira a minha frente, solta um suspiro e larga a mochila na cadeira ao lado.

- Sorte sua que suas aulas não começaram ainda. -é a primeira coisa que ele fala, pegando o cardápio que eu o estendo-
- Elas começaram, na verdade. Minha matrícula que ainda não está pronta. -eu dou de ombros e ele sorri-
-Tanto faz, sorte sua. -ele rebate e solta o cardápio- Você já pediu? -ele pergunta-
- Estava te esperando. -eu respondo e ele ergue a mão, chamando a garçonete- Ashton vem? -eu pergunto-
- Está na aula. Nos dois primeiros dias da semana ele tem reforço na aula de filosofia. -ele responde e se vira para a funcionária- Quero um cappuccino e dois muffins de chocolate. -ele pede e ela anota antes de se virar para mim-
- Só um café, puro, por favor. -peço e ela logo se afasta-
- Nada para comer? -Calum pergunta assim que a funcionária se afasta e eu nego com a cabeça- Não vou dividir meus muffins com você, abelhinha. -ele sorri e eu faço o mesmo- Como foi o jantar? -ele pergunta de repente, e eu suspiro-
- Grace e tio Mason são incríveis. -é a minha resposta e Calum não precisa de mais do que isso para entender-
- Luke precisa mudar as atitudes. -ele balança a cabeça-
- Não precisamos falar sobre isso. -eu peço controlando uma careta- Falar sobre Luke vai fazer com que falemos de Michael e eu realmente não estou em condições de falar sobre meu irmão ainda. – não enquanto meu corpo ainda dói pelos socos que meu pai desferiu em mim após o jantar nos Hemmings, eu penso, mas não falo, por motivos óbvios-
- Respeito isso, Bee. Apesar de achar que falar sobre o assunto possa amenizar um pouco a dor. -ele fala e agradece a funcionária que deixa nossos pedidos na mesas-
- Nada vai amenizar a dor. Não se trata disso. -eu falo e mexo em meu café- Vamos mudar de assunto. -peço e forço um sorriso, fazendo Calum soltar um suspiro-
- Você parece melhor. Digo, de quando te achamos no posto de gasolina na semana passada. –ele comenta-
- Estou me adaptando de volta. As coisas parecem diferentes demais. –ajeito o cabelo e assopro meu café- Quero... Focar em coisas novas. Eu me sinto diferente. –dou de ombros-
- Não vai mais desenhar? –ele pergunta-

A pergunta me pega meio desprevenida. Amo desenhar. Desde sempre, foi algo que eu soube fazer naturalmente. Tenho talento, sei disso, mas as coisas mudaram demais. Não posso seguir com isso. Preciso ser a filha perfeita agora.

- Como um hobby, sim. –respondo me sentindo desconfortável-
- Advogada? Sério? –seu sorriso debochado não me deixa desconfortável. Calum me conhece bem o suficiente para saber que não combina comigo-
- Meu pai pediu. –minha resposta é vaga. Ele não precisa saber quais foram os meios desse pedido-
- Soa injusto. –ele fala mastigando-
- Eu devo isso a eles, Calum. –me encolho e olho para a porta, onde uma menina passa, e olha em volta, ficando na ponta dos pés até focar na mesa que estamos sentados e caminhar até nós- Hm, tem uma menina vindo na nossa direção. –eu comento meio confusa e Calum olha para trás, vendo a garota se aproximar-
- Ah, sim. Queria mudar de assunto, né? –ele sorri abertamente e a menina para ao lado dele, com seu olhar focado em mim e um sorriso animado no rosto- Essa é a Lucy, minha namorada. –ele aponta e eu sorrio também-
- Ora, essa é uma boa novidade. –eu falo rindo de leve e me levanto- É um prazer, Lucy. –estendo a mão que é completamente ignorada quando a menina atravessa o espaço entre nós e me abraça fortemente-
- Você não tem noção de como eu queria conhecer você. –ela fala assim que me solta e empurra Calum para se sentar ao lado dele- Você realmente combina com o apelido de abelhinha. É bem fofinha. –ela sorri, apoiando o rosto na mão que deposita na mesa-
- Você também é. –eu rio, observando o cabelo cortado na altura do queixo com as pontas pintadas de um tom de rosa gritante, e a franja cortada torta e curtinha. Viro meu rosto para olhar Calum que tem um olhar apaixonado no rosto- E você não me contou essa novidade antes porque mesmo? –pergunto e ele sorri-
- Não podia simplesmente falar que tenho uma namorada e ela é incrível. Precisava mostrar. –ele deu de ombros e apontou para Lucy- Essa é minha namorada, e ela é incrível.
- Sou incrível. –ela concorda e depois ri quando eu rio da interação-

Falling (L.H.)Onde histórias criam vida. Descubra agora