Por Beatrice.
Dias depois.
Algo mudou naquela noite. Não sei se foi minha crise no meio da estrada, ou se foi como eu lidei com a situação depois daquilo, não sei se foi algo que Luke pensou de mim ao me ver naquele estado. Sei que as coisas mudaram. Não totalmente, é claro, mas estão diferentes.
Eu e Luke não nos falamos mais depois daquela noite. Quando amanheceu, acordei sozinha no sofá, com uma manta me cobrindo e com meu caderno e estojo muito bem-organizado na mesa de centro. Ele se preocupou comigo, e a surpresa que sinto ao notar isso me entristece. Sinto falta de quando ele se preocupava comigo. Mas a Beatrice de hoje não pode mais querer isso. Não pode mais sentir falta disso.
Desde aquela noite, as coisas comigo mudaram também. Sinto que esgotei todas as minhas forças depois daquele momento no carro. Precisei ficar quieta, apenas lidando comigo mesma por uns dias, e agradeço mentalmente pelas pessoas ao meu redor que sem questionar, respeitaram isso. Se antes eu já havia me isolado, nesses dias que passaram, a situação ficou mais drástica. Até com os meninos, só falava o necessário. Jake pediu perdão incansavelmente e só parou quando eu o garanti que estava perdoado. Sei que ele não fez por mal, e só é um garoto inconsequente. Sei também que Luke deu um grande sermão nele, já que Jake soltou essa informação ainda muito assustado. Não contei a ninguém sobre o ocorrido, pois sei que com os amigos protetores que eu tinha, Jake receberia mais uns mil sermões e acho que ele já havia entendido a lição. O único que sabia, além de Luke, era Hunter que provavelmente soube por Luke exatamente. Quando Jake estava na sessão de implorar pelo meu perdão, Hunter o rebocou para um canto e lhe deu belos gritos que até me assustaram. Nem sei como Jake não saiu correndo depois daquilo. Hunter então veio até mim, preocupado e se certificou que eu estava bem, já que o garanti disso. Gostava da forma como ele se preocupava comigo e com as meninas. Até com os meninos ele demonstrava isso, principalmente com Luke.
Hoje era um dia tranquilo no bar. Os dias que não havia luta eram os meus favoritos. Não apenas pelo baixo movimento, mas pela ausência de tanta gente mal-encarada. Durante a semana, muitos alunos da faculdade frequentavam o bar. Era mais tranquilo e divertido. Os meninos estavam lá, como sempre, mas dessa vez estavam, surpreendentemente, estudando. E a cena era adorável, devo dizer. Os três sentadinhos em uma mesa, com livros e cadernos espalhados pela mesa, com algumas garrafas de cervejas, todos concentrados em seus próprios trabalhos. Lucy parava de vez em quando ali para ajudá-los em algo, e Hunter parecia orgulhoso e divertido com a cena.
- Parece um pai orgulhoso, Hunter. -Louise deu voz ao que eu pensava, sentando-se em frente ao balcão e Hunter bufou, secando alguns copos-
Louise não aparecia muito no bar, principalmente em dias que não tinha lutas. Eu ainda não a conhecia direito, já que sempre que ela estava lá, ficava apenas com Luke, e o mais afastada possível. Não é muito sociável, como Hunter já havia me explicado, mas nas vezes que conversou comigo, sempre foi simpática e gentil. Parecia tão diferente de Hunter em estilo de vida, mas muito de aparência. E eles tinham uma ótima relação. Ver os dois convivendo fazia ser inevitável lembrar de Michael e da nossa relação.
- Só fico contente de ver esses meninos focarem em algo que não seja fazer merda. -ele responde e eu solto uma risada, entregando a Louise uma garrafa de cerveja-
- Obrigada, querida. -ela responde sorrindo para mim e eu retribuo- Como você está? -ela pergunta-
- Estou bem, e você? -respondo e ela sorri, olhando para Hunter-
- Ela é um doce, Hunter. Por que enfiou a menina nessa bagunça de bar? -ela pergunta e ele, ignorando a minha pergunta-
- Porque ela precisava de dinheiro. -ele deu de ombros e sorriu para mim- E é uma ótima funcionária. Eu estava precisando de uma. -ele ri e se vira para observar Lucy discutir com um cliente-
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Falling (L.H.)
FanficQuando um acidente tira de Beatrice seu irmão, ela precisa aprender a lidar com a perda e a culpa que sente. Por um tempo ela se afasta da vida que costumava ter, fugindo dos costumes e das pessoas que antes lhe rodeavam. Um ano depois do acidente...