13. While living in this house

402 41 19
                                    

Por Beatrice.

Hunter parecia mal-humorado. Foi a primeira coisa que pensei quando o vi. Com certeza, bons trinta anos mais velho do que eu, e talvez com um estilo peculiar demais para meu gosto, mas ele era bonitão. Ainda assim, parecia mal-humorado. Lucy já havia me explicado como era o humor do seu chefe. Ele era um amorzinho, mas as vezes agia como um chefe ranzinza. Palavras dela, não minhas.

Fazia uma semana desde a briga que eu tive com Luke em frente a cafeteria. Eu dei um tempo da presença dos meninos depois disso, mesmo que eles tenham tentado falar comigo. Precisava de um tempo. Não estive na luta da última sexta-feira, mesmo que Lucy tenha insistido. Não estava pronta para presenciar aquilo de novo. Soube que Luke venceu dessa vez, e acredito que tenha sido porque eu não estava por perto. Sou sua maré de azar, talvez. Eu e Lucy temos nos afundado em anúncios de empregos para que eu consiga uma renda. A ideia de morar naquele apartamento ainda me parece tentadora. E para isso, preciso de um emprego. E convencer o Luke, é claro, mas isso fica para depois. Vamos para o mais fácil primeiro.

Hunter sorri para mim como se curtisse uma piada interna. Ele é meio charmoso, usando roupas pretas dos pés à cabeça, com todas as tatuagens cobrindo seus braços. Charmoso.

- Tenho ouvido falar de você com frequência. –ele comenta e joga um pano branco no ombro, cruzando os braços-

- Bem, eu espero. –tento quebrar a tensão que se cria na minha volta e seu sorriso aumenta-

- Infelizmente, nem sempre. Mas é do lado que eu prefiro desconsiderar. –ele dá de ombros e Lucy ri ao lado dele, secando alguns copos- Não abrimos ao publico o bar na segunda-feira, mas acho que não veio aqui para beber, estou correto? –ele pergunta e Lucy se afasta, aposto que para me dar privacidade-

- Eu... –hesito e mexo nas minhas mãos- Eu estou precisando de um emprego. –ele ergue uma sobrancelha, mas não parece surpreso- Eu tenho procurado, mas não consigo nada. Eu... Eu preciso sair da casa dos meus pais. E para isso preciso de dinheiro. –me explico nervosamente, e ele aguarda com certa paciência- Lucy comentou comigo que você quer aumentar seu quadro de funcionários.

- É, está nos meus planos. Talvez em breve meu quadro de funcionárias seja modificado. Fora que com as lutas o movimento do bar tende a crescer cada vez mais. A clientela está aumentando e minhas meninas logo não conseguirão dar conta. –ele fala e apoia as duas mãos no balcão- Tem alguma experiência? –ele pergunta e eu nego com a cabeça- Você não reagiu bem naquela noite. Sabe me dizer porquê? –ele pergunta e eu me encolho-

- Fui pega de surpresa com as lutas. –respondo sinceramente-

- Sei da sua relação com Luke, Beatrice. Sei que é complicado. –ele hesita e se aproxima- Um dos motivos para eu querer modificar minha equipe é que minhas novas garçonetes tendem a cair nos encantos de Luke Hemmings. E assim, tendem a perder a competência no trabalho. –ele sussurra e eu fico desconfortável com essas informações- Tenho receio que sua relação conturbada com ele interfira também no seu desempenho profissional.

- Eu nunca cairia nos encantos dele. –sorrio tímida e ele ri de leve-

- Assim espero. –ele se afasta- Gosto do seu jeito, Bea. E não cobro experiência. Quando contratei Lucy, ela sequer sabia lavar louça. –ele comenta e olha orgulhoso para Lucy do outro lado do bar que faz uma careta- Mas cobro responsabilidade, e esforço.

- Isso eu garanto que nunca vai faltar. –eu falo e ele assente-

- E preciso que lide melhor com todo o tipo de clientes. Alguns serão desagradáveis. Isso Lucy tira de letra. –ele aponta- Farão comentários de merda, serão rudes, desagradáveis. Não precisa lidar com as lutas se não quer. Lucy e Polly gostam de frequentar lá embaixo, mas não é parte do trabalho. Se quiser, pode descer, mas se não quer, não precisa.

Falling (L.H.)Onde histórias criam vida. Descubra agora