4. That damn angel

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Por Luke.

Desperto assim que as luzes do sol invadem as pequenas frestas da cortina do meu quarto, quebrando a completa escuridão. Me espreguiço ainda deitado, olhando de relance o corpo deitado no outro lado da cama, de costas para mim. Seus longos cabelos escuros estavam bagunçados pelo lençol, contrastando com tecido branco do mesmo. Não me lembrava seu nome, mas sabia que a noite passada havia sido interessante. Lembro que a conheci no bar do Hunter, um amigo meu. Lembro que conversei um pouco com ela antes de traze-la para o apartamento. Lembro que não prestei atenção em nada do que ela falou. Me sinto meio canalha por isso. Aposto que a garota é interessante de conversar, mas ontem não estava procurando por conversa. Depois da ligação do meu pai, avisando do retorno de Beatrice, eu só precisava de uma distração.

A garota se mexe na cama, deitando de barriga para cima e eu noto o chupão no topo de um dos seios, que eu fiz ontem à noite. Ela foi uma boa distração.

Me levanto mesmo com preguiça. Era sábado, eu podia dormir até tarde, mas não tinha esse costume. Havia prometido visitar minha mãe, e depois ainda tinha treino após o almoço. Pego a cueca jogada no chão e a visto em silencio, tomando o cuidado para não acordar a morena na minha cama. Pego uma calça de moletom jogada em cima de uma cadeira e uma toalha no guarda-roupa. Saio do quarto devagar, fechando a porta sem fazer um barulhinho sequer e caminho até o banheiro, ouvindo vozes no fim do corredor, na cozinha. Será que Beatrice ainda estava ali?

Entro no banheiro ainda recapitulando tudo o que eu senti quando a vi sentada no sofá da sala. Quase um ano que não via aqueles olhos, aquele corpo delicado e frágil, aquele rosto tão malditamente bonito. A peste parecia a porra de um anjo.

Tomo um banho rápido, visto a calça que separei e escovo meus dentes antes de sair do banheiro e caminhar pelo corredor em direção a cozinha. Só Calum e Ashton se encontram no cômodo. Meus olhos passam pela sala e pela cozinha, apenas para me certificar que Beatrice não está em lugar algum. Me encosto no balcão da cozinha e olho para os meninos em silencio. Eles param de falar e me observam, como se esperasse que eu começasse a falar, mas isso não acontece. Pego um pequeno bilhete sobre o mármore e reconheço a caligrafia delicada.

"Cal e Ash, obrigada pela noite. Se não tivessem me encontrado, não sei dizer como ela teria terminado. Obrigada por tudo. Bea"

Sinto que passei tempo demais observando o bilhete, pois me assusto quando Ashton pigarreia na minha frente, roubando minha atenção.

- Bom dia. –ele fala com a voz divertida e eu solto o bilhete no balcão novamente-

- Bom dia. –respondo sorrindo para ele também e olho em volta- A amiguinha de vocês foi embora? –pergunto debochado e vejo de relance Calum revirar os olhos dramaticamente-

- Não fode, Luke. –Calum resmunga e me entrega uma caneca com café-

- Obrigado, amigo. –respondo ainda com um tom debochado e observo o café por uns segundos-

- A encontramos em um posto de gasolina, sozinha, de madrugada. –Ashton comentou cruzando os braços, encostando o quadril na pia e me observando. Ergui minha sobrancelha e dei de ombros-

- Não me importo. –rebati e ele suspirou, parecendo desapontado comigo-

Mais um para a lista de pessoas desapontadas comigo.

- É a Bea, Luke. Sei que tem suas dores, mas é... –Calum hesita, e eu espero- Porra, é a Bea, entende? Você cresceu com ela. Jura mesmo que não se importa?

Cresci com ela. Literalmente, cresci com ela. Beatrice está em boa parte das minhas recordações. Sempre pequena e carinhosa, sempre aconchegada em meus braços, sempre sorrindo para mim. Um lindo sorriso. O sorriso mais lindo que já coloquei os olhos. Sorriso esse que não vejo há tanto tempo que duvido que ainda cause o mesmo efeito em mim. Duvido eu seja o sorriso mais lindo que já coloquei os olhos. Agora é só mais um sorriso. Só mais uma menina. Sem importância.

- Juro mesmo. –murmuro já sem humor algum, desviando o olhar e bebendo um gole do café que tenho em mãos-

- Mentiroso. –Calum resmunga, mas opto por ignorar. Não quero estragar meu humor tão cedo-

- Ficaram muito no bar, ontem? –eu pergunto para desviar o assunto-

- Até fechar. –Ashton é quem responde e eu o olho- Levamos Lucy em casa, fomos abastecer e acabamos encontrando Beatrice. –ele cita e eu bufo, revirando os olhos-

- Complicado conversar hoje, hein. –resmungo e ele dá de ombros-

- Você foi embora cedo. –ele comenta e eu respiro fundo-

- Sim, fui. Tinha assuntos para tratar. –respondo e abro um sorriso debochado quando Calum solta uma risada revirando os olhos-

- O assunto está na sua cama, por acaso? –ele pergunta e eu sorrio-

- Dormindo tranquilamente. –respondo e largo a caneca dentro da pia- Preciso ir para a casa dos meus pais. –comento e me espreguiço, caminhando de volta para o corredor-

- Realmente não quer falar sobre Bea? –Calum pergunta e eu paro de repente, me virando para ele-

- O que eu posso falar sobre ela, cara? –pergunto dando de ombros- Vocês não querem ouvir o que eu penso, eu respeito isso. Vocês podem respeitar o fato de que eu não me importo com a existência dessa garota? Que eu quero distancia dela? Porra, é tão difícil assim de entender? –acabo perdendo minha paciência e vejo com clareza a forma como eles se desapontam comigo. De novo-

- É, é bem difícil de entender. –Calum dá de ombros e eu bufo-

- Foda-se. –reviro os olhos e dou as costas mais uma vez, caminhando para o corredor, em direção ao meu quarto-

A morena está se espreguiçando sentada na beirada da cama quando eu abro a porta. Ela não se importa em se cobrir quando me vê. Está completamente nua na minha cama, com seu lindo corpo exposto para mim e isso deveria ser o suficiente para apagar a raiva que sinto dentro de mim. Ela abre um sorriso safado para mim quando fecho a porta me aproximando e abre as pernas para que eu me encaixe entre elas. Suas mãos tocam meu quadril no instante que seguro sua nuca, agarrando um punhado de cabelo nas mãos.

Minha raiva deveria sumir quando eu me inclino e tomo sua boca na minha, a beijando brutalmente. Deveria sumir quando me inclino sobre ela e a deito na cama novamente, subindo por cima dela. Deveria sumir quando sinto suas mãos empurrarem minha calça para baixo.

Não some, infelizmente. Deveria sumir, mas quando fecho os olhos, tudo o que consigo ver ainda é aquela droga de anjo.


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É calor que fala, né?

Esse foi o primeiro capítulo narrado em primeira pessoa e eu AMEI a ousadia desse safado hahahahhaa

Como já falado antes, o Luke desse livro está longe de ser um príncipe, então se preparem que o bichinho vai fazer a gente sentir bastante raiva quando o assunto for a Beatrice. Mas isso não nos impede de sentir o famoso "que delicia, digo, que absurdo".

Os capítulos nem sempre serão narrados por ele. Quero fazer bem aleatório mesmo. As vezes com ele narrando, as vezes a Beatrice e as vezes em terceira pessoa mesmo. Não existe uma ordem, por isso sempre prestem atenção no inicio do capítulo porque estará indicando quem vai narrar. 

O que estão achando?

Falling (L.H.)Onde histórias criam vida. Descubra agora