Quando era pequeno, achava os adolescentes emos incríveis e mesmo após anos, continuo achando.
Minha irmã mais velha, era emo. O nome dela era Jessica.
Ela sempre me dizia que a vida poderia ser incrível, e que nós apenas temos que saber como vivê-la.
Ela era muito importante para mim, sempre me fazia ver o lado positivo de tudo.
Ainda lembro daquele dia...
Tinha 6 anos, era uma noite fria de inverno. No meio do barulho da chuva, pude ouvir Jessica chorando. Quando fui ver se estava tudo bem, ela se levantou.
No momento em que se virou para mim, pude ver seus braços cortados e ensanguentados.
Jessica olhou para seus braços e depois olhou para mim.
- Tomas, calma. - ela disse.
- O que aconteceu mana? - perguntei.
- Você é muito novinho, não vai entender.
- Vai, pode falar, não vou contar para a mamãe.
Ela deu um sorriso de leve e continuou:
- Tudo bem. Sabe, as pessoas ficam tristes e as vezes elas precisam de algo que as façam se sentir melhor.
- Ok, mana. Mas, o quê isso tem a ver com os cortes nos seus braços?
- Bem... esse é o meu jeito de me sentir melhor.
- Mas, mana, isso não dói?
- Dói sim, querido. Mas olha, está tudo bem.
- Promete?
- Sim, maninho. Eu prometo.
Hoje percebo que não estava tudo bem.
Uma noite, vi ela escrevendo em um caderno. Achava que era alguma tarefa ou sei lá, mas depois de duas semanas, ela pulou de um prédio, e após algumas horas, acharam uma carta em seu bolso.