Capítulo 14

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Fui dormir pensando naquele Abraço.
- Será que ela é diferente das outras? - pensei em voz alta.
- Quem? - disse minha mãe, entrando no quarto.
Não tinha percebido mas minha mãe havia chegado em casa, e, pelo visto, ouviu o que eu disse sobre a Laura.
- Ah, é uma garota que conheci hoje no parque.
- Era por isso que queria ir no parque?
- Na verdade não.
- Era por quê então?
- Só queria me desligar um pouco do mundo, ficar pensando na mana, sabe?
- Sei sim, querido.
Uma lágrima escorreu sobre minha bochecha.
- Ah, querido. Está tudo bem. - ela disse, me abraçando.
- Mãe?
- Sim.
- Posso tirar o resto da semana de folga?
- Vou ter que falar com o diretor da escola mas a princípio acho que tudo bem.
- Ok. Valeu, mãe.
- Não foi nada.
Ela se levantou, pegou o telefone e disse:
- Vou ligar para ele agora.
- Valeu.
Enquanto ela ligava, me sentei na cadeira de rodas e me deparei com uma foto em cima do meu criado mudo. Era ela. Linda como sempre, cabelo vermelho vivo, piercings pretos e um grande sorriso.
- Tomas? - disse minha mãe.
Enxuguei minhas lágrimas e respondi:
- O diretor deixou?
- Uhum.
- Obrigado, mãe.
- Ah, não precisa agradecer, querido.
Depois de alguns minutos resolvi ligar para Laura:
- Alô?
- Oi, é o Tomas?
- Sim, sou eu.
- Oiii.
- Oi, rsrs.
- O que você vai fazer hoje, Tomas?
- Estava pensando em passar aí hoje, para ver seus desenhos.
- Ah, claro. Meus pais vão sair daqui a pouco, mas você já pode vir se quiser.
- Ok, já estou indo.
- Ok, até depois.
- Até.
Desliguei.
~ O que vou usar? - pensei.
Abri o armário e não achei nada que gostasse.
- Agora sei como uma garota se sente. - afirmei.
Peguei uma blusa do Doomo uma calça qualquer e uns tênis pretos com branco.
~ Eh, da pro gasto. - pensei.
Arrumei meu cabelo e pedi ajuda da minha mãe para descer as escadas.
Assim que abri a porta, dei um suspiro e continuei o caminho até a casa de Laura.
E lá estava eu, diante da porta.
~ É só tocar a campainha. - pensei.
Feito isso, ouvi uma voz, parecia ser de Laura:
- Entra.
Entrei.
- Aqui em cima! - ela disse.
- Acho que vou precisar de uma ajuda para subir. - afirmei.
- Ah é, desculpe, tinha esquecido.
- Tudo bem.
Ela desceu as escadas e... cara, ela tava perfeita.
Diferente da última vez que a vi, agora seu cabelo estava todo repicado e com uma franja emo, além de ter colocado um piercing na boca.
- Wow. - falei.
- O quê foi? - ela perguntou.
- V-você ta incrível.
- Obrigada. - ela falou passando sua mão pelo cabelo.
- E então? Me ajuda a subir?
- Ah, claro.
Quando entramos em seu quarto, vi vários pôsteres de bandas, dentre eles, vi um que me chamou atenção.
- Você curte Black Veil Brides?
- Siim muito! Eles são muito bons!
- Qual música mais gosta deles?
- Acho que Fallen Angels ou In The End. Não sei, é difícil de escolher.
- Verdade. Chega a ser cruel ter que escolher só uma.
Rimos.
- Mas e os seus desenhos? - perguntei.
- Ah, certo. Os desenhos.
Ela abriu uma gaveta de seu armário que estava cheia de diversas pinturas e rascunhos.
- São lindos. - falei.
- Você acha? - ela perguntei.
- Sim, são lindos. Que nem você.
Silêncio...
- Tem alguma coisa em você...
- O que? um inseto? - ela interrompeu.
- Não. - ri.
- Então, o quê é?
- Você me lembra ela.
- Ela?
- Sim, minha irmã.
- Ah, como ela é?
- Era. - falei inclinando minha cabeça para baixo.
- Ah, me desculpa. E-eu não sabia.
- Não se desculpe, não fez nada de errado.
- Hm.
- Mas se quer saber, ela era linda, quase igual a você.
- Sério?
- Uhum.
- O que ela gostava de fazer?
- Ela amava tocar guitarra e cantar comigo quando eu tinha uns 5 anos.
- Você cantava com 5 anos?
- Sim, mas era meio decepcionante.
Rimos.
- E qual era o estilo dela?
- Emo, tinha um lindo cabelo vermelho e alguns piercings pretos no rosto.
- Nossa, ela parecia ser muito linda.
- E era.
- Que banda ela curtia?
- Black Veil Brides, que nem eu.
- Vocês tem bons gostos. - ela falou sorrindo.
- Obrigado.
- Ela tinha uma banda também?
- Ela vivia me falando sobre a ideia de ter uma banda, mas nunca encontrava um baterista.
- E a sua banda?
- Ah, o baterista ta bem. - falei sorrindo.
- Não, não é isso.
Rimos.
- O que é então?
- A quanto tempo tocam?
- Para falar a verdade, nem lembro. Acho que a uns 5 ou 6 anos.
- Por isso são tão bons, começaram cedo.
- Verdade, mas tudo graças a minha irmã, que me influenciou e me ensinou a tocar guitarra.
- Quem é ele? - falei apontando para um quadro na parede.
- É o meu irmão mais velho.
- Quantos anos ele tem?
- 19, vai fazer 20 mês que vem.
- Hm, legal.
- Ele é bem legal, sempre me ajuda nas coisas e tal.
- Sei como é, minha irmã também era assim.

A vida e morte de TomasOnde histórias criam vida. Descubra agora