Capítulo 1 - PRESAS DE PRATA

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Yandra Dias amassou o bilhete que acabara de receber entre seus dedos e foi até a varanda, oferecendo o rosto à brisa suave e à delicada luminosidade da enorme lua cheia de cor avermelhada que subia ao céu quase sem estrelas alguma, já acima da co...

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Yandra Dias amassou o bilhete que acabara de receber entre seus dedos e foi até a varanda, oferecendo o rosto à brisa suave e à delicada luminosidade da enorme lua cheia de cor avermelhada que subia ao céu quase sem estrelas alguma, já acima da copa das diversas árvores centenárias e recém nascidas. A tênues nuvens e seus véus cinzentos pareciam flutuar entre o céu e a terra nesse dia complexo, estranho. As nuvens brancas, cinzas e muitas vezes escuras tinham um cálido tom rosado agora, o fim do sol e a chegada da noite com a sua magnifíca lua já lhe dizia tudo. Não havia palavras para descrever o nascer da exuberante lua cheia de sangue. Era incrível. Ao lembrar que há mais de um ano estava no Continente Rivian, ela acabou estremecendo.

Naquela noite o espetacular nascer da lua lhe trazia algo de febril, misterioso, como se quisesse combinar com a raiva que a consumia por dentro. O bilhete viera do clã Beckembauer, seu anfitrião no continente e dizia:

"Sincler Beckembauer chegou Yandra. Parece melhor do que todos esperavam na verdade. Venha jantar conosco. Assim poderemos combinar a nossa reunião. Ou prefere continuar se isolando do resto da matilha?".

Impaciente, irritada, Yandra passou uma das mãos pelos fartos cabelos e os grandes olhos acinzentados soltaram faíscas a cada palavra lida. Gostava muito do ancião Latam, que trabalhara por tantos anos com seu pai Aiden — até a hora da morte dele — e que agora trabalhava com ela. Mas o filho dele era outra história, da qual Yandra não fazia parte, uma vez que Sincler saíra do continente antes que ela viesse correndo do mundo humano, quando a saúde de seu pai começara a declinar. Portanto, não tinha tido o prazer, ou o desgosto, de conhecer Sincler Beckembauer. Sabia dele apenas as poucas coisas que o pai lhe contara quando ainda era apenas uma criança. O restante fora recolhendo por observação e pondo em seus lugares. Montar um quebra cabeça nunca é fácil quando não há peças disponíveis. Mas todos os boatos que ouviu aqui e ali, ao perambular pelas redondezas lhe deu uma boa visão do que estava por vir. Pelo menos era o que ela imaginava.

Latam, um dos mais respeitados lideres do clã dos Presa de Prata, esperava que o filho lhe seguisse os passos. Em vez disso, Sincler Beckembauer fora para lugares desconhecidos, viajou o mundo e deixou a sua marca nele, dizendo que lá fora era que havia futuro de verdade para todos de seu clã. Agora, pelo jeito, Sincler tinha voltado para se refazer, depois de as feras do clã das Fúrias Negras quase terem acabado com ele. E claro que esperava que Latam lhe desse a mão e cuidasse dele até ficar bom.

E quando todos precisaram dele?

Continuara se aprofundando dentro dos outros clãs, milhares de quilômetros distante. No ano anterior Latam quase morrera, atingido por um tiro de um caçador ilegal humanos que invadirá a região, mas nem assim Sincler voltara. Quanto ao caçador teve o que mereceu, passou pelo julgamento dos Presas de Prata.

Iago, o seu guardião e treinador, parou perto da varanda e abriu o luminoso sorriso.

— O jipe está pronto, encrenca. Quer que eu dirija?

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