Ela é uma gordinha ruiva, linda, mas tímida. Ainda prefere viver o amor dos seus livros de romance do que ter seu coração partido pelos homens reais. Noah é seu melhor (e único) amigo desde a infância.
Ele a protegeu de todos e sempre foi seu porto...
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Depois de ter passado o resto da manhã dormindo, almocei com Noah na sala sem trazermos à tona o que tinha acontecido dentro do quarto dele. Na verdade, não aconteceu mesmo nada de extraordinário, além do meu surto que me fez passar vergonha. Só alguns minutos após ter corrido de lá, é que eu percebi o drama desnecessário que causei.
A verdade estava bem na minha cara e eu não queria enxergar ou aceitar. Aquelas brincadeirinhas que vinham rolando entre mim e os rapazes podiam até ser inocentes, mas os sentimentos não eram. Pelo menos, não os meus. Faltava-me coragem para admitir isso para qualquer um deles, mas eu havia vivido por algumas horas o sonho de tantas garotas: dormir entre dois homens lindos e atraentes.
Sentir-me excitada e deslumbrada não devia ser normal, afinal de contas, Noah era meu melhor amigo gay, só que eu não conseguia controlar as sensações refletidas em meu corpo.
No fim da tarde, sentei-me na cama com meu caderno no colo e comecei a planejar o conteúdo da outra semana que iria para o Instagram. Eu sempre fazia tudo com antecedência para o caso de ter algum imprevisto, evitando que meu feed ficasse sem ser atualizado por mais de dois dias.
Noah desviou minha atenção ao bater na porta que estava aberta e entrar no quarto, vindo se sentar na beira da minha cama. Sem me sentir muito empolgada, fechei meu caderno para prestar atenção nele, pois imaginava o que queria.
— Que tal conversarmos um pouco? — perguntou. — Está ocupada?
— Só pensando no conteúdo de posts da próxima semana. Estou sem muitas ideias. — Enquanto o encarava, observei a pele lisa e os traços tão bonitos que tinha. — Sabe o que seria muito legal? Fazer uma sequência de makes para pele masculina.
Noah fez aquela cara de espanto e desespero bem típica e eu previ que fosse sair correndo do meu quarto, mas fui surpreendida quando cruzou as pernas e suspirou.
— Eu topo — declarou.
— Jura?
— Assim podemos aproveitar para conversar — disse, levantando-se e dando a volta pela cama para se sentar perto do gaveteiro onde eu guardava todos os meus produtos.
Não pretendia começar naquele momento, afinal, eu havia acabado de ter a ideia e ainda precisava planejá-la. Mas como Noah já estava ali e queria falar comigo, não desperdiçaria a oportunidade. Então primeiro, limpei a pele dele, para começar a hidratá-la e fazer a preparação para receber os produtos.
— Então... Eu realmente te achei triste ontem, Cam, e você fez aquele desabafo... O que está rolando?
— Não é nada. — Encolhi os ombros, deslizando o pincel que espalhava o primer em sua pele. — Eu estou bem, sabe? Só que de vez em quando me bate mesmo uma tristeza, sei lá, meio frustração, por estar sempre sozinha. Todo mundo que eu conheço está sempre namorando, algumas colegas do trabalho, às vezes, terminavam um namoro e começavam outro uma semana depois. Por que comigo isso não dá certo? Por que não encontro ninguém?
