Capítulo 20

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Era verdade que eu estava me sentindo a última bolacha do pacote mas tinha motivos para isso

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Era verdade que eu estava me sentindo a última bolacha do pacote mas tinha motivos para isso. Marco tinha conseguido um trabalho para fotografar no Castelo de Windsor e eu surtei quando ele disse que levaria a própria maquiadora. Quando ele me deu a notícia, uma semana antes, eu jurava que estava me zoando, afinal, ele costumava participar de campanhas publicitárias bem maiores do que aquelas poucas em que participei.

Mesmo com vinte e seis anos, nunca tinha pisado no Castelo, e confesso que estava deslumbrada com o lugar. Queria eu mesma fazer minhas fotos ali, mas passei todas aquelas horas me contendo e fingindo costume.

Preparar Marco tinha sido fácil até agora, pois ele e os outros dois modelos estavam posando para uma grife conhecida, com roupas de inverno. O espanhol ficava muito elegante com sobretudos caros e peças de alfaiataria, era uma pena que seu estilo no dia a dia fosse mais despojado.

Senti vergonha alheia ao perceber que estava julgando as roupas de uma pessoa, exatamente como faziam comigo. E não era certo, porque Marco era um filho da mãe que ficava bonito de qualquer jeito.

— Gostou do passeio? — perguntou ele, enquanto eu retocava a base em seu rosto. 

— Lógico! Não só do passeio, mas do trabalho em si. Obrigada por ter me chamado.

Ele piscou para mim e desencostou da cadeira quando uma assistente chegou para ajudá-lo a tirar o blazer. Além de Marco, mais outros dois modelos também estavam posando para a coleção, então eu me assustei quando vi um deles reaparecer apenas de cueca e começar a ser preparado pela outra maquiadora.

— Ah, eu vou gostar dessa parte — murmurou, rindo quando se levantou e me encarou. — Pronta para maquiar meu corpinho, hermosa?

O filho da mãe me deu um beijo na bochecha e saiu quando foi chamado para fazer a troca de roupa. Eu não fazia ideia de que seriam feitos cliques de roupas íntimas e aproveitei para me sentar na cadeira usada por Marco, enquanto observava o outro rapaz em pé, de pernas e braços afastados, sendo alisado pela profissional que besuntava seu corpo com iluminador.

Felizmente, eu também possuía aquele tipo de produto corporal nas minhas maletas, porque sabia que para fotografia era importante uma pele uniformizada, mas não esperava que fosse precisar usá-lo para esfregar o tanquinho do espanhol. E por falar nele, quando voltou, vestindo apenas uma cueca preta muito bonita, já se aproximou com um sorriso enorme no rosto, todo safado.

— Estou pronto pra você — cantarolou, dando uma voltinha antes de parar diante de mim. — Como você me quer?

— Calado seria uma boa opção — respondi, agachando-me para abrir uma das maletas que levei e pegando o gel bronzeador com efeito iluminador. — Algo me diz que você só me chamou por causa disso.

Comecei a passar o produto pelos ombros largos, tomando sempre o cuidado de espalhar bem, enquanto Marco permanecia imóvel, sem tirar o sorriso sacana dos lábios. Sabia que não valia nada, mas não imaginava que pudesse ser tão ardiloso a esse ponto. E o pior de tudo, é que eu não podia dar uns tapas ou uns beliscões, pois seria um crime marcar a pele de um modelo.

A GAROTA DELESOnde histórias criam vida. Descubra agora