Ela é uma gordinha ruiva, linda, mas tímida. Ainda prefere viver o amor dos seus livros de romance do que ter seu coração partido pelos homens reais. Noah é seu melhor (e único) amigo desde a infância.
Ele a protegeu de todos e sempre foi seu porto...
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5 meses antes
Noah
Quando veio para Londres cursar a faculdade, Lily Brown me ligou e implorou para que eu a convencesse a morar comigo, pois seus pais a criaram dentro de uma bolha e temiam que a menina voasse por conta própria. Eu nunca me intrometi nem tentei convencer Cameron de absolutamente nada. Achava muito importante que ela desabrochasse e caminhasse com as próprias pernas naquela que era uma fase tão especial na vida de todo mundo. Me mantive sempre por perto e presente, mas dei espaço para que vivesse suas próprias experiências, como eu vivi as minhas.
E ela foi muito bem em tudo que se propôs a fazer. Não era mais a garotinha indefesa da bicicleta, agora sabia se defender e se posicionar, mas ainda havia todas as suas outras nuances ali dentro. Observei os olhos verdes arregalados e as sardas que pintavam suas maçãs do rosto, enquanto um pedacinho do lábio rosado estava preso entre os dentes.
— Você está com medo de dormir comigo, Cam? — perguntei, porque ela me encarou como se tivesse visto um fantasma.
— Não.
Nossa amizade era muito antiga, então não era a primeira vez que Cameron me via sem camisa ou entrava em meu quarto. Nunca chegamos a dormir juntos, mas já dividimos uma cama em várias ocasiões, como noites assistindo filmes ou jogando videogame — na época em que eu ainda curtia isso.
Eu a conhecia o suficiente para saber que estava travada, sem saber o que fazer ou como agir, portanto, me levantei e puxei o edredom que cobria a cama. Em seguida, corri para fora do quarto e subi até o segundo andar, pegando os dois travesseiros que ficavam lá em cima e descendo com eles. Usei os dois para fazer uma pequena barreira no meio do colchão e olhei para Cameron, que assistia a tudo com curiosidade.
— Está bom assim? — perguntei, aproximando-me dela e passando um braço por sua cintura. — Você está cansada de saber que não curto mulheres, mas se isso a deixa mais tranquila...
Levei um tapa no peito e ela se soltou de mim, com as bochechas coradas.
— Deixa de ser idiota, Noah. Não tenho medo de que me agarre.
— Então qual é o problema? — perguntei, vendo-a se afastar para sentar na cama e tirar os sapatos. — Porque você não me engana, eu sei que essa cabecinha está pensando em muitas coisas.
— Nada de mais. — Cameron encolheu os ombros e passou as mãos pelo lençol. — Preciso ir no banheiro.
Saí de seu caminho e deixei que tivesse seu tempo, então fui até a cozinha pegar água porque tinha exagerado na cerveja. Sempre me sentia arrependido quando bebia demais, prometia a mim mesmo que não faria mais isso e, dias depois, estava novamente cometendo o mesmo erro. Meu treino não rendia dessa forma, eu precisava criar vergonha na cara e beber menos.
Como Cameron foi usar a suíte de hóspedes, aproveitei meu banheiro para jogar uma água no corpo e a encontrei deitada de um lado da cama quando saí do banho. Tinha puxado uma banda do edredom, mas vi que continuava vestida com seu macacão verde.
