Vinte e dois

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Não famosa, famosa, de arrepiar os cabelos da rainha. Mas o suficiente para ter um site com biografia, agenda, loja virtual, galeria de imagens. Na foto mais arrebatadora, capaz de esquentar meu peito inteiro, estava em pé no estúdio, pernas levemente afastadas. Segurava o Martin D-18 na diagonal, como uma bandeira do desfile de Sete de Setembro. Não olhava para a câmera. Mas eu olhava para a foto e me perguntava em que momento da vida ela tinha ficado assim tão linda.

"Em que espelho ficou perdida a sua face?"

E ela dissera que estava apaixonada por mim. Por mim! Ou seja, além da face, Lauren também perdera o bom gosto.
Famosa o suficiente para ter sua própria banda, Lauren Jauregui and Band. Para ter sido apontado pela crítica como um dos nomes mais promissores da nova geração de guitarristas, cantoras e compositores de blues, blues-rock e pop rock.

Para gerar um milhão de resultados no Google quando refiz a pesquisa em inglês, milhares de vídeos no YouTube e seguidores no Twitter. Seu último tweet? Postado às 9 horas daquela mesma noite. uma música do UMI - Remember me, ela publicou: " Now that I'm here without you, Hope that you're better ". (Agora que estou aqui sem você, Espero que você esteja melhor )

Em seguida, postou: "Will you remember me? Will you remember the way that I was? Will you remember me?
Will you remember the way that you felt when you're next to me?
Will you remember?"

(Você vai se lembrar de mim?
Você vai se lembrar do jeito que eu era?
Você vai se lembrar de mim?
Você vai se lembrar do jeito que você se sentiu quando você está perto de mim?
Você se lembrará? )

E não parava por aí. Lauren Jauregui tinha fã-clubes espalhados pelo Reino Unido e, em menor escala, pelo restante da Europa Ocidental. Lotava as casas de show por onde se apresentava. Tinha um CD gravado e outro saindo da gravadora e cuja turnê começaria dali a dois meses.

Havia dividido o palco com ninguém menos do que Eric Clapton, durante um festival beneficente em Liverpool. Estampava os tabloides com relativa frequência. Só naquela pesquisa, pude contar oito Mulheres com quem ela possivelmente tinha se relacionado nos últimos dois anos.

Oito mulheres.

Em dois anos. E não estou falando de quaisquer mulheres. Mas mulheres lindas, saradas, bem vestidas e com decotes fartos, botas de bico fino e óculos de sol estilo abelha. Morenas, loiras e ruivas. Vinha daí, claro, sua incrível habilidade para lidar com sutiãs.

Tudo bem. Talvez ela não tivesse perdido todo o bom gosto. Veja bem os tipos de sutiã que ela abria! Ou talvez o bom gosto ainda estivesse lá, intacto, apenas um pouco esmagado pela avalanche de nostalgia que passou por cima dela.

Eu estava tão profundamente concentrada em minha própria perplexidade, tentando me convencer de que aquilo não era um sonho, tentando não rir e, principalmente, tentando não chorar (Lauren não merecia uma gota da minha emoção), que, quando meu celular vibrou no criado-mudo, um barulhinho acanhado atravessando a noite silenciosa, saltei no lugar e quase caí da cama. Agarrei o laptop a dois palmos do chão.
Atrapalhada, estiquei o braço e peguei o celular. O torpedo cintilava à meia-luz do abajur.

E aí? Gostou do meu site? - Lauren

Fechei o laptop no mesmo segundo, arfando de susto. Como assim? Como assim? Como assim?! O celular vibrou outra vez.

Estou analisando as estatísticas de acesso do meu site... Hum. Visita de Miami, tráfego de origem: Google, "Lauren, Lauren Jauregui pubs lotados"? Ah, Camz, francamente... Só pode ser você. - Lauren

Idiota. Idiota. Idiota. Lauren, uma perfeita idiota. Soquei minha testa com força. Respirei fundo e fiquei olhando o teto, sentindo a cabeça arder de tanto ódio. E do soco que acabara de levar.

Azar o seu! CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora