Onze

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"A lauren..." murmurei.

"O que é que tem?" Ela disse quase num sussurro

....

"Sempre tocava pra mim. E fazia trocadilhos com o meu nome." Ela suspirou. Deixou o violão de lado, em cima da colcha de crochê. Aproximou- se mais, joelho com joelho.Ela se parecia um pouco com a lauren, ou eu estou tão obcecada pela Lauren que eu estou imaginando coisas?

"Então você pode falar da lauren. Eu, não." Ela disse, ela estava tão perto.

"Não é isso..." Anda, camila! Uma explicação! "Você pode falar da lauren. Só não pode defendê-la."

"Ah, entendi." Ela não ficou satisfeita. Mas não fez questão de ficar. Pegou o violão e o estendeu na minha direção.

"É a sua vez. De tocar" Olhei para ela. Mais precisamente para o Martin D-18. Cheguei a deslizar os dedos pela madeira. Mas era um Martin D-18 e isso me assustou. Então afastei o braço e recusei

"Não, não. Obrigada."

"Por que não? Vamos! Eu acompanho você. Onde você guarda a sua máquina de cordas assassinas?" Olhou ao redor, procurando.

"Violão não é o meu melhor instrumento." Eu me levantei.

"Vem comigo." Ela me seguiu até a sala, onde puxei a banqueta do piano de armário e me sentei. Em pé ao meu lado, ela apoiou o cotovelo perto dos porta-retratos (um deles exibia uma foto minha tocando violão num dos saraus promovidos pelo Colégio. Lauren não participou daquela vez; ficou em casa de repouso, por estar doente). Abri o teclado e toquei The hills e crazy in love. Quando terminei, ela aplaudiu.

" E ainda tem coragem de dizer que ficou sem tocar piano durante os anos..." Beliscou-me o ombro. "Você é tão mentirosa, Bronquinha. Por que você é tão mentirosa?"

"Eu não sou mentirosa." Disse fingindo uma cara de brava, oque acabou arrancando uma gargalhada dela.

"Porquê não se formou no conservatório? Por que não continuou estudando música? Por que não seguiu carreira?" Ela falou tudo de uma vez só

"Ei, devagar! Assim não consigo raciocinar." Reclamei

"Inventar outra mentira você quer dizer, né?" Sorriu. "camila, é sério. Você está privando o mundo da sua óbvia vocação."

"Não sei se você está feliz com a sua carreira..." eu disse. "Financeiramente. Mas para mim, não rolava. Tranquei matrícula no conservatório para estudar para o vestibular."

"Nunca é tarde para recomeçar camila"

"Meu tempo passou. Tenho 25 anos." Balancei a cabeça.

"Você insiste nessa idade como se se tratasse de um número exato. " ela disse com uma voz tão amável que... foco Camila foco

" não é?" Eu disse pra ela

"Não. Até os números podem ser relativos." Ela deu a volta e sentou ao meu lado

"Uau! " eu disse, impressionada. "Uma explicação estatística? Essa eu quero ouvir." Ela pigarreou solenemente. E começou

"Num intervalo de 367 dias, qualquer pessoa do mundo tem duas idades diferentes. E o que são 367 dias?" Com o indicador, tocou a ponta do meu nariz. "Um ano e dois dias."

"Intrigante." Franzi a testa. "Daria uma tese de doutorado."

"Pode apostar..." Bocejou. Depois arregalou os olhos, com dificuldade em mantê-los abertos. "Agora vamos partir para coisas mais urgentes? Como tomar Red Bull? Eu não aluguei quatro filmes à toa."

Azar o seu! CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora