"Você precisa se permitir" a voz da Sra. Desperdício se fez presente, como se ouvisse meus pensamentos. " Sair do casulo. Ou deixar alguém entrar. Às vezes, ficar é sozinha uma barra. Se quiser conversar..." Continuei olhando a paisagem e fechei um pouco mais a cara para o caso de ela ainda não ter percebido que conversar não me agradava." Ah, por favor. Alivie essa cara, camz." Foi aí que virei o rosto e olhei para ela. Sem aliviar a cara
"Você disse camz?" Meus olhos saltaram. " Como você sabe esse apelido?" Perguntei
A mudança repentina em sua fisionomia soava como um "Ó-Óu".
"Eu... Quer dizer, você." Ela coçou a testa. "Com que força você bateu a cabeça na Kombi? Você disse seu nome para mim. Camila. E depois falou que alguém te chamava de camz Lembra?"
"Não." Cruzei os braços. "Não lembro."
"Você estava confusa, então..." a interrompi
"Mas não disse camz para você. " sera que eu falei minha cabeça doía como um inferno
"Infelizmente disse o nome e muito mais." Ela olhou pra mim dando um sorrisinho então eu me calei.
A verdade é que eu não tinha certeza. Havia dito algumas palavras, mas não me lembrava com clareza de todas elas e não fazia sentido me preocupar com isso agora. A Sra. Desperdício sabia meu nome e daí? Eu gostava do meu nome. Lauren também.
"camz, que rima com dia, que rima com poesia, que rima com... linda. Lindo, aliás. Seu nome é lindo."
Um estranho silêncio pairou sobre nós até que a Sra. Desperdício saiu da estrada e entrou num posto de gasolina. Desligou a Kombi longe das bombas de combustível, numa vaga camuflada entre os galhos de uma árvore, perto da lojinha de conveniência.
"Preciso tirar essa roupa molhada." Puxou o freio de mão. "E você deveria fazer o mesmo."
" Não tenho outra roupa." Disse ríspida
"Te empresto uma minha." Ela saltou da Kombi e foi revirar sua mala, no bagageiro atrás de mim. " Toma." Estendeu-me uma blusa branca de algodão e calças de moletom.
"Não se preocupe " eu disse, sem me mexer. "Tomei a vacina da gripe. "
"E daí?" Ela falou jogando as roupas em cima de mim
"Costuma ser eficiente. Além do mais, está calor." Falei com desdém
" Vai esfriar mais tarde. É sério " insistiu.
"Estou bem assim." Virei meu rosto pra o lado oposto do dela
"Camila" suspirou. " Sempre teimosa." Quando acabou de limpar seu assento, deixou a toalha, para que eu limpasse o meu depois. "E a vacina não previne resfriados. Anda. Pega logo. Ainda estão com a etiqueta." Não sei se foi a preocupação carinhosa na voz dela ou a falta de lógica da palavra "sempre". Como assim "sempre teimosa"? Mas eu me rendi e apanhei as roupas.
"Vou comprar alguma coisa pra gente comer. Tô morta de fome." Jogou no ombro uma camiseta azul e jeans limpos. "E você nunca esteve tão bem, pode acreditar em mim." Tive a impressão de que, atrás dos óculos de sol, seus olhos me deram uma boa examinada antes de ela bater a porta e começar a se afastar. Fiquei imaginando a cor de suas íris e, num impulso, eu a chamei
"Ei" ela voltou. Debruçou-se na janela."Por que os óculos se está nublado desse jeito? " perguntei, sem saber por quê. Ela pensou por um momento. Fiquei com medo de levar um fora.
" Bem lembrado" foi o que ela disse. "Preciso comprar uma caixinha de Band-Aid. Cortei o supercílio quando me joguei no asfalto." Ela me deu as costas e se afastou outra vez.
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Azar o seu! Camren
FanfictionCamila está parada num engarrafamento, pensando em sua vida azarada. Sem emprego, atolada em dívidas, ela não imagina que está prestes a viver a grande coincidência da sua vida. A motorista do carro ao lado está buzinando, tentando se comunicar com...