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Dois dias antes, festa fantasia...

—Não me leve a mal, Zufar... —Borra verbalizou, levando a mão até o ombro de seu amigo —Mas você não acha que já bebeu demais desse negócio que estão oferecendo aqui? 

Zufar estava tão animado que chegava a assustar. Ele sorria para o nada, fazia piadas sem graça e tinha os olhos âmbar tortos para o lado. Enquanto Borra falava, o trevoso levava mais um gole do que depois decobrira ser champanhe a boca. Não parecia se importar muito que aquela bebida estivesse mexendo tanto com seus neurônios. Ele nunca experimentara algo parecido.

—Demais? —berrou em resposta, dando uma gargalhada que atraiu a atenção de algumas pessoas que bailavam no salão de festas. Borra levou um dedo até a boca em sinal de silêncio, pedindo-o para falar mais baixo —Demais? —repetiu em um sussurro. —Meu caro, eu não sei quando vou ter a oportunidade de provar essas iguarias humanas de novo, deixe-me aproveitar!

Borra não evitou revirar os olhos, aborrecido. Seu amigo mal se mantinha em pé, e por essa razão, precisava do apoio dele para poder permanecer no lugar. Ambos xingaram quando não encontraram nenhum banco ou cadeira que pudesse comportar suas asas naquele lugar para que Zufar pudesse sentar-se e diminuir sua ladainha.

Talvez a princesinha Aurora, que Borra conhecia apenas de longe, tivesse se dado ao trabalho de pôr apenas um banquinho para quem sabe a sua fada madrinha sentar-se quando o cansaço lhe tomasse conta. O trevoso duvidava muito que aquela garota tivesse se acostumado que agora a sua "mamãe" tinha uma centena de cópias dela mesma vivendo pelos Moors, o que era totalmente entendível.

Na verdade, Borra não confiava muito nela ou em qualquer outro humano. Eles não eram dignos disso após terem feito tantas maldades. Inclusive levado Connal. Esse fora um dos piores baques.

—Um brinde...a mim! —Zufar levantou a taça para o alto, que por hora estava vazia e ele nem mesmo notara. 

—Meu amigo, numa boa, cale essa sua boca. —um outro trevoso que estava um pouco mais distante, encostado na parede disparou, os braços cruzados e a expressão fechada. Borra não o conhecia. Pelo menos, não por detrás de sua máscara de folhas secas.

Como resposta, Zufar deu mais uma gargalhada. Tudo lhe parecia brincadeira. Aquilo já estava ficando insuportável.

—Você deveria estar prestando atenção na sua filha, Zufar, não bebendo. —Borra advertiu, relembrando que Hannah ainda era uma jovem inexperiente que precisava de cuidados e cautela. Ela tinha apenas dezenove anos e não podia simplesmente ficar abandonada por aí, muito menos no meio de humanos perigosos. —A mãe dela não iria gostar nada de...

—Shiuuu!!! —Zufar pôs sua mão na boca de Borra, cambaleando.—Você...você não venha falar da mãe dela perto de mim, seu otário!

Franzindo o cenho, Borra desistiu de tentar argumentar qualquer coisa com o parceiro maluco. Ele não iria captar, e provavelmente poderia fazer um escândalo ainda maior. Já não bastava as pessoas acharem que fadas eram perigosas, se Zufar se descontrolasse —se é que já não estava em estado de descontrole —aí que a situação ficaria pior para o lado das trevosas, dos Moors, e de Malévola.

Pensando nela...

Borra deu uma olhada pelo salão. Mulheres usando longos vestidos pomposos ao passo que outras já se arrumavam de uma maneira mais simples. Máscaras das mais diversas cores cobriam os olhos delas. Algumas sorriam, outras tinham rostos sérios. Homens de trajes formais, também mascarados, convidavam as donzelas para mais uma dança. A música dos violinos não parava, e apesar de nem todo mundo dançar simultaneamente, era certo ver ao menos um ou dois casais juntinhos improvisando a própria coreografia.

DesfechoOnde histórias criam vida. Descubra agora