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Diaval mal podia acreditar no que os seus olhos o mostravam. Malévola estava viva. Aurora também. Aquilo só poderia ser um sonho. Sonho do qual o homem não gostaria de ser despertado.

Ele agarrou Malévola e achou o peso dela até que leve para uma fada gigantesca que ocupava boa parte do apertado quartinho onde eles estavam. Olhando para ela, Diaval pôde por um segundo esquecer de Arabela e da raiva que estava sentindo dela. Ele colocou Malévola no chão, apoiando a cabeça dela em suas pernas

—Senhora? —a chamava dando batidinhas em seu rosto pálido e frio. —Fala comigo!

Borra, do outro lado, permanecia atônito a toda a movimentação. Aurora viva, Malévola machucada, Arabela se entregando...era difícil para ele aceitar. O que poderia ele dizer?

—Achei que tivesse morrido, Aurora. —Borra se ouviu perguntar a princesa, que por hora estava ocupada demais tratando de sua fada madrinha ferida junto a Diaval. —Eu vi eles indo enterrar você, eu vi o seu corpo. Como...como isso é possível? —indagou, virando o olhar para Arabela com os braços cruzados, sabendo que a resposta provavelmente viria dela.

—Magia ilusionista. —respondeu a garota, dando de ombros, como se aquela fosse a coisa mais simples do mundo.— Quem estava no caixão não era Aurora, não era ninguém na realidade. A visão humana é bem falha, então ficou ainda mais fácil. As fadinhas presentes também estavam comovidas demais para perceber qualquer coisa.

—E você sabia disso aquele tempo inteiro? —continuou Borra. —Era sobre isso que você conversava naqueles porões do palácio quando te encontrei?

Arabela acenou com a cabeça, culpa pesando em seus ombros. Mal conseguia olhar nos olhos de Borra direito. Não era capaz de encarar ninguém naquele momento.

Borra calou-se por um instante para refletir. Magia ilusionista...uma dádiva rara e quase extinta entre as trevosas. Um poder que nem mesmo a própria Malévola tinha. Um poder que...não, não era possível.

Hannah. A filha de seu melhor amigo. A garotinha que ele vira crescer. Cheia de traumas, temores, tristezas...mas também cheia de sede por vingança.

Desatenta aos pensamentos de Borra expressos em sua face surpresa, Arabela prosseguiu com sua confissão, crente de que todos os olhares agora estavam diretos nela —todos talvez em exceção o de Malévola, que permanecia desacordada.

—O plano era que executassem Malévola hoje. Hannah estava nesse exato momento indo em direção aos fragmentos da fênix mãe na antiga caverna de exílio das trevosas. Quando o coração de Malévola parasse de bater, a fênix supostamente pararia de brilhar; e nesse momento, Hannah poderia extrair o elixir da vida que tinha ali dentro, poderia fazer o que tanto queria com ele, que era trazer sua mãe de volta. Não seria possível conseguir esse elixir com a fênix escolhida viva, pois o poder dela é forte o bastante para que qualquer um que tentar tocá-la morra. Eu creio que Hannah está muito decepcionada com o fato de que Malévola continua respirando agora.

Borra acompanhava a história tentando não ficar boquiaberto. Ainda estava pasmo com a ideia de Hannah ter uma mente tão cruel. Ela era apenas uma garotinha, uma garotinha jovem e pura que mal conseguia falar direito nas reuniões das trevosas por ser tímida demais, ou talvez retraída dentro de seus próprios medos. Ela era apenas uma menina.

Zufar ficaria decepcionado.

—E por que você compactuou com um plano que nem tinha a ver contigo? —rosnou Borra com azedume — Hannah estava agindo sozinha, e poderia continuar agindo, já que o único propósito dela é ressuscitar Luna, coisa que eu duvido muito que seja possível. O elixir é uma lenda, eu nem sei como ela descobriu. Por que então você quis se intrometer?

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⏰ Última atualização: Feb 25, 2023 ⏰

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