"A irmã do Kakashi"

"Meu Pós Sonho"

Suada, ofegante e molhada.
Foi assim que eu acordei agora sozinha na barraca.
Já é de manhã e eu consigo ouvir as vozes dos outros lá fora.
Coloquei as mãos na frente do rosto tentando apagar o sonho da minha mente.
Ou melhor apagar a minha culpa por ter sonhado algo assim com o melhor amigo do meu irmão e gostado.
Levantei num rompante, coloquei minha máscara e peguei minha bandana, vi de relance que tem um riacho perto do acampamento marcado no mapa e é pra lá que eu vou, agarrei minha mochila e sai da barraca bruscamente causando olhares dos meus companheiros de time.
Fiquei absurdamente vermelha quando o Gai me olhou e posso afirmar isso mesmo sem ver meu reflexo.

— Bom dia Tarumi-chan!_ Lee disse animado.

— Bom dia._ respondi e sai correndo deixando três pares de olhos confusos atrás de mim.
Fui na direção que eu achava que era o riacho, mas não era então tive que voltar com a cara mais lavada do mundo para o grupo.
Eles me olhavam curiosos quando me aproximei totalmente descabelada e a cicatriz a mostra.

— Onde é o riacho?_ não perguntei para ninguém específico mas rezei que fosse Lee a me responder.

— É pra lá._ Neji apontou para o lado oposto de onde eu vim.

— Obrigada Hyuuga!_ me virei para sair rápido.

— Tarumi?_ a voz de Gai me chamou e corei com o flash de lembranças indecentes provenientes do meu mais recente sonho que vieram acompanhadas do som dessa voz.— Você está bem?_ ele perguntou preocupado.
Senti o meio das minhas pernas arderem.

—C-Cla-aro!_ acho que não convenci ninguém mas não esperei a reação deles, sai pisando firme para o riacho, seguindo a direção que Neji apontou foi bem fácil acha-lo.
Tirei a roupa e me joguei na água rezando para que ela lavasse não somente meu corpo mas também os meus pensamentos.
Posso citar um milhão de motivos para eu não poder pensar no Gai dessa forma para mim mesma e o primeiro deles é que ele não me quer!
Fico na água tentando sossegar meus pensamentos até que ouço passos pesados vindo na minha direção.
Fiquei atenta esperando seja lá quem for se aproximar.

— Tarumi?_ Gai disse, suspirei.
Ótimo estou tentando esquecer o sonho do qual ele é o protagonista e agora ele aparece como se fosse invocado do mais profundo abismo do meu cérebro.

— Estou aqui Gai-san._ disse a contragosto.
Ele apareceu próximo ao riacho.

— Você não parece bem então achei melhor vir falar com você._ ele disse olhando no meu rosto, tenho certeza que eu pareço um pimentão agora mas decidi manter a postura.

— Estou ótima!_ claro que minha voz tinha que falhar na palavra ótima.

— Tem certeza Tarumi-chan?_ ele perguntou novamente, me limitei a assentir positivamente com a cabeça.

— Só precisava de um banho!_ eu disse saindo da água sem ligar para o fato que eu estou nua.
Gai virou de costas me dando privacidade, mas aí eu tive tempo de admirar o seu bumbum e foi pior do que se ele tivesse ficado me encarando.

— Pode virar._ falei enquanto prendia minha bandana sobre minha cicatriz.
Fechei meu colete chunnin e fui na direção dele.

— Estou bem Gai-san._ tentei não ficar vermelha e ofereci um breve sorriso por de baixo da máscara.

— Tem certeza que nada te incomoda?_ eu podia responder que a voz dele me dá um puta tesão, mas isso ultrapassa qualquer limite da amizade e eu quero fingir que aquele sonho nunca existiu.

— Sim eu tenho, a propósito você tem uma bela bunda._ disse me afastando sem me virar para ver sua reação.
Logo eu estava de volta ao acampamento e não muito mais tarde estávamos partindo rumo a SunaGakure, tentei pensar em qualquer coisa que não fosse o maldito sonho ou a bela bunda.
Oque se provou bem difícil visto que eu estava bem atrás da pessoa que atormenta meus pensamentos.
Paramos para comer duas vezes e quando a noite caiu nós paramos numa pequena ilha de árvores em meio ao deserto.

— Vamos acampar aqui!_ Gai disse animado e nós assentimos, os meninos montaram as barracas, Gai trouxe a madeira e eu acendi a fogueira e depois esquentei o Ramén.
Comiamos em silêncio enquanto eu tentava manter meus pensamentos no mesmo estado.

— Está tão quieta hoje Tarumi!_ o Hyuuga disse e eu levantei meus olhos da minha tigela.

— Só estou cansada Hyuuga._ afirmei fechando os olhos de forma teatral.

— Tem certeza que é só isso mesmo?_ agora foi a vez do Lee.
Fiquei feliz pela preocupação dos meus colegas mas eu não posso contar nada pra eles já que eu teria que assumir que sou uma tarada, então prefiro omitir.

— Sim Lee obrigada pela preocupação de vocês!_ eu sorri._ Vou deitar me chamem quando for o meu turno por favor.
Eles assentiram sai em direção a barraca que eu divido com Gai.
Me deitei no meu saco de dormir e tentei novamente acalmar meus pensamentos.
Passei a relembrar da minha vida no monte e das flores ou de como a vovó sapo sempre me dava bons concelhos, sinto falta deles.
Mal percebi quando já era o meu turno.

— Sua vez Tarumi._ Gai disse entrando na barraca, eu apenas me levantei sem dizer nada vestindo minha capa de frio quando Gai segurou meu pulso.

— Eu não sei oque houve mas saiba que eu estou aqui pra você!_ ele sorria com seus dentes perfeitos a mostra.
Me aproximei e lhe dei um beijo na bochecha.
Ele soltou meu braço e eu aproveitei sua distração para sair da barraca.
A noite era calma e silenciosa, o deserto é frio de natureza.
Tudo parecia na mais perfeita harmonia por 30 minutos até que minha paz foi interrompida por uma kunai atirada na minha direção.
Eu a segurei entre meus dedos antes que acertasse meu rosto e a girei nas mãos.

— Apareça seja lá quem você for._ disse sem emoção.
O farfalhar das folhas denunciou a chegada dos meus dois inimigos pelos flancos, ambos vestidos com roupas gastas.

— Oque querem?_ perguntei sem demonstrar nada.

— Queremos os pergaminhos que vocês carregam._ o ninja da direita disse com a voz enjoativamente doce.

— E porque eu os entregaria a vocês?_ respondi indiferente.

— Simples! Somos 2 contra um já que seus amigos não vão acordar tão cedo!_ o da direita disse enquanto o outro apenas observava.

— Oque te faz ter tanta certeza disso?_ indaguei.
Ele riu.

— Porque eu os prendi no meu Genjutsu do sono, eles só vão acordar se eu quiser ou se eu morrer!_ ele concluiu feliz.

Suspirei, essa madrugada vai ser longa.

— Que pena ninja errante, mas acho que vai ser a segunda opção.