Capítulo 6

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Acordo assustada com uma água fria sendo jogada em mim, desnorteada olho para o lado e encontro a mulher com as duas crianças no mesmo estado que eu. —Saiam da porta da minha casa.— esbraveja uma mulher na casa dos 50 anos com um balde em suas mãos e em sua face é visível o nojo.

A mulher com as duas crianças, que ainda não sei o nome, guarda as suas coisas que estão todas molhadas em um saco plástico, em seguida segura as mãos dos seus filhos que choram e tremem de frio levando eles para longe da vista da terrível mulher, que com a saída deles olha para mim de forma esnobe e depois entra na casa. Saindo da inércia que estava o meu corpo, por ainda está processando tamanha crueldade, coloco a mochila nas costas, a mochila não estava molhada pelo simples fato de que eu estava deitada sobre ela quando tudo aconteceu. Caminho rapidamente com o intuito de alcançar aquela família. As crianças deixaram o lugar assustada, com medo, e eu queria saber se eles estavam bem, e se não como eu poderia ajudar. Como eu sou boba, claro que nenhum deles estão bem, nem a mãe, nem as crianças e nem eu. Porém o olhar dos pequenos foi de cortar o coração, que eu nem ligo para os meus próprios traumas. Eu sou adulta conseguirei lidar com isso, mas elas são crianças indefesas, que não deveriam conhecer o quão mau é o mundo ao seu redor.

—Senhora— grito chamando a sua atenção que para. Ao alcançá-los pergunto: — Como eles estão?— ela olha para as duas pequenas fofurinhas ao seu lado. A menina de dois anos, é uma graça, negra de pele clara e cabelo cacheado, com bochechas gordinhas que dá vontade de apertar. O menino, diferente da mãe e da irmã é branco, cabelo loiro cacheado, no entanto tem bochechas gordinhas iguais a da irmã.

—Eles ficarão bem, essa não é a primeira vez e não será a última— suas palavras fazem o meu coração doer, olho para ela e depois para aqueles pequenos anjinhos e uma lágrima cai dos meus olhos, no entanto rapidamente a limpo, eles não precisam da minha pena.

—Eu vi que todas as suas coisas estão molhadas, e vocês não podem ficar molhados desse jeito, provavelmente ficaram doentes. Minhas coisas não molharam posso dar algumas peças de roupas a vocês.— digo abrindo a mochila, mas a mulher segura as minhas mãos parando meus movimentos.

—Não se preocupe com a gente, você já ajudou a gente o bastante— diz dando um sorriso sem mostrar os dentes.

—Eu quero fazer isso, se eu tiver como, ajudo um milhão de vezes se precisar. E tenho certeza que se você estivesse em meu lugar faria o mesmo— digo olhando em seus olhos e vejo lágrimas caindo dos seus olhos.

Me agacho para ficar na mesma altura das crianças que me olham timidamente e digo: — Olha o que eu tenho para vocês.— Como eles são pequenos retiro duas blusas da minha mochila que ficaram como vestidos neles. Uma blusa tem desenhos de flores, essa eu dou para a menininha que fica encantada, puxando a roupa da mãe para mostrar a ela o que acabou de ganhar. E para o menino pego uma blusa preta unissex, ele me olha desconfiado quando ofereço a blusa a ele, mas ele pega.

Como previsto ao usarem, vejo que a blusa é muito grande para eles, mas isso é provisório, até que as roupas deles sequem. Para a mãe eu pego uma calça e uma blusa sem mangas, como minhas roupas costumam ser mais largas acho que caberá perfeitamente nela.

—Isso é para você— entrego a ela as roupas e retiro 2 reais da bolsinha e digo:—Eu sei que não é muito, mas acredito que dá para comprar alguns pães.

—Você é um anjo, pessoas como você não deveria está na rua— diz chorando.

— E nem pessoas como você e seus filhos— digo lhe dando um sorriso e fazendo um carinho em seus braços que prontamente me abraça e eu retribuo.

— Você é boa demais para viver em um mundo tão cruel— diz em um tom baixo que só eu sou capaz de escutar. Após alguns segundos ela se afasta de mim e pergunta: —Me diga, qual é o nome do meu anjo da guarda?.

A mercê da maldadeOnde histórias criam vida. Descubra agora