Capítulo 21- Mason (parte 1)

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Fingir é um papel que eu faço perfeitamente!

Todas as situações eu consigo transformá-las para o meu próprio benefício, isso eu aprendi desde cedo. Não, eu fui forçado a isso, e já que eu deveria aprender, eu tinha consciência que eu tinha que ser o melhor, nada menos que isso era válido para mim. Eu não queria ser o bom aprendiz, não há poder nisso, eu queria aprender com o mestre e o ultrapassa-ló, assim os papéis se inverteriam e seria eu quem passaria a ensinar. No entanto eu nunca fui bom em ensinar, eu sempre fui um estrategista nato, então é totalmente inaceitável mostrar as minhas jogadas, pois se eu me manter sem barreiras, o caminho estará livre para ser tomado. Minha vida é um eterno jogo de xadrez, em que há pessoas esperando por uma jogada errada que coloque o rei em xeque, ou seja, em perigo, com isso o rei sem conseguir se movimentar pelo tabuleiro será capturado por um belo movimento de Xeque-Mate do seu adversário. Dessa forma, fingir é necessário, se manter frio, calculista, sem expressar futuras ações que possam ser descobertas. Manter-se sempre a vários passos do inimigo, e o principal, ter jogadas reservas para usar no momento propício, no caso, ideal para mim.

Assim era as minhas ações, os meus pensamentos, até um certo par de olhos azuis inocentes alcançar a minha visão e permanecer em minha mente. Isso estava me deixando louco. Me controlar tem se tornado uma tarefa impossível, eu sempre vejo o controle escorrerendo pelas minhas mãos, dando lugar a irracionalidade, a fera que a tempos venho domando. Resgatando o lado que prometi não mostrar para mais ninguém, o meu lado "bom." Eu já o havia excluído da minha personalidade, nem mesmo lembrava de já ter tido um, mas não sei como, a Luna vem o resgatando. Ela tem me deixado fraco a cada segundo que tenho ela por perto. Com ela os meus instintos andam a todo tempo a flor da pele, a minha possessividade por ela, a agressividade só de ver alguém a cobiçando, o meu lado protetor que deseja a manter longe de qualquer ameaça de perigo. Tudo isso provocado por um anjo, que ironicamente tem feito da minha vida um inferno.

A forma como eu agi com o Ethan só comprova mais ainda o quanto ela me afeta. Eu fiquei irritado de ver ela distribuindo sorrisos para ele, estes que deveriam pertencer só a mim e a mais ninguém. Eu odeio compartilhar o que é meu e ela é minha, sendo assim tudo nela é meu, até os seus pensamentos. A cada sorriso a ira crescia dentro de mim, imagens de maneiras como eu poderia torturar o Ethan rodeava a minha mente e todas elas tinham um ponto em comum, eu sempre terminava perfurando uma adaga em seus olhos. Ali naquela mesa não era o meu velho amigo e advogado que eu via, mas sim um adversário que queria o que é somente e unicamente meu. No entanto o estopim foi quando a Emily machucou a Luna, eu enlouqueci, tudo em minha mente ficou escuro. Vozes na minha mente mandava eu matar a Emily, torturar ela pela petulância de fazer mal a um ser tão inocente como a Luna. Ver seus olhos vermelhos fez ascender o meu desejo de vingança, de fazer aquela puta desgraçada implorar pela vida dela diante da arma apontada para sua cabeça. Seria um cena maravilhosa: o cano da arma deslizando pelas suas lágrimas de pavor, a sua boca provando o gosto da morte ao acomodar o longo cilíndro metálico... Essa imagem é tão excitante!...Como a Emily marcou a Luna, deixando o seu braço com o desenho avermelhado dos seus dedos, nada mais justo do que deixar a minha marca nela, um tiro no braço e por fim uma bala cravada no meio da testa. Eu queria sangue, a fera gritava para se embebedar do sangue dela! E eu estava a ponto de fazer isso, entretanto a Luna acalmou a fera raivosa em mim e com isso a Emily foi salva, mas não por muito tempo.

Ela não perde por esperar!

No momento eu estou no meu modo controlado, calculando todos os meus passos que me levariam até eu e a Luna de volta a minha casa. Só basta apenas entregar o cheque e assim estarei livres das responsabilidades de hoje. Não que eu tenta a obrigação, mas como uma pessoa influente, em que o mundo se espelha,  eu sei que apenas o meu simples aparecimento em um local é o suficiente para os meus "discípulos" fazerem o mesmo. E mesmo sendo uma merda ter todos olhos em mim, desejando o meu sucesso, querendo roubar a  minha glória, torno isso um benefício para mim, mostrando a minha superioridade a eles e também torno essa situação boa para causas como a de hoje, impedir que os pobres órfãos percam o seu lar, já que eles tiveram perdas suficientes para uma vida inteira.

A mercê da maldadeOnde histórias criam vida. Descubra agora