Capítulo 13

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Só foi ele retornar com a sua voz rouca para o meu corpo arrepiar. Parece que é esse o efeito dele em mim, mexer com cada parte do meu corpo. Como isso é possível não faço a mínima ideia. Porém também não sei como evitar com ele olhando para mim como se eu fosse única, especial, importante. Ele me olha de um jeito que jamais fui olhada, ele me devora com os seus olhos, mas não é só isso, é mais profundo, o que ele mostra para mim é apenas a superfície, eu sei. É muito diferente do olhar asqueroso do Padre Manuel. Eu não tenho medo, muito pelo contrário eu o quero desvendar. Eu não sinto vontade de correr, a verdade é que eu luto contra cada célula do meu corpo para não me aproximar. Eu sei é loucura, eu nem o conheço, apenas o vi três vezes contando com hoje, sendo que em uma delas ele me salvou e logo depois eu fugi. Mas como não fazer papel de boba, quando tenho a sensação que eu já o conheço e que ele me conhece?

— Precisa de algo, anjo?— ele desencosta da porta com os seus olhos escuros, andando em minha direção. Eu engulo a minha própria saliva percebendo seus passos firmes e concentrados. Eu sou o seu alvo.

— Não — digo não conseguindo desviar meus olhos da sua visão. Ele é bonito. Ele é.... sexy? Isso, sexy.

— Não me olhe assim, meu anjo — diz subindo como um leão na cama, engatinhando em minha direção.

— Assim como?— suspiro profundamente, jogando todo o ar do meu pulmão para fora. Ele me deixa nervosa, mas não de um jeito ruim. É bom!

— Com esse olhar de desejo, mas que desconhece o que quer — ele está tão perto de mim que consigo sentir o aroma amadeirado do seu perfume, o que me deixa inebriada. — Mas ao contrário de você o seu corpo sabe, baby. E no fundo você também sabe — fala a última frase sussurrando em meu ouvido, causando um desconforto entre minhas pernas e eu cruzo as mesmas. Céus! O que é isso?

— O que eu quero?— minha voz sai baixa, quase com um sussurro. Ele olha para mim com o seu rosto a poucos centímetros do meu por alguns segundos e diz:

— Em breve eu te mostrarei — com essa promessa ele se afasta de mim, saindo da cama. — Mas agora você precisa descansar. — diz fechando os olhos como se estivesse controlando algo dentro de si. Ele abre os olhos e dessa vez não vejo a escuridão neles e sim a cor dos seus olhos verdes. Eu sinto vontade de questionar o que ele irá me mostrar, mas ele não me dar a chance, pois logo me dar as costas, caminhando até a porta e a abrindo.

— Mais tarde venho te ver — diz sem olhar para trás e logo em seguida fecha a porta.

Eu estou confusa. Ele me deixa tão confusa. Confunde minha mente, meu corpo e as minhas emoções. Suas falas são enigmáticas, e o meu ser curioso quer descobrir as charadas por trás delas. Eu nunca tive contato com alguém assim antes. Na verdade, não tenho como comparar, pois quando eu vivia no orfanato, eu tinha o mínimo contato com as pessoas, com o sexo masculino mesmo era raridade. Então talvez exista muitas pessoas iguais a ele, só que eu não me abri para conhecê-las. Mas algo dentro de mim diz que não existem pessoas iguais a ele. Saio dos meus pensamentos que envolve toda a turbulência causadas por um certo homem de olhos verdes e foco em observar todos os detalhes do cômodo. Rapidamente podia ser visto o bom gosto, mas quem sou eu para falar algo, uma pessoa com zero noção de nada, rio de mim mesma. Eu sou uma bobinha mesmo. O quarto era muito espaçoso, com uma cama enorme no meio e uma mobília bem escolhida, existia até uma pequena mesa redonda com duas cadeiras que acredito ser para um desjejum mais privado. Entretanto nada disso se compara a vista que o quarto tinha, a porta de vidro pegava toda uma parede e isso proporciona a visão do imenso mar e de alguns montanhas ao longe. É uma visão magnífica, e no pôr do sol deve ser de arrancar o fôlego.

— Com licença, eu bati na porta, mas não obtive resposta — fala Antônia parada na entrada da porta.

— Por favor, entre. Me desculpe, é que essa vista me deixou hipnotizada.

— É muito bonita mesmo — sorri olhando para o local admirado por mim segundos atrás.

— É mágico!

— Eu vim aqui para lhe ajudar com o banho. Vamos? — diz chegando ao lado da cama.

— Vamos, mas agora eu fiquei curiosa. Quem me banhou durante esses dias?— sinto minhas bochechas corarem. Já havia anos que ninguém me via nua. Desde o momento em que aprendi a me lavar sozinha com uns sete anos e com isso não era mais necessário a ajuda das irmãs. E agora só de pensar na cena me acanho.

— O Senhor Mason me ajudava a levar você para a banheira... — interrompo a sua fala chocada com a sua revelação. Ele me viu nua.

— O que? Ele me viu sem roupas?— minha voz sai um pouco alta a fazendo rir.

— Não, Luna. Ele não te viu nua, você sempre estava com as suas roupas íntimas quando isso acontecia. Ele só fazia lhe pegar e colocar na banheira e eu cuidava do seu banho e de por as suas roupas.

—Meu Deus, ele me viu de calcinha e sutiã! — Digo ficando ruborizada. Como é que eu vou olhar para ele agora sabendo que ele me viu praticamente nua? Não tem como, eu queria cavar um buraco igual ao tatu e só sair dele quando estivesse bem longe do Mason.

— Não se preocupe, querida. Ele é acostumado a ver muito mais.— diz piscando para mim. E eu fico atônita. Como assim? As mulheres ficam nuas na frente do Mason? É isso que eu entendi?

— Como assim, senhora Antônia?— pergunto não entendendo o que ela quer dizer.

— Querida, de onde você veio?— pergunta com o cenho franzido.

— É... eu não quero falar sobre isso — Sua pergunta me deixa cabisbaixa. Eu não posso dizer de onde vim, se não me levaram para lá, mesmo que eu já tenha dezoito anos. Eu não assinei nada, então eles ainda tem a minha guarda.

— Tudo bem, Luna. Não precisa dizer — diz fazendo um carinho na minha mão enquanto tem um sorriso acolhedor nos lábios. — Quando quiser se abrir estarei aqui, tudo bem? — eu movimento a cabeça em sinal de positivo.

— Mas me diga, senhora Antônia. O que é esse muito mais que o senhor Mason vê?— questiono para tentar mudar de assunto e porque ainda tenho essa pergunta martelando em minha cabeça.

— É melhor você não saber, meu anjo. Mas fique longe do Senhor Mason. Ele pode te machucar — Como assim? O que ele pode fazer comigo? Por que eu tenho que ficar longe? Minha mente agora está criando mil e umas perguntas, e isso me deixa confusa. Pelo olhar do Mason não parece que ele quer me machucar. Tá bem que ele me olha de um jeito que me deixa nervosa, mas esse nervosismo é bom. Eu até que gosto e ele me salvou, mas isso não importa, eu não posso confiar nas pessoas e se a Antônia falou isso, tenho que ter mais cautela. Decido que tenho que ir embora. Assim que eles estiverem dormindo, eu fujo.

— Tudo bem, Antônia. Eu vou ficar longe do Mason— bem longe, penso.

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A mercê da maldadeOnde histórias criam vida. Descubra agora