Capítulo 28

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É noite! E na varanda do quarto coberta pelo edredom que me protege do frio da meia noite de Seattle, encaro o infinito céu com a presença da lua solitária e mesmo com a bela vista não paro de pensar no Mason. Já faz horas que ele simplesmente me deixou aqui e foi para não sei onde. Eu sabia que teria que contar toda a verdade para ele, já que o Mason não poderia mais ficar no escuro em relação a mim. Eu não estava plenamente confiante de que ele acreditaria nas minhas palavras e não colocaria a culpa em mim, mas eu passei o dia me preparando para isso, pois dizem que a verdade liberta e por um momento que seja, eu gostaria da sensação dessa liberdade ao compartilhar com alguém o pesadelo que vivi.

Mais horas se passam e olhar toda a paisagem noturna não me deixa mais calma. Será que aconteceu algo com ele? Por Deus, que ele esteja seguro... Deixo para trás o céu, a lua, a visão do mar tranquilo em constraste com o meu interior que está turbulento e me direciono para cama, onde deito cobrindo todo o meu corpo. Eu estou cansada! Olho para a mesa de cabeceira e o ponteiro maior está no dois enquanto o ponteiro menor se situa no 3. São duas e quinze da manhã e nenhum vestígio da sombra dele. Eu só espero que ele esteja bem, com esse pensamento bocejo, o que novamente acontece por seguidas vezes, sinal de que o sono está em seu pico. Aos poucos sinto os meus olhos relaxarem, mas brigo contra o sono ao abrir os olhos toda vez que sinto que estou afundado na escuridão, entretanto meus esforços se tornam em vão e por fim sou vencida pela necessidade de descanso.

...

Meu cérebro como se tivesse um super poder me alerta: Alguém está a te vigiar, então o instinto me faz lentamente abrir os olhos a procura de que ele esteja certo. Demora alguns segundos para que minha visão se adapte ao local parcialmente escuro. Mas quando foco para a poltrona ao pé da cama, o vejo.

— Eu te esperei! — digo ainda deitada, sem sair da posição.

— Agora estou aqui!... Volte a dormir — não consigo examinar o seu humor pelo tom da sua voz. Ela está tão neutra, sem nenhum sentimento.

—Você tem o costume de me ver dormir? — pergunto após o bichinho da curiosidade pousar em mim, dado que não é a primeira vez que o encontro nessa situação.

— Não, Luna — ele responde ao se levantar da poltrona e me dá as costas — Durma, anjo — E põe-se a andar em direção a porta.

— Por que eu acredito que isso não é a verdade? — eu não sei se era o sono ou a presença do Mason que me deixa ousada para questiona-ló dessa forma, talvez seja ambos. Ele não esperando a minha pergunta/acusação para os seus passos, mas não olha para mim.

— Isso é o seu sono falando, quanto mais cedo voltar a dormir, mas o seu discernimento voltará ao normal — volta a andar chegando na porta e toca a maçaneta.

— Te ver fugindo de mim já virou um hábito, é a segunda vez que você faz isso em menos de vinte quatro horas — Sento na cama, retirando o edredom que me cobria — O que há de errado, Mason? Se minha presença te incomoda, eu saio, a casa é sua — Levanto sentindo um sentimento parecido com raiva. Sem reparar mais nele e determinada a ir embora vou em direção a minha mochila que está com todas as minhas coisas. Eu estava com uma camisola branca que a Antônia deixou na minha cama, ela tem um pouquinho de transparência, mas no momento não estou ligando para isso. Eu só quero deixar uma loucura com nome de Mason para trás. Ponho a minha mochila em um dos ombros e digo: — Na verdade, eu não sei nem o que estou fazendo aqui ainda. Obrigada por tudo, mas seja lá o que era isso aqui, termina agora — Enquanto as palavras saem pela minha boca, eu não consigo olhá-lo. A vontade de chorar se faz presente e a minha razão e emoção estão em guerra.

Vá embora enquanto podes X Não vá, fique ao lado dele.

Já com tudo que tenho nas minhas mãos, me permito ter a visão dele antes de ir até a porta, onde ele está parado na mesma posição. Ele não se virou em nenhum momento para checar o que estava acontecendo, dessa maneira não consigo ver as suas reações, apenas percebo uma das suas mãos fechadas em punho, a sua respiração acelerada, e a sua outra mão mais abaixo da maçaneta... Ainda na inércia, com algum lugar do meu ser esperando que ele fale algo, me decepciono ao ter o seu silêncio como resposta.

Ele não se importa!

Dou dois passos e seu corpo entra em movimento, ficando parcialmente de frente para mim. Ainda assim com a escuridão escondendo metade do seu corpo não consigo ver o seu rosto.

— O que você acha que está fazendo, Luna? — sua voz sai grossa, ao ponto de ter a rouquidão presente nela. Ele está com raiva?

— Fazendo o mesmo que você! Me afastando de você! — ouço o trinco da porta! Ele a fechou! — Abra a porta, Mason!

— A sua chance de fugir de mim já passou. Eu te alertei sobre isso e você não me ouviu! — Ele vira totalmente o seu corpo para mim e dá alguns passos para frente, vindo em minha direção, quando ele chega em um lugar sem sombra consigo ver o seu rosto. Seu rosto está duro, como se estivesse contraindo toda musculatura da face. Seu olhar parece duas brasas ao deslizar por todo o meu corpo, e então mesmo eu sabendo do contrário, me sinto nua.

— Mason, não se aproxime! — Digo dando um passo para trás.

— Quem está me afastando agora, baby? — diz dando um sorriso de lado, mostrando a sua covinha.

— Eu quero ir embora! — Mais um passo para trás.

— Isso está fora de cogitação! — enquanto ele dar passos em minha direção, foco na sua mão direita abrindo os botões do seu paletó. Ao terminar ele tira a peça de roupa deixando cair ao chão — Seu lugar agora é aqui, comigo!

— Pare, Mason, se não eu vou gritar! — o ameaço, mesmo não sentido nenhum medo. Ele para e olha para mim, arqueando a sua sobrancelha esquerda.

— Tudo bem, vá. Te darei mais uma oportunidade, te darei 10 segundos para sair desse quarto, se você conseguir, não irei atrás de você.

— Sério? — minha voz sai um pouco decepcionada. Eu só posso estar louca. Como assim eu estou decepcionada se é o que eu quero?

— 1!— começa a contar.

— 2!– e eu ainda estou parada.

— 3!... Você vai perder a sua chance! — ele diz.

— 4!... Vá — Começo a caminhar, não, a correr em direção a porta e quando tento abrir esqueço que está fechada.

— Está trancada, Mason. Cadê a Chave? — ele olha para mim e ri.

— 5!... Ops... Esqueci desse detalhe, está comigo... Venha pegar — fico receosa, mas vou até ele.

— 6!... Seja mais rápida, Luna! — Chego até ele e olho em seus olhos, os vendo brilhar. Ele está gostando do maldito joguinho. E o meu corpo compartilha da sensação com ele.

— Onde está?

— No bolso da frente da minha calça... Pegue! — Mesmo em constrangimento ponho a mão no primeiro bolso e nada —7!... O seu tempo está terminando, anjo! — Vou até o outro bolso e encontro. Olho para ele e sorrio e ele faz o mesmo.

— 8! — Corro até a porta.

— 9! — ponho a chave na fechadura e giro a destrancando.

— 10! — abro a porta, mas ela volta a ser fechada.

— Minha doce e inocente, Luna. Você acreditou mesmo que sairia daqui tão fácil assim?... Tão inocente — ele gira o meu corpo e me beija, deixando todo o meu corpo em combustão.

A mercê da maldadeOnde histórias criam vida. Descubra agora