Capítulo 17

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Nervosa. É dessa forma que me encontro no quarto, me olhando em frente ao grande espelho. Minhas mãos estão suadas e o inspirar mais profundo do que o normal. Eu via a minha imagem refletida e não estava me reconhecendo, tudo estava sendo demais para mim. O vestido é demais para mim, é demais para uma pessoa que passou toda uma vida no orfanato e que não conhece outra vida se não essa que viveu. Diferente das minhas roupas longas e folgadas, o vestido que o Mason me intimou a usar é justo demais e expõe bastante do meu corpo que venho a anos tentando esconder. O modelo é extremamente lindo, no entanto não é para mim, eu sinto que ele merece uma modelo melhor, que saiba se portar usando ele, que tenhas curvas para destacá-lo. O vestido tem uma grande fenda nas pernas que se inicia no começo das minhas coxas. Em qualquer outra mulher tenho certeza que ficaria deslumbrante, mas em mim não. Eu sou esquisita, meus próprios colegas do colégio deixavam isso bem claro, e um vestido não muda isso, eu ainda continuo sendo a nerd esquisita, só que vestindo um belíssimo vestido azul.

Olho desde as alças finas que se prendem em meus ombros, deixando minha pele quase pálida a vista de tudo e todos. Deslizo o meu olhar parando no decote que de toda parte do vestido é o mais comportado, deixando brechas para imaginação. Logo após olho a minha cintura marcada, sendo abraçada pelo tecido, e em seguida vejo o final da fenda nos meus pés, dando a visão da sandália de salto alto prata, com algumas pedrinhas na tira rente aos dedos. Mais uma vez concluo: Tudo isso é demais. A maquiagem mesmo que simples e o penteado que a Antônia fez, demandada pelo Mason, em mim só confirmavam ainda mais a minha sensação. Meu cabelo está solto, no entanto não totalmente, está divido ao meio, com uma pequena trança bem feita em cada lado, que se abraçam no meio da cabeça, e para completar dois fios emolduraram a frente do meu rosto, devo confessar, que nunca vi o meu cabelo tão lindo. Antes das situações passadas ele era o que eu mais gostava em mim.

Esquisita, ridícula e insegura. É isso quem sou nesse momento, é a pessoa que eu vejo no espelho. Uma boba por ainda está usando tais vestes. Assim que o Mason olhar para mim, ele vai ri de mim, ver o quão inferior em beleza eu sou dele. Eu serei uma vergonha para ele! Ele não pode aparecer com uma esquisita ao seu lado. Cansada de ver o papel de palhaça que estou fazendo em considerar o convite dele, sento na cama com uma decisão tomada: Eu não sairei desse quarto hoje. Seja lá o plano do Mason para essa noite, ele não me envolve. A Antônia falou que ele já viu muito mais que mulheres de peças íntimas. E não me passou batido o plural nessa frase, então acredito que essas mulheres sejam mais dignas de estar ao lado dele. Com certeza são mais bonitas que eu e não seriam uma vergonha para ele. Olho para o relógio e o ponteiro maior toca no número doze enquanto o menor está posicionado no sete e nesse exato momento, nem um segundo a mais ou a menos a porta se abre e me sobressalto, ficando em pé com a visão pecaminosa a minha frente.

Meu coração erra uma batida! Uma não, mas a maioria durante o bombeamento do meu sangue, onde grande parte se direcionou para as minhas bochechas. Quente! O calor se fez presente mesmo com o ar condicionado ligado em dezesseis graus e não teria como ser diferente, não com a forma que ele me olha. Não quando o seu olhar reflete a luxúria, a impureza, o desejo. Mason podia não dizer nada, mas as vezes nem era preciso, pois o seu olhar me dizia tudo. Mesmo sendo uma jovem inocente, eu sabia: Mason me queria! O que era uma ironia do destino, porque dentre tantas mulheres, muito mais bonita que eu, sou eu que tenho o olhar dele, a sua atenção, o seu desejo.

Prendo o ar com a minha constatação. Além disso constato: Ele é demais pra mim!

—  Ah inocente Luna, o que eu faço com você? O que eu faço com tamanha beleza a minha frente? Como me controlar, quando você é o meu descontrole? Como não te tornar minha se o seu corpo já demonstra ser meu? — diz cada frase caminhando em passos lentos até mim.

A mercê da maldadeOnde histórias criam vida. Descubra agora