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Fui acordado com um tapa no rosto, e ao abrir os olhos, me deparei com a última pessoa que pensei que voltaria a ver: Berg.

Me deixando pior, ele me deu um soco forte no estômago. A dor era tão aguda que eu caí de joelhos no chão e minha visão ficou turva. Foi puxado para cima pelos cabelos, e, ainda desnorteado, senti algo quente no meu rosto. Foram três bofetadas com toda sua força.

Ele me obrigou a tomar um antidepressivo antes de sairmos, queria me amolecer mas não completamente. Ele queria que eu sentisse a dor do momento.

Caminhei em sua frente pela saída de emergência do prédio.

Havia uma luz alaranjada no teto, as paredes num branco encardido estavam riscadas. Descendo três lances de escadas a toda velocidade. Estava tonto, sentia dores na cabeça e no estômago. Não conseguia ser tão ágil quanto Berg queria, não conseguia dar três passos sem tropeçar nos meus próprios pés. Foram cinco quedas antes de chegarmos a garagem subterrânea do prédio, onde paramos em frente a um opala preto e meu coração parou de vez ao ver Taehyung desacordado no banco de trás.

— O que fez com ele? – questionei assustado e ele me empurrou para dentro do carro.

— Relaxa, seu namoradinho não está morto, só desacordado. – pronunciou com uma risada medonha e deu a volta no carro.

— Por que está fazendo isso com a gente? – quis saber, eu merecia saber, embora tivesse minhas suspeitas.

— Achou mesmo que eu ia apanhar por sua culpa e iria ficar por isso mesmo?

É, eu achei e esse foi o meu maior erro.

Berg tomou a direção do carro velho com cheiro forte de mofo enquanto Taehyung e eu ficamos no banco de trás, seguindo para algum lugar de Daegu que só ele sabia. E quando o carro parou em frente a um galpão abandonado, não me restou dúvidas de que ele ia se livrar de nós dois.

Minha mente estava no modo stand-by naquele momento.

Tinha certeza que ele nos mataria e o motivo era tão estúpido.

Aquela altura já não sentia mais nada: nem dor, nem medo. Só queria que tudo acabasse logo, então eu iria para um lugar bonito, tudo ficaria bem. Entretanto, no fundo eu queria que algo acontecesse: queria que Taehyung e eu fôssemos salvos, desejava com todas as minhas forças que alguém estivesse procurando por nós e chegasse a qualquer momento.

Taehyung foi arrastado por Berg até o galpão abandonado e eu consegui caminhar sozinho. Assim que entramos, me deparei com Kiara e me senti um idiota por não pensar que tinha dentro daquela cobra.

— Sentiu saudades, Yoongi?

Só de ouvir sua voz meu corpo todo congelou.

— Nunca vai superar que ele não ama você, não é?

Sabia que era burrice, mas ainda sim, eu a provoquei.

— Ele me largou por você, então se você não existir mais ele vai voltar para mim. – murmurou como uma lunática, se aproximando de mim sorrateiramente.

— Ele não te ama, Kiara. Não vai ser me matando que vai ter ele de volta. – e seguir cutucando a cobra.

— Cala essa boca, viado dos infernos! – ela me deu um tapa tão forte que com toda certeza deixou a marca dos cinco dedos no meu rosto. — Ele me amava até você chegar... – caminhou até onde Taehyung estava desmaiado, acariciando o rosto dele. — Aí ele me largou por você. – caminhou até onde eu estava e puxou meu cabelo com toda força para trás. — Então eu vou te matar e tudo voltar ao normal. – brincou com o gatilho do revólver que segurava, rindo para mim.

— Kiara, você falou que era só um susto. Não vou participar de assassinato não. – disse Berg, aparentemente assustado e seguiu em direção à porta do galpão.

— Como você é medroso, Berg. – zombou, fazendo uma carranca para o homem que caminhava com pressa. — Agora somos só nós três. – apertou meu queixo com as pontas dos dedos da mão esquerda. – Toma, bebe. – me entregou um pequeno frasco de vidro com um líquido azul.

— O que é isso? – perguntei assustado.

— Veneno. Quero ver você morrer lentamente, Min Yoongi. – falou com toda a naturalidade do mundo, sorrindo ao me ver segurar o veneno. — Em uma hora você estará morto.

×××

Agora é só amanhã, bye <3

O Caipira ★ TAEGIOnde histórias criam vida. Descubra agora