Ela vai dormir aqui?

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Juliette Freire

Abrir os olhos nunca foi tão angustiante, eu não tinha ideia do quê tinha acontecido. 

De pronto o foco de minha vista era ela minha chefe, Sarah Andrade tão próxima a mim. 

Estava tonta e confusa, demorou um tempo até que me achasse na situação. 

Tentei me comunicar, mas ela me interrompeu em todas as vezes. Percebo que ela começou a conversar com a Sra. Queiroz e parei para prestar atenção e de repente soube que eu era o assunto. 

As sensações e o controle de meu corpo voltam aos poucos, estava em seu colo. Como poderia estar no colo da minha chefe? 

Então a Sra. Queiroz pareceu perguntar se eu tinha febre, e do nada recebi um beijo em minha testa, ela me encarava e eu não entendia. 

Meu coração já não batia na ordem, segundo a outro pulando batidas ou trabalhando o dobro. 

Então senti a bebê, ela estava tão agitada quanto a mãe e não pude conter o gemido. 

— Humm.  

Como de costume levei a mão ao ventre, podia sentir a bebê e também foi onde me dei conta de quê estava exposta. 

Fora de qualquer atitude que esperava vir dela, sua mão se pôs sobre meu ventre. Não tinha ideia de qual sua intenção e agarrei sua mão instintivamente. 

— Está tudo bem.  

Ouvi-la dizer aquilo não se encaixava nas cenas que meus pesadelos mostravam. 

Quando ela começou a acariciar meu ventre, todo os meus nervos entraram em choque. A única coisa da qual tinha certeza era de quê o bebê se acalmava com seu carinho. 

Eu a encarava boquiaberta, queria dizer algo mas as palavras não saíam. 

E então como se já não faltasse oxigênio o suficiente, Sarah Andrade tomou minha boca completamente. 

Eu não tenho certeza de quando saímos da cozinha, mas tomei consciência já no quarto, ao lado de minha cama ela falava ao telefone. 

— Não voltaremos amanhã, cancele minha agenda e não ligue se não for de extrema importância. — Foi a única parte da conversa em quê prestei atenção. 

Mas se ela estava dizendo aquilo, significava que passaríamos a noite ali. 

— Senhora, quero ir pra casa. — Disse tentando me sentar na cama. 

Era difícil, minha cabeça parecia pesada demais. 

Ela me olhou, ajudou-me com os travesseiros para me sentar e não seguiu com nenhuma conversa, nem uma resposta. 

— Senhora? 

— Quieta Juliette, foi um dia cheio, se quiser assista um vídeo, leia um livro e depois vá dormir. — Suas palavras pareciam secas demais, apesar de ela ainda usar meu primeiro nome. 

— Entendi. — Disse apanhando meu celular acima do criado mudo. 

Para um lugar remoto com aquele, a internet até que pegava bem e ao desbloquear o smartphone com minha digital, inúmeras mensagens brotaram no grupo. 

Para meu azar, muitas delas eram áudios e não havia trago nenhum fone. 

— Senhora, teria fones de ouvido para me emprestar? — Perguntei a ela que andava de um lado a outro também no celular. 

Ela parou seu percurso de formiga e voltou sua atenção a mim, logo em seguida tirou do bolso lateral da mala uma caixinha com fones que pareciam ser via bluetooth. 

— Pode usar estes. — Ela os entregou em minha mão. Logo se sentou ao meu lado na beira da cama e de frente para mim. — Se usar " senhora" mais uma vez, não garanto nenhuma gentileza a mais. Estamos entendidas? 

— Claro. — Disse em um susto. 

— Aquela senhora pode parecer boazinha, mas ela presta atenção a cada passo nosso, se continuar dificultando tudo pra mim, dificultarei para você também. — E lá estava minha verdadeira chefe.  

A mulher quê não facilita nada pra mim e que ainda exige os cem por cento diários. 

Tendo entendido a mensagem, foquei nas mensagens do grupo e comecei a ouvi-las. As meninas estavam preocupadas com meu sumiço no trabalho. 

— Não se preocupem, estou bem. Estou fora da cidade, mas chegaremos amanhã. — Disse enviando o áudio. 

Elas dispararam com as mensagens e então tive de mandar outro áudio. 

— Sim, eu e esta menininha sapeca estamos bem. — Disse acariciando meu ventre e em seguida enviando o último áudio. 

Deixei o celular de volta no criado mudo e então percebi quê minha chefe me olhava. 

O quê foi?  

— Uma menina? — A pergunta me deixou surpresa. 

— Sim. — Respondi me encolhendo na cama.  

O dia tinha acabado com pessoas sabendo demais de mim e eu cada vez mais perdida. 

— Não vai ligar para seu marido ou o pai da bebê? — Ela disse colocando as mãos nos bolsos da calça, como se a pergunta não fosse intrometida. 

— Ele sabe que estamos bem. — Respondi me ajeitando para dormir. 

Apaguei a luz do abajur e esperei que ela saísse do quarto, mas nada disso aconteceu. 

Ela vai dormir aqui?

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E agora ein??até logo
Att. Lua❤️

Escondendo a gravidez da minha chefe - Sariette Onde histórias criam vida. Descubra agora