27 - Meu primeiro amor, perdoe-me por te magoar

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#clicheseemojis 💛

21/10/2021 📖

Eu tremia, mesmo que apertasse a palma das mãos uma contra a outra tentando aliviar o medo, ainda podia ser visto em meu rosto a ansiedade. Ela sabia que algo estava errado, apenas não sabia o que era e eu precisava contar...

— Jeon... — ela chamou, seu rosto estava sério, porém seus olhos tremiam.

— Hákila, tem realmente uma coisa... — olhei para ela, aflito antes de erguer o corpo para ficar de pé.

Eu abri a porta de casa, trêmulo e com o coração disparado e assim que entrei minha mãe estava ali, sentada na sala com uma amiga que sabia que ela havia conhecido na faculdade, Jany, uma garota de fios vermelhos, olhos puxados e pele tão branca que as vezes poderia se camuflar na parede da nossa cozinha.

— Filho, querida... Vocês chegaram... — ela veio até nós sorrindo, mas seu semblante fechou quando nos viu — Vocês precisam conversar, podem subir! — ela sabia bem reconhecer sentimentos e não precisou de muito para entender nossa situação.

Hákila sorriu fino e curvou-se para minha progenitora mantendo sua imagem tão genuína, porém quando a mais velha sorriu de volta e voltou para onde estava, ela soltou um pouco de ar, como se disfarçar estar bem não fosse fácil naquela hora.

Subimos as escadas e quando passei pela porta do quarto pedi que Hákila ficasse na cama, apenas para que eu guardasse algumas coisas bagunçadas em cima da escrivaninha, inclusive o caderno de desenho que ela havia me dado.

— Antes de tudo, eu realmente gosto de você, gosto muito Hákila e nunca foi meu objetivo te enganar ou...

— Jung Kook, apenas me conte a verdade... — pediu com calma, mesmo que seu nervosismo fosse tanto quanto o meu.

E devagar, tentando equilibrar o tremor de minha mão, abaixei ao lado da cama e puxei dali debaixo uma caixa com coisas que não precisava mais.

Coloquei a caixa entre nós dois, sentado na beirada da cama e mesmo com um tremor, puxei a tampa e de lá retirei o diário. Eu não sabia descrever qual fora a reação de Hákila nos primeiros segundos, mas não foram 10 segundos e ouvi o suspiro.

Eu queria encará-la, olhar em seus olhos e dizer o quanto gostava dela, mas eu tinha medo e vergonha. Não havia som algum no quarto, pelo menos nos primeiros minutos até ouvi-la fungar.

— Hákila...

— Então, aquelas coisas que fez por mim... Foram por causa do diário? — ela alisou a capa do caderno com a ponta de dedo.

— Não... Nunca... — Parei, pensando em todo o início, queria dizer que nunca havia sido por ele, mas eu estaria mentindo, fui atrás da garota por causa do diário e resolvi cumprir os clichês por causa dela...

— Nunca? — fechei os olhos, pensando na melhor resposta.

— No início, quando vi você rasgando o diário no corredor, eu fiquei curioso, queria entender o motivo do seu ódio e peguei cada folha e juntei... — naquele momento eu já batucava as pernas — Eu não pretendia me apaixonar por você, na verdade eu só queria cumprir seus clichês como um amigo, mas tudo aconteceu de um jeito que eu não esperava...

— Então, nada daquilo era real? Você planejou tudo, era... — Seus olhos estavam vermelhos e trêmulos, e eu quis chorar, chorar porque eu estava tão apaixonado por ela, mas não sabia o que dizer para que ela acreditasse.

Eu estava ali, vendo a decepção estampada nos seus olhos, as mãos apertando o diário e os lábios prensados um no outro...

— Não, eu posso ter pensando e agido errado, mas tudo que fiz foi porque já gostava de você... Hákila, você é meu primeiro amor, eu demorei a dizer tudo que sentia, porque eu não fazia ideia do que eram todas aquelas emoções, na piscina, no corredor, na quadra...

— Mas você...

— Eu sei, fui errado em esconder todas essas coisas de você, não deveria ter invadido sua privacidade, mas eu... Quando percebi, nem estava mais seguindo o que ele dizia, na verdade, quase não usei nada, sempre que planejava algo eu fazia diferente, meu coração fazia do jeito que ele queria...

Suspirei, sentindo uma lágrima escorrer por minha bochecha e meus lábios tremiam por medo...

— Eu confio em você Jeon — disse ela, quase em um sussurro — Não chora... E-eu só preciso pensar um pouco.

— Hákila...

— Cada momento que tivemos marcou tanto o meu coração, eu senti tanto quando estava com você que pensar que tudo aquilo foi um planejamento, faz meu peito pesar de uma forma que mal me passa o ar... Porém, antes de tomar uma decisão eu quero pensar, eu não quero que acabe antes que eu respire e coloque a cabeça no lugar.

— Por favor, acredite em mim... — segurei suas mãos — Estou sendo sincero quando digo que tudo foi real, até mesmo aquele tombo, o que disse para você na enfermaria e o pedido do seu número...

— Não precisa dizer... — Só preciso de um tempo! — ela sorriu forçado — Eu vou te ligar, não hoje, mas amanhã, e vou te dar uma resposta.

Ela se levantou, pegando a mochila e o diário o enfiando dentro da mochila e sem olhar para mim ela saiu do quarto, descendo as escadas e com uma breve curvatura para meus pais ela saiu de minha casa. Pela janela do quarto eu pude vê-la subir a rua e desaparecer quando virou a esquina.

Estava magoado comigo mesmo, e sem qualquer forças para sequer sair do quarto para tomar alguma atitude. Eu pensava que o medo causava aflição e angústia, mas agora eu chegava a conclusão de que ele doía também, doía porque eu tinha medo de perdê-la e medo de que ela estivesse magoada demais...

Com o peito apertado, eu me encolhi perto da cama e sem notar a princípio, lágrimas quentes desceram por minhas bochechas e soluços escaparam de minha garganta. Meu corpo tremia, eu estava trêmulo demais...

— Filho, meu amor... — a cena de minha mãe passando pelo quarto e abaixando-se ao meu lado parecia vir em câmera lenta. Ela dizia a palavra "filho" com tanta calma e paciência que eu ficava tranquilo em saber que podia chorar, que podia descarregar o peso da culpa.

Me achem dramático, mas só agora eu tinha noção do que havia feito... Tentei ajudar tanto a garota a viver os seus cliches, mas no fim quebrei suas expectativas da pior maneira possível...

— Mãe e se eu a tiver perdido? E se eu tiver machucado seu coração... E-ela é tão boa... — apertei meus braços ao redor de seu corpo.

— Dê um tempinho para ela, filho... Ela só precisa pensar, no fim tudo vai ficar bem.

— Me desculpa mãe... Eu errei, a senhora me... — passou as mãos por meus cabelos, apertando nossos corpos e quando percebi minha pequena irmã também estava ali, me abraçando com seus bracinhos pequenos e um biquinho nos lábios.

— Ela vai te perdoar, grande Ggukie!

— Eu espero que sim, pequena Heun...

[...]

ERA SÓ UM CLICHÊ QUE ME FALTAVA • JUNG KOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora